domingo, 11 de agosto de 2013

O Parque do Cocó e a Sustentabilidade Esquecida


O termo – Desenvolvimento Sustentável  – surgiu em 1987, quando a Comissão Mundial sobre meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 por iniciativa da ONU para avaliar os avanços dos processos de degradação do meio ambiente e as políticas ambientais vigentes. A decisão de criar a Comissão tinha o objetivo de promover audiências em todo mundo e produzir um resultado formal das discussões. Somente quatro anos depois, a comissão publicou suas conclusões num documento intitulado “Nosso Futuro Comum” também conhecido como Relatório Brundtland.


O Relatório Brundtland apontou para a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes; reconheceu as disparidades entre as Nações e a forma como se agravaram com a questão da dívida dos países pobres;  profetizou problemas ambientais,  como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, que eram conceitos novos para a época; expressou preocupação em relação a velocidade das mudanças estar excedendo a capacidade das disciplinas científicas e das habilidades humanas de avaliar e propor soluções.
Também apresentava uma lista de ações a serem tomadas pelos Estados e definia metas a serem realizadas no nível internacional, tendo como agentes as diversas instituições multilaterais. 


A partir dessa constatação, os termos Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade – termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações.  Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro – virou modismo nos discursos políticos. Dá um ar de modernidade aos velhos discursos, manjadas promessas, repetidas a exaustão, nunca cumpridas. 


Mas os nobres gestores de Fortaleza, capital dessa Capitania do Siará Grande,  se depararam com um obstáculo adicional na hora de mandar passar o trator dentro de umas das poucas áreas protegidas da cidade: a opinião  pública. Ainda que muitos não tenham conhecimento desses termos técnicos que regem as matérias ambientais, mesmo os mais distraídos já perceberam que os tempos atuais não comportam mais destruição de áreas verdes ou de espaços naturais dentro de Fortaleza, sem graves consequências para a cidade - primeiro tentaram invadir as dunas, agora invadiram o Parque do Cocó - que é chegada a hora de se buscar soluções alternativas, que permitam que a cidade cresça, sem destruir o que resta de áreas naturais. Pois então senhor prefeito, é chegada a hora de promessas deixarem de serem só promessas e virar atos e ações... sustentáveis!


A forma de tentar solucionar o impasse foi verdadeiramente medieval:  mandaram desalojar os manifestantes, acampados na área do parque,  à custa de muita pancadaria, muito gás de pimenta e muita polícia despreparada e mal paga. Não deu certo. Não dará certo nunca mais. Os tempos são outros, os argumentos, os meios de negociação também são outros. O Parque do Cocó precisa ter sua área delimitada, identificada, para que todas saibam tratar-se de área de preservação,  com legislação e uso específicos; para que nunca mais venha a ser usada  a bel prazer de nenhum governante, de nenhum agente, seja público ou privado. Entenda, o prefeito, que esse é um momento histórico,  daqueles momentos em que novos paradigmas são assimilados e mudam toda a história. Agora todos sabem que o Parque do Cocó é patrimônio de Fortaleza e de sua população. Apesar de você.
Referências:

NOSSO FUTURO COMUM. Relatório da Comissão Mundial sobre Meio ambiente e Desenvolvimento. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: FVG, 1991.
http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/sustentabilidade.htm

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