A estratégia
é a mesma: os imóveis mais antigos, passiveis de tombamento por possivelmente conterem
elementos importantes para a história patrimonial ou para a arquitetura da cidade, são deixados de
lado, sem nenhum tipo de manutenção, sem nenhuma cobrança aos seus
proprietários, sem emprego de nenhum recurso que possibilite sua manutenção.
Quando chegam a um ponto sem retorno, tamanha é a deterioração, e metade da
população aprova a medida, por perceber o risco que representa, então é chegada
a hora, é dado o grito heroico de redenção, que elimina riscos de
desmoronamentos e esconjura moradores indesejados: derruba!
Como a
estratégia não é nova, e o resultado tampouco, era de se esperar que o próximo
da fila, fosse inevitavelmente o Edifício São Pedro, na orla marítima. O edifício
construído no início da década de 1950, inicialmente não tinha pretensões de abrigar
um hotel; a transformação decorreu de um encontro promovido pela Junta
Comercial em Fortaleza, no qual a rede hoteleira não seria suficiente para atender
a demanda por acomodações.
Assim
foi inaugurado como Iracema Plaza Hotel, a primeira edificação da orla de
Iracema, com a fachada inspirada em hotéis de Miami. Foi inaugurado ainda
inacabado, pois faltava concluir o último andar, o sétimo. Todo o edifício era
habitado, inclusive o térreo. Nas alas Leste e Oeste ficavam as entradas de
acesso à parte residencial. Na parte Norte, de frente para o mar, funcionava o
Iracema Plaza Hotel, ocupando os sete andares. Na área Sul, que tem acesso para
a antiga avenida Aquidabã, atual Historiador Raimundo Girão, estavam os flats.
Em 2013 (imagem blog Fortaleza em Fotos)
Naqueles festejados anos 50, o edifício São Pedro era o mais alto da Praia de Iracema, chamava a atenção por sua fachada diferenciada que imitava o formato de um navio antigo, abrigava um hotel luxuoso, que atraía artistas e pessoas conhecidas para o local. No térreo, de frente para o mar, foi instalado o restaurante “Panela”, que durante muito tempo, serviu como ponto de encontro da elite local e de turistas que visitavam a cidade.
A decadência começou aos poucos com a chegada na Beira-Mar de outros hotéis, mais luxuosos, mas condizentes com as novas diretrizes que a cidade pensava para o turismo. Com o tempo o hotel fechou as portas e o prédio continuou como residencial, mas bastante esvaziado e com a procura por apartamentos cada vez menor. Sem manutenção, ou novos investimentos por parte dos poucos proprietários, atingiu o caos e ofereceu a desculpa ideal para demolição. Fim da história.
No
local deve surgir mais um desses edifícios modernosos, os envidraçados que
abundam em Fortaleza, que refletem a intensa luz solar nas suas paredes
espelhadas, e ofuscam olhos, sentidos e confundem o senso estético. Mas essa
é sempre a solução fácil encontrada para a cidade: demolir. Qualquer um pode fazer,
nem precisa ser autoridade. Nosso
palpite de quem será o próximo a cair: antiga escola Jesus, Maria José, na Rua
Coronel Ferraz.
publicação www.fortalezaemfotos.com.br.
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