Por ordem régia de 13 de fevereiro de 1699, a Coroa
Portuguesa determinava a criação de uma
vila no Ceará – a de São José de Ribamar – cuja localização foi motivo de muita
controvérsia.
A cruz assinala o local onde em 1604 foi erguido o Forte de Santiago na Barra do Ceará. O forte construído por Simão Nunes, ficou em atividade até 1607, quando foi abandonado.
Ocorreu que o documento régio de 1699 dava margem a dúvidas sobre o local exato em que deveria ser instalado o pelourinho, (uma coluna de madeira, ferro ou tijolo que representava a autonomia municipal), o que rendeu muita polêmica, muitas idas e vindas, muita discussão entre as autoridades Fortaleza e Aquiraz, que só tiveram fim quando, em 1711, o próprio rei de Portugal através de uma Ordem Régia determinou a instalação do pelourinho em Aquiraz.
A 27 de junho de 1713, agora sob fortes protestos dos moradores da fortaleza, a vila foi definitivamente instalada em Aquiraz. Por esta razão muitos consideram Aquiraz a primeira capital do Ceará.
A decisão de instalar a vila em Aquiraz não foi das mais acertadas. Em agosto daquele ano, os índios atacaram o lugar, ocasionando muita destruição e morte – cerca de 200 pessoas perderam a vida – o que levou muitos habitantes a buscarem proteção dos ataques no forte de Nossa Senhora de Assunção. Dos ataques dos índios Paiacus e Anassés, só escapou quem fugiu para Fortaleza. A ofensiva levou os próprios integrantes da Câmara, os chamados camareiros, a mudarem de ideia. Passaram então a defender que a sede da Vila do Ceará deveria ficar em Fortaleza.
Informado sobre a situação, o Rei de Portugal, D. Manuel, em vez de simplesmente transferir a sede da vila, mandou criar outra. Assim, em 9 de maio de 1725, foi criada a segunda vila da Capitania do Siará Grande, instalada a 13 de abril de 1726, com o nome de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, pelo capitão-mor Manuel Francês. A motivação para a instalação desta segunda vila foi o de incentivar o desenvolvimento da capitania.
Primeira
planta da Villa Nova da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção da Capitania do
Siará Grande, atribuída ao Capitão-Mor Manuel Francês - 1726
Mesmo depois da criação da vila de Fortaleza,
conservou-se o pelourinho de Aquiraz, ficando cada câmara com seu espaço de
poder. Fortaleza passou a ser a sede da Capitania com status de capital e
Aquiraz, sede da Ouvidoria da Vila, como autoridade máxima da justiça.
Os Limites entre as duas vilas cearenses, São José de Ribamar do Aquiraz e Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção eram estabelecidos pelo riacho Precabura: o que ficava a leste do riacho até Aracati ou Mossoró, era Aquiraz; o que ficava a Oeste até a Ibiapaba, era Fortaleza.É dessa época, mais ou menos, a primeira planta da capital cearense, descoberta pelo historiador Padre Serafim leite e publicada no 3° volume de sua História da Companhia de Jesus no Brasil.
Um dos muitos locais de embarque de Fortaleza
Mesmo assim, a Vila de Fortaleza, longe dos sertões,
da pecuária, continuaria sendo por mais de um século, um mero aglomerado sem
sustentação econômica ou expressividade política, permanecendo assim até as
primeiras décadas do século XVIII.A chegada do primeiro governador só aconteceria em
1799. Onze anos depois, segundo os registros da época, o aglomerado tinha cerca
de dois mil habitantes.
Prospecto
da Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção ou Porto do Siará, atribuído
a Francisco Antônio Marques Giraldi - 1811
A lenta projeção política da vila só começou com a
emancipação do Brasil de Portugal, em 1822. Durante o período monárquico, que
vai até 1889 (ano da Proclamação da República), o Brasil vive uma fase de
concentração política. É dessa época a criação das províncias do Império
brasileiro, entre elas, a do Ceará.
Fortaleza acaba se beneficiando com o fato. Por
ordem de D. Pedro I, a vila é elevada à categoria de cidade, no dia 17 de março
de 1823. Passou a se chamar Fortaleza de Nova Bragança, depois voltando à
denominação anterior.
Praia Formosa em 1892, nesta que é considerada a foto mais antiga de Fortaleza
A situação de estagnação de Fortaleza só começou a ser superada em 1866, quando a cidade passou a ser o principal centro coletor de algodão, couro, açúcar e café do Estado. Nessa época o algodão produzido no interior atingia os maiores preços no mercado internacional, por causa da suspensão do fornecimento do produto dos Estados Unidos – mergulhado na Guerra de Secessão – para a Inglaterra.
livros consultados:
História
Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada, de Mozart Soriano
Albuquerque
História
do Ceará, de Airton de Farias
Revista
Fortaleza, fascículo 4
Inscrição Mural - Breves Memórias dos Fortes do Ceará, de Virgílio Maia
fotos do Arquivo Nirez
Inscrição Mural - Breves Memórias dos Fortes do Ceará, de Virgílio Maia
fotos do Arquivo Nirez
2 comentários:
Parabéns,Fátima... bem vinda de volta...sejas feliz na tua mutável capital de sempre! Humberto de Campos, quando aqui aportou pela segunda vez após uma década de ausente já atestava no famoso volume primeiro de suas MEMÓRIAS, que a Nossa Capital perdera algo que ele julgava não mais presente pela fisionomia do Centro... ali asseverou que ele não mais era "pitoresco"! O ano seria 1925, cem anos depois que esse mesmo Centro passara ao Foro de Cidade !
Olá Fátima ! Parabéns pelo seu trabalho.
Quero pedir a correção de um pequeno equívoco na postagem
"A Instalação da Vila de Fortaleza" publicada em 05/04/2015.
Na verdade a Ordem Régia criando a Vila de Fortaleza foi assinada pelo Rei Dom João V, que reinou em Portugal de 1706 a 1750; e não Dom Manuel, como consta.
Caso já tenha corrigido, peço desconsiderar.
Abraço
Obrigado
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