quarta-feira, 11 de abril de 2012

Fortaleza - 286 anos a Velha e a Nova Cidade

Palácio Guarani
arquivo Nirez
foto: Fátima Garcia

Construído no local do antigo Matadouro Público, que posteriormente foi um sobrado de propriedade do Coronel José Eustáquio Vieira, onde residiu o Comendador Luis Ribeiro da Cunha. Este imóvel sofreu um incêndio devastador em 1902 e o que restou,  foi demolido em 1907.
O terreno foi adquirido pelo Barão de Camocim, que construiu o palácio, inaugurado em 1908. Foi ocupado sucessivamente pelo Bank of London, (1910) Banco dos Importadores (1925) a Boate Guarani, o Clube dos Diários, e Banco do Estado do Ceará, e uma empresa de telecomunicações. Sofreu diversas reformas, inclusive no telhado de ardósia, fortemente inclinado, que servia para escorrer neve. 
Fica na esquina da Rua Barão do Rio Branco com Senador Alencar. 

Grupo Escolar do Benfica 

foto: panorâmio

Foi em 2 de janeiro de 1923 que o prédio construído para abrigar o Grupo Escolar do Benfica ficou pronto, um projeto do arquiteto José Gonçalves da Justa, localizado na Avenida Visconde de Cauípe, atual Avenida da Universidade, 2431.  
Sua instalação deu-se no mesmo dia. Depois passou a denominar-se Grupo Escolar Rodolfo Teófilo. 
Em 20 de agosto de  1956, o estabelecimento de ensino foi transferido para outra rua próxima, e o prédio passou a abrigar o Museu Antropológico e o Instituto do Ceará.  
Dez anos mais tarde foi feita uma permuta com a Universidade Federal do Ceará e o Instituto do Ceará passou a funcionar na Rua Barão do Rio Branco, na Praça do Carmo onde ainda se encontra, e o museu foi para uma casa na Avenida Barão de Studart. 
Atualmente o prédio, que sofreu algumas modificações,  abriga os cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis – a FEAAC, da Universidade Federal do Ceará.


Farmácia Pasteur
arquivo Nirez
foto: Fátima Garcia

a Pharmácia e Drogaria Pasteur, foi fundada em 19 de setembro de 1894, na Rua Major Facundo, 16 (atual 538), pelo Dr. Leopoldo Domingues, que após 9 anos vendeu ao farmacêutico Francisco Linhares Filho, que por sua vez, em 1905, vendeu a Eduardo de Castro Bezerra. 
A Pasteur era a mais famosa, a mais acreditada e a maior em instalações dentre todos os estabelecimentos farmacêuticos do Ceará, tendo, inclusive, fundo correspondente com a Rua Barão do Rio Branco.  No antigo prédio da Pasteur funciona a Farmácia Avenida, a faixa branca com o nome Farmácia, encobre o antigo nome da Pasteur.

Café Sport
acervo Marciano Lopes
foto: Fátima Garcia

No belo sobrado, bastante modificado, onde hoje funciona a loja de calçados "Esquisita", existia o Café Sport, dos irmãos Emygdio. Era o mais central e mais bem frequentado café da cidade, no cruzamento das Ruas major Facundo e Liberato Barroso

Praça Venefrido Melo
arquivo Nirez
foto: Fátima Garcia

A Praça Venefrido Melo ficava no Mondubim e dividia em duas vias a estrada que cruzava a linha de ferro, inaugurada juntamente com a luz elétrica. Hoje a estação de trem foi demolida, a pracinha desapareceu e tudo que restou foi a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que apesar de continuar de pé, está desativada já que ao lado, foi construída uma nova igreja sob a mesma invocação da anterior. 

Paróquia de Bom Jesus dos Aflitos

Acervo do Museu da Imagem e do Som
imagem: http://www.dipity.com/tickr/Flickr-igreja-bom/

O nome da igreja é devido à devoção dos moradores, desde o século XVI, ao Bom Jesus dos Aflitos que em 1759 se tornou padroeiro da ainda vila de Arronches. A igreja tem tradicional desenho de planta de nave central com duas torres simétricas e de igual forma embora uma delas abrigue um relógio enquanto a outra o sino. Sua fachada é bastante simples e possui alguns poucos elementos de decoração na balaustrada das janelas superiores e nos arcos das portas de acesso. Seu adro não possui nenhum elemento de destaque, mas somente um desenho em pedra portuguesa. Fica na praça central de Parangaba, chamada de Praça dos Caboclos. Foi construída em 16 de março de 1877, pelos padres jesuítas.

fontes:
Cronologia ilustrada de Fortaleza
Royal Briar, a Fortaleza dos anos 40

terça-feira, 10 de abril de 2012

Colégio Marista Cearense


O Colégio Cearense Sagrado Coração foi fundado no dia 4 de janeiro de 1913, por iniciativa do cônego Climério Chaves, do padre Misael Gomes, do Monsenhor Otávio de Castro e  do monsenhor José Alves Quinderé.  Funcionou inicialmente na Rua da Amélia n° 146 (atual Rua Senador Pompeu), Rua 24 de Maio, na Praça Marquês de Herval (atual Praça José de Alencar), onde depois esteve a Rádio Iracema. Mais tarde mudou-se para a Rua Barão do Rio Branco, no local onde hoje está o edifício Diogo. Por fim, em 1917, foi para o prédio próprio na Avenida Duque de Caxias. A partir de 1916 a administração do Colégio Cearense passou para os Irmãos Maristas, sendo seu primeiro diretor o Irmão Epifânio. Em 1921 passou a editar a Revista Verdes Mares.

Capa da revista Verdes Mares

A Verdes Mares era o órgão de divulgação do Grêmio José de Alencar, fundado pelos alunos do Colégio, já sob direção dos irmãos Maristas. Serviu inicialmente para divulgar as manifestações intelectuais dos alunos. Posteriormente passou a divulgar também as atividades do ano letivo, datas comemorativas, boletim de notas dos alunos, atividades esportivas, necrológios, a ilustrar atividades dos ex-alunos com destaque no cenário nacional e de pessoas da sociedade.

vista da área interna do Colégio Cearense a partir da torre da Igreja do Coração de Jesus

Na década de 80, os estabelecimentos de ensino, dirigidos por religiosos, viveram seus melhores dias, com grande procura por vagas, em razão da excelência do ensino que ofereciam.  O Colégio Marista Cearense ficou pequeno para comportar tantos alunos, eram 4.500, divididos em três turnos. A partir dos anos 2000, tudo mudou:  o aumento da inadimplência, a redução de matrículas, o surgimento de grandes conglomerados educacionais, que tornaram a educação um ramo de negócio altamente rentável,   determinaram o fechamento de outros colégios religiosos e comprometeu o futuro do Colégio Cearense, que encerrou suas atividades no dia 31 de dezembro de 2007.  

domingo, 8 de abril de 2012

O Naufrágio do Mara Hope


O navio petroleiro Mara Hope  foi fabricado em 1967 pelo estaleiro espanhol Astilleros de Cádiz sendo chamado de Juan de Áustria e posteriormente Asian Glory. Pertenceu às empresas Naviera Ibérica, Bona Shipping, Carpathia Trading e Commercial Maritime.
Em 1983 sofreu um incêndio o qual atingiu a casa de máquinas quando o navio estava ancorado em Port Neches, no Texas. Todos os 40 tripulantes conseguiram deixar o navio sem nada sofrer.  O navio ficou em chamas durante quatro dias.  
Em 1984 foi para Taiwan para ser vendido como sucata, contudo no meio da viagem, em 1985, o rebocador teve problemas mecânicos na costa brasileira, ficando ancorado no Porto do Mucuripe.

Estaleiro do INACE, na Praia de Iracema 

Em meio a um temporal, com maré alta, as amarras do Mara Hope se romperam e a embarcação ficou à deriva por 1,6 km até encalhar em um banco de pedras nas proximidades da praia de Iracema, ao lado do estaleiro INACE.  Entretanto existe outra versão não confirmada, de que o rebocador que estava conduzindo o Mara Hope teve problemas e foi obrigado a soltar as amarras, deixando-o à deriva.
O banco de areia no qual o navio encalhou era muito extenso e o navio ficou profundamente atolado. Após várias tentativas  de movê-lo,  os trabalhos foram abandonados e foi considerada a perda total da embarcação. 



Depois de confirmada sua perda, o navio ficou anos sob a ação de vândalos até que foi iniciada uma operação de desmonte. Suas peças e metais foram vendidos como sucata. Foi removida toda a estrutura da popa e de outras partes do navio. Hoje em dia, fora da água, resta em torno de 1/3 do que foi o navio. No fundo do mar ainda estão boa parte dos motores, a hélice e o leme.


Hoje o Mara Hope foi incorporado à paisagem da Praia de Iracema e recebe visitas constantes, de mergulhadores, turistas e moradores, que se chegam até lá à nado, e se aventuram no seu interior, de porões inundados.  

fotos: Fátima Garcia

sábado, 31 de março de 2012

Águas de março transbordam no Oeste da Cidade

As águas de março que caem em Fortaleza em 2012, procuram seus leitos, seu solo, suas lagoas, açudes, rios e riachos e encontram asfalto, canais de cimento, lixos, esgotos e uma selva de pedra sem mais verdes e belezas naturais. 

imagem: prefeitura municipal

As consequências disso já podem ser sentidas com a primeira chuva prolongada que aconteceu na cidade dia 27 de março, causando transtorno no transito da Avenida Perimetral a altura do bairro Antônio Bezerra, local onde acontece o mesmo problema ao longo dos anos. Podemos ver também a represa das águas que invadem casas onde já foi leito de uma lagoa entre os bairros Autran Nunes e Antônio Bezerra à altura da Ponte do Pau da Veia.
 Os Meios de comunicação estão mostrando o alto volume d’água no sangradouro do açude da UFC no Campus do Pici invadindo os laboratórios da piscicultura e isso acontece devido os seus afluentes terem sofrido aterramento, virado canais com cimento, construções de casas onde já foi leito de riachos e agora são ruas asfaltadas dos bairros: Parque Universitário, Pan Americano e Bela Vista. 


Há uma situação curiosa também no lado Oeste relacionada com a convivência urbana de dois órgãos federais, UFC – Campus do Pici e CHESF pelo fato de serem um tanto quanto  descompromissados com a questão urbanística da cidade nos espaços que ocupam. Pois, estas duas instituições públicas federais, são responsáveis por alagamentos e aterro de mananciais hídricos, a princípio o linhão da CHESF que contribuiu para o aterramento da Lagoa do Autran Nunes e podemos ver isso nas imagens de televisão (Barra Pesada) onde os postes estavam no centro das águas represadas.  

foto: jangadeiro online

Enquanto isso, na área verde que fica em terreno da UFC – Campus do Pici entre a Av. Mister Hul e a Perimetral está instalada Estação da CHESF que aterrou parte do espaço verde e é também nesse trecho onde as águas do Riacho Alagadiço e o Sangradouro do Açude da Universidade se encontram e ao chegar na av. Perimetral e Rua Rui Monte transborda por cima da pista impedindo o tráfego de veículos e grandes engarrafamentos como fica visível nas matérias da TV Diário. Esse trecho já sofreu muitos aterramentos de particulares sem nenhuma intervenção dos órgãos fiscalizadores, mesmo com denuncias de moradores e matérias de jornais e televisivas.

foto jangadeiro on line
Isso tudo simboliza uma cidade sem planejamento, sem poderes constituídos, onde o público, o privado e o indivíduo determinam “leis” conforme os interesses da propriedade, do capital e da própria. Essa é a cidade em que vereadores, executivo e população cometem os maiores crimes ambientais quando trocam voto por asfalto em becos e ruas causando maior aquecimento e grandes enchentes. 
Mas afirmo que não é por falta de projeto para estes espaços, porque é exatamente neles onde lutamos pela elaboração do Projeto Parque Rachel de Queiroz e desde 1995 está no papel sem nenhum planejamento orçamentário para sua execução, o que impediria os crimes ambientais nas margens e leitos do Riacho Alagadiço e Riacho Cachoeirinha e beneficiaria a população de 21 bairros do lado Oeste da Cidade.  


Leonardo Sampaio: É escritor, poeta e educador popular. Militante do movimento sócio - cultural - ambiental de Fortaleza.

transcrito do site: http://www.parqueracheldequeiroz.org/


As águas de março em Fortaleza não podem ser cantadas em versos  nem são promessas de vida no coração dos moradores, como na bela canção do Tom Jobim. Pelo contrário, trazem prejuízos, desesperos e deixam muitos desabrigados. E o problema não se restringe a Zona Oeste da cidade, sim porque se estivesse restrito a um local poderíamos nos dar ao luxo de ter esperanças.  Mas como podemos ver, toda a cidade foi afetada. E vem sendo afetada todas as vezes que cai um toró. Cadê as providências, cadê os consertos, cadê as autoridades que ganham fortunas para administrar a cidade?
... É pau, é pedra, é o fim do caminho.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Os Nomes Religiosos e Santos das Ruas


A Atual Praça dos Mártires (Passeio Público) já foi chamado de Largo da Misericórdia (foto Fátima Garcia 

A tradicional religiosidade da gente cearense motivou, desde tempos remotos, bairros, avenidas, praças e ruas com nomes de santos ou de algo relacionado à religião, às vezes, leves referências. Exemplos: o antigo bairro Alagadiço mudou para São Gerardo; o popular Pirambu, embora muita gente o chame assim, oficialmente é Nossa Senhora das Graças. Piedade, sempre foi assim, da mesma forma que o bairro de Fátima. Santa Terezinha situa-se no antigo Arraial Moura Brasil. E têm os bairros São João do Tauape, Pio XII e João XXIII. Monsenhor Quinderé, figura das mais simpáticas do mundo religioso de nossa terra, tem seu nome perpetuado em rua da Aldeota.

Avenida Monsenhor Tabosa, a antiga Rua do Seminário (arquivo Nirez) 
A Praça Dom Pedro II, popularmente chamada Praça da Sé, era, no passado, o Largo da Matriz; a Praça dos Mártires, mais conhecida como Passeio Público, era o Largo da Misericórdia. E têm as praças do Carmo, São Sebastião e Cristo Redentor. Onde foi o Boulevard da Conceição hoje é a Avenida Dom Manuel; a Avenida Duque de Caxias era o Boulevard do Livramento. A antiga Rua do Seminário agora é Avenida Monsenhor Tabosa. E têm as avenidas Monsenhor Salazar, 13 de Maio e Padre Ibiapina.

Antiga Rua Santa Isabel (arquivo Nirez)  
A atual Rua Pedro Pereira era Travessa de São Bernardo, a Rua Meton de Alencar era Travessa de São Sebastião. A Rua São José era Beco das Almas, a Rua Conde D´Eu era Rua da Matriz, a Rua 24 de Maio era Rua do Patrocínio, a Rua Tereza Cristina era Rua Santa Tereza, a Rua Princesa Isabel era Santa Isabel, a Rua Rodrigues Júnior era Rua da Glória, a Rua Dr. João Moreira era Travessa da Misericórdia, e a Rua Conselheiro Tristão era a antiga Rua da Cruz. E têm as ruas Santo Antônio, São Francisco, São José, Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora de Lourdes.

 Rua Castro e Silva, que um dia foi a Rua da Matriz (arquivo Nirez) 

Padres que foram homenageados nominando ruas de Fortaleza: Guerra, Valdevino, Anchieta, Mororó, Roma, Frota, Antonino, Quinderé, Francisco Pinto, Luiz Figueiras, Cícero, Monsenhor Catão, Cônego Rosa, Frei Mansueto. No passado, a atual Rua Pereira Filgueiras era Rua do Paço, alusão ao Palácio do Bispo. A antiga Travessa das Belas é a atual Rua São Paulo. 

Rua Padre Mororó (Arquivo Nirez) 

E tem a Rua Assunção, homenagem a padroeira de nossa Capital. A Rua Rufino de Alencar, aquela via estreita que liga a Praça da Sé à Praça Cristo Redentor, era o Corredor do Bispo.

fontes:
Marciano Lopes
João Nogueira