A Escola Militar foi fundada a
1° de fevereiro de 1889, e segundo alguns cronistas trouxe à Fortaleza uma das
épocas mais agitadas em termos políticos e sociais. Foi instalada inicialmente
nos fundos do quartel do 11° Batalhão de Infantaria, atual quartel da 10ª
Região Militar. Foram matriculados 700 alunos, entre efetivos e adidos. Como
não havia internato, formaram-se várias “repúblicas” espalhadas pela cidade.
Em seguida a escola passou a
ocupar o prédio localizado na Avenida Santos Dumont, construído com recursos do
Barão de Ibiapaba, que inicialmente seria destinado ao funcionamento de um
asilo de mendicidade. Depois de concluído, ficou dois anos abandonado, até ser
doado pelo Presidente do Ceará ao Governo Federal para instalação da Escola
Militar.
Quando a noite chegava, depois
das 21 horas e a cidade sossegava, os cadetes tomavam conta da capital.
Praticavam atos absurdos, contra pessoas e contra o patrimônio público. Atacavam
moças, agrediam rapazes, consumiam em cafés e restaurantes e não pagavam, invadiam
festas particulares e sessões de cinemas, roubavam aves dos quintais das
residências, e obrigavam as patrulhas policiais a pegar jumentos nos cercados
para realizar suas farras noturnas.
A 16 de novembro daquele ano,
ajudaram a proclamar a República no Ceará, que culminou com a deposição do
presidente da província, coronel Jerônimo Rodrigues de Moraes Jardim.
Em 1892, dia 16 de fevereiro, fortemente
armados, e em companhia de outras forças militares, atacaram o Palácio do
governo e depuseram, depois de uma noite de combate, o governador José Clarindo
de Queiroz, evento que contabilizou 13 mortes e muitos feridos.
Em 1897 os cadetes organizaram
um bloco de carnaval denominado “Clube dos Gaiolas” que sobressaltou a cidade.
Composto exclusivamente de alunos da Escola Militar, o clube tinha sede na Rua
Senador Pompeu, em prédio ocupado à revelia do proprietário. Roubaram carroças
do Passeio Público, sinos das igrejas, cadeiras, caixões para armações de
cenários de vários estabelecimentos.
O clube ia sair à rua no
domingo. Na véspera começaram a pegar jumentos. A polícia, sabedora que os
cadetes iriam exibir carros com críticas às autoridades, exigiu um visto prévio
ao desfile. Os cadetes, porém, não deram confiança. E saíram no dia e hora
marcados. Indisciplinados e rebeldes, os cadetes faziam o que bem entendiam.
O comandante era o Coronel
Siqueira de Menezes, militar de carreira, austero, disciplinador, sendo por
isso malvisto pelos alunos. Um dia, resolveram que não iriam subordinar-se mais
ao seu comandante, e aclamaram em seu lugar no comando da escola, o major
Faustino. Em seguida, telegrafaram ao presidente da República, que concordou
com a mudança, e ordenou a Siqueira de Menezes que retornasse ao Rio de
Janeiro, então capital federal. E assim os rapazes da Escola Militar tiveram
sua vitória, e seguiram com sua trajetória de vandalismo com maior intensidade,
alarmando os pacatos fortalezenses, que acordavam sobressaltados à espera de
mais alguma travessura que normalmente terminava com grandes prejuízos para alguém.
1930 - imagem Internet |
A Escola Militar de Fortaleza
foi extinta pela lei Geral 463, de 25 de novembro de 1897. O prédio que
ocupavam, abrigou diversas instituições a partir de 1898, como o Colégio Nossa
Senhora de Lourdes, a Força Pública do Estado, e o 9º Regimento de Artilharia
Montada que ficou até 1919.
Com a criação do Colégio
Militar o prédio lhe foi entregue, e em 1938, foi transformado em Colégio
Floriano, ficando ali até 1941.
Em 1942, foi criada a Escola
Preparatória de Fortaleza, que foi extinta em 1961, quando foi restabelecido o
Colégio Militar que reiniciou suas atividades em 1962.
Fontes:
Raimundo de Menezes – Coisas que
o Tempo Levou: crônicas históricas da Fortaleza Antiga
Antônio Bezerra de Menezes – Descrição
da Cidade de Fortaleza
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