quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Colégios Antigos: O Parthenon Cearense e o Instituto de Humanidades


O velho colégio Parthenon estava situado à Rua 24 de Maio esquina com a Rua Liberato Barroso, (à época rua das Trincheiras), na Praça do Patrocínio (atual Praça José de Alencar), no local onde mais tarde seria construído o Lord Hotel. Foi fundado em 1° de junho de 1892, pelo professor Lino de Sousa da Encarnação. Oferecia dois cursos: primário e secundário, o primeiro com duração de três anos, compreendendo as matérias leitura em prosa e verso, gramática portuguesa, aritmética, noções gerais de geografia, desenho linear, história do Brasil, instrução cívica, moral e religiosa. 


antiga Praça do Patrocínio/Marquês de Herval/José de Alencar

O secundário subdivide-se em curso de ciências e letras, que seguia o programa de ensino do Liceu, onde os alunos fazem os respetivos exames e curso comercial, feito em três anos compreendendo: no 1° ano – português, francês, aritmética, geografia e caligrafia; no 2° ano, as mesmas matérias em níveis mais avançados; e no 3° ano – português, francês, inglês, escrituração e correspondência comercial, conhecimento das tarifas ordinárias do país e noções de direito comercial. Em 1897 o Parthenon foi transferido para a mesma rua 24 de Maio esquina sudoeste com a rua Guilherme Rocha, e depois, em 1900, para a Rua Barão do Rio Branco.  

O escritor Gustavo Barroso foi aluno do Parthenon Cearense e do professor Lino da Encarnação a partir de 1898. Em seu livro “Coração de Menino” descreve sua impressão ao adentrar a escola pela primeira vez:  “uma casa grande, de esquina. Um corredor escuro entre salas com filas de carteiras envernizadas de vermelho. Mapas nas paredes. Quadros negros com restos de cálculos aritméticos a giz. Ao fundo do corredor, um gabinete, onde nos espera um homenzinho moreno escuro, de olhos bondosos e bigodes brancos” Era o professor Lino da Encarnação.

O concorrente direto do Parthenon, da época de Gustavo Barroso, era o Instituto de Humanidades, fundado em 7 de janeiro de 1892 pelo cônego Vicente Salazar da Cunha e Dr. Antônio de Vasconcelos, situado à rua Sena Madureira, esquina com a antiga rua do Cajueiro.

Nomeado vigário de Maranguape em 1899, o Instituto passou para o comando do padre Barbosa de Jesus. O colégio do padre Barbosa oferecia o mesmo currículo do Parthenon, com as mesmas disciplinas. Mais tarde o colégio foi transferido para a Rua Barão do Rio Branco, no mesmo prédio que, em 1910, passou a funcionar outro Instituto de Humanidades, fundado pelo professor Joaquim da Costa Nogueira.

 


O prédio da rua Barão do Rio Branco ainda cumpre uma longa tradição enquanto abrigo de estabelecimento de ensino: Instituto de Humanidades do padre Barbosa, Instituto de Humanidades do professor Joaquim Nogueira, Colégio Nogueira, Colégio Farias Brito. Atualmente funciona no local uma unidade do Colégio Ary de Sá.    

 

Fontes: Gustavo Barroso – Coração de Menino/Livraria José Olímpio, 1939; Antônio Bezerra de Menezes – descrição da Cidade de Fortaleza /introdução e notas de Raimundo Girão/UFC/Casa José de Alencar/1992-publicação www.fortalezaemfotos.com.br - Imagens do Arquivo Nirez.

 

 

 


Um comentário:

Nariz disse...

meu tataravô professor lino da Encarnação.