sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Praça do Carmo

Até as últimas décadas do século XIX, a hoje chamada Praça do Carmo era um grande areal nos arrabaldes de Fortaleza. Havia uma lagoa no quarteirão em frente, onde hoje funcionam o Banco do Brasil e um estacionamento. A lagoa era alimentada por um córrego que vinha das bandas da Praça do Ferreira. 

No dia 21 de janeiro de 1921 foi colocada uma imagem de N. S. da Paz no adro da igreja, por uma associação de devotos da santa. Em 1966 a imagem foi deslocada para a posição atual, devido ao alargamento da Avenida Duque de Caxias. (foto do Arquivo Nirez)

A praça foi chamada inicialmente de Nossa Senhora do Livramento, devido a capela construída no local pela irmandade existente na Igreja do Patrocínio.  A partir de 1915, a praça mudou de nome quando a padroeira deixou de ser N. S. do Livramento e passou a ser N. S. do Carmo.  Em 1922 a Praça recebeu o nome de Gonçalves Ledo, voltando mais tarde, em 1932, ao antigo nome. Em 1929 a praça foi totalmente reformada:  recebeu um piso novo, um jardim – denominado Demosthenes de Carvalho – bancos  e iluminação, tornando-se um dos logradouros mais importantes do centro. 

A origem da atual Igreja N. S. do Carmo remonta ao ano de 1850, quando foi construída a Capela de N. S. do Livramento, ampliada e restaurada pelo mestre Rosa em 1870. O templo atual foi projetado por Adolfo Herbster, mandado construir pela confraria de N. S. do Carmo, criada pelo Monsenhor João Dantas, da Igreja do Patrocínio, e inaugurado no dia 25 de março de 1906.

A região onde estava erguida a igreja era considerada tranquila e popular. “Nos bons tempos (década de 40) era propícia para encontros sentimentais”, escreveu o professor e advogado já falecido, Francisco Edmilson Pinheiro, em seu livro “A Praça do Carmo Minha Amiga”. De acordo com o escritor, o aspecto era convidativo: um local arborizado que contava com fileiras dos fícus de benjamim verdejantes e dos oitis frondosos; um bem cuidado jardim de rosas multicores dava um toque agradável ao lugar. 

 as paredes da Igreja do Carmo são cobertas de placas de agradecimentos dos fiéis

Já na década de 40, com a presença do padre Aureliano Mota na paróquia, a praça atingiu o ápice do seu prestígio. Do púlpito da igreja, o vigário, um grande orador sacro, atraía a população da Cidade. Como o trânsito era pequeno, os noivos da sociedade fortalezense escolhiam a paróquia do Carmo para se casarem. Para eles, o importante era que a cerimônia fosse presidida pelo padre Aureliano.

 Na década de 60 a praça do Carmo serviu como ponto de ônibus elétricos das linhas Parangaba e Antônio Bezerra (foto do arquivo Nirez)

Daquela época até a década de 70, a região foi puramente residencial. Moravam lá as famílias tradicionais da Capital: Pontes Pinheiro, Pontes Vidal e Oliveira, entre muitas outras ilustres. Outra tradição do lugar eram os lustradores de sapatos, famosos pelas confusões em que se metiam. 
Depois da época dourada, a história mudou. Apesar de a região continuar sendo a mesma, o perfil da Praça do Carmo mudou.  Tornou-se um centro comercial, com tendência para se consolidar no ramo de produtos naturais. Na frente da praça fica a Avenida Duque de Caxias (conhecida antigamente como Boulevard do Livramento); pelas laterais as Ruas Major Facundo e Barão do Rio Branco; por trás, a Rua Clarindo de Queiroz.  Em volta da igreja, várias bancas de revistas;  no entorno da praça, estacionamentos de táxis, de motos e de veículos particulares.
Instituto Histórico Geográfico e Antropológico do Ceará - Fundado em 14 de março de 1887, para concorrer com o desenvolvimento das letras e ciências e divulgar a História, Geografia e a Cultura do Ceará.  No decorrer de sua existência, seus membros produziram vários trabalhos, publicados em suas revistas e livros.  Funciona num prédio construído entre 1919 e 1920 para residência do comerciante Jeremias Arruda, projeto do arquiteto e engenheiro João Saboia Barbosa. 

Ainda faz parte desse polo comercial e religioso, o Banco do Brasil instalado há quase 40 anos na Rua Barão do Rio Branco, 1515. Estacionamentos, restaurantes self services, frigoríficos, laboratório, a farmácia dos Merceeiros, na esquina da Rua Clarindo de Queiroz com Major Facundo; o famoso Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, que situa-se na Rua Barão do Rio Branco, 1594, desde o ano de 1967, no local onde antes, funcionou o antigo Ginásio Municipal; próximo também está O Colégio Ary de Sá, onde antes esteve a primeira sede do Colégio Farias Brito, localizado à Avenida Duque de Caxias com Major Facundo.
A Praça do Carmo ainda tem um comércio considerado saudável. Muitos comerciantes instalados na região são antigos. Um exemplo são os proprietários da Banca "O Sobral", trabalhando há mais de 30 anos na região. O ponto comercial é famoso por vender todo tipo de apostila para concursos e vestibulares e manter um ambiente climatizado.

fontes:
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
Jornal Diário do Nordeste

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