quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Registros da Violência no Centro da Fortaleza Antiga

 

Como lugar antigo da cidade, a Praça do Ferreira e sua vizinhança vivenciaram inúmeros acontecimentos que ficaram registrados na memória da cidade. Nem todos os acontecimentos foram felizes, muitos foram negativos, com triste repercussão naqueles que participaram. Os fatos registrados em épocas diversas, mostram que a violência exercida em locais públicos de nossa cidade, não é exclusividade dos agressivos tempos atuais. 


esquina Rua Guilherme Rocha/Major Facundo

Em 1904 o tenente Heitor Ferrás foi assassinado no Café Fênix, no local, durante algum tempo designação do Café Elegante. O assassinato ocorreu durante agitações políticas ocorridas no governo do Dr .Pedro Borges.

Em 1912, na última fase do governo do Comendador Nogueira Accioly, morreram duas crianças que participavam na Praça do Ferreira, da passeata cívica em prol da candidatura do Coronel Franco Rabelo. Os tiros que atingiram as crianças partiram de policiais que se encontravam nas imediações do Café Iracema. A passeata infantil tinha à sua frente a jovem Eloá de Paula Pessoa, e esse episódio desencadeou a revolta urbana que destituiu o governador Accioly e aboliu a sua oligarquia.

Outro assassinato que abalou Fortaleza ocorrido na Praça do Ferreira, foi o de Alda Osório Sampaio, bela moça de família de classe média; seu namorado pertencia a família residente na rua Barão do Rio Branco, quarteirão entre as ruas Liberato Barroso e Pedro Pereira. Corria o ano de 1913, quando a moça foi assassinada a tiros pelo namorado de nome Newton, motivado por ciúmes, em plena batalha de confetes no jardim 7 de setembro, que era cercado de gradis de ferro, o que acarretou enormes dificuldades na fuga desordenada do povo em pânico.


jardim 7 de setembro - Praça do Ferreira

No ano de1914 na Praça do Ferreira teve início o incidente que resultou no assassinato de José Nogueira, à noite em sereno de festa que acontecia no Clube dos Diários, na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Senador Alencar. O autor do crime foi Xisto Bivar.

Na noite de 22 de julho de 1921, Olavo Rego tirou a vida do poeta Mário da Silveira por motivos passionais. A antiga namorada do morto havia rompido seu relacionamento com ele, por pressão da família, e passara a gostar do futuro assassino. Uma pilhéria dita pelo rejeitado, ao passar em sua frente o novo par, determinara a ação de desagravo. A praça dispunha então do gradil central, com  quatro portões, cada um voltado para os lados do logradouro. O assassinato ocorreu precisamente nas proximidades do portão virado para a face norte da praça. 

Apesar do prestígio político e do cargo de deputado estadual que ocupava, o coronel Gustavo Augusto Lima, líder politico de Lavras da Mangabeira, filho da poderosa Fideralina Augusto Lima, foi alvejado a tiros de revólver, na Praça do Ferreira em Fortaleza, a 28 de janeiro de 1923. Na ocasião o coronel Gustavo achava-se em companhia de duas filhas, Luisinha e Maria Luísa, e tomava assento no bonde do Outeiro para se deslocar à sua residência na Avenida Dom Manuel, quando tombou vítima de disparos deflagrados por Raimundo de Eusébio, vindo a falecer quatro dias depois, a 1º de fevereiro, na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Foi sepultado no cemitério São João Batista desta cidade.  

No Cine Polytheama, em 1928, ocorreria a agressão de Raimundo Cordeiro de Almeida ao comandante do 23º Batalhão de Caçadores, coronel Luís Sombra, revidada a afronta a 21 de abril do mesmo ano por guardas civis, sob o pretexto de que o agressor ofendera um colega de farda.


Cine Polyteama

Em 26 de agosto de 1930, nos arredores da praça em frente à Casa Parente, esquina das ruas Guilherme Rocha e Barão do Rio Branco, Mário Róseo de Oliveira, apaixonado e não correspondido por uma das balconistas da loja, desfecha um tiro de revolver no próprio ouvido, morrendo algumas horas depois.

As 13 horas do dia 8 de outubro de 1930, data em que caía o governo de Matos Peixoto e assumia a interventoria federal o Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora , durante um rápido tiroteio entre o coronel José dos Santos Carneiro e o Capitão Francisco Barbosa Gondim, um tiro perdido atingiu um aluno do Colégio Militar do Ceará, que se achava postado na soleira de uma das portas do Café Emidgio, localizado na esquina das ruas Guilherme Rocha e Major Facundo. O jovem filho do médico Dr. Carlos Ribeiro, faleceu no dia seguinte.


Café Emidgio

Em 29 de julho de 1940, em tempos de 2ª. guerra mundial o professor Domingos Brasileiro foi assassinado após violenta discussão com Moura Amazonas, em pleno Café Sport, localizado nos baixos do sobrado da esquina noroeste das ruas Major Facundo e Liberato Barroso.

 

Fonte: A Praça/Mozart Soriano Aderaldo/Tiprogresso/Fortaleza:1989. Fotos Arquivo Nirez/Postais de época. Publicação FortalezaemFotos.



4 comentários:

Prof. Vitor Emanuel disse...

Nuca deixe de publicar, fontes ricas de conhecimento estão se escassando...

Fátima Garcia disse...

obrigada professor

VIVIANE disse...

NOSSA CULTURA CEARENSE ,É IMPORTANTE PARA AS FUTURAS GERAÇÕES,OBRIGADA

Anônimo disse...

interessante, imaginei os lugares e os ocorridos