terça-feira, 30 de maio de 2017

Santa Casa da Misericórdia


A Santa Casa da Misericórdia é uma instituição internacional, fundada em 15 de agosto de 1498 em Portugal, pelo monge Frei Miguel de Contreiras, da Ordem da Santíssima Trindade e Redenção dos Cativos de Portugal, com o apoio da rainha Dona Leonor de Lencastre, a qual em 1508, doou seus próprios bens para constituir o patrimônio da instituição.

Em Fortaleza, a ideia da criação foi lançada em 1839, pelo bispo de Recife e Olinda em visita a Fortaleza, Dom João da Purificação Marques Perdigão. A ideia não vingou. Em 1845 o presidente da Província Inácio Correia de Vasconcelos, após receber ajuda da sociedade para tal, ordenou a construção de um hospital no Largo do Paiol, em terreno doado por Dona Maria Guilhermina Gouveia. O início da obra só aconteceu em 1847, sob a responsabilidade do boticário Antônio Ferreira, presidente da Câmara dos Vereadores e Intendente Municipal e uma comissão formada pelos comendadores Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, Antônio Telles de Menezes e João Batista de Castro e Silva.

Avenida Caio Prado, com o prédio da Santa Casa ao fundo. Nessa época o prédio tinha apenas um pavimento. Foto de 1908

O prédio foi concluído com apenas um andar, e denominado Hospital da Caridade, contando 80 leitos; mas passou muito tempo sem ser utilizado por falta de material e condições de funcionamento. Enquanto isso o presidente da Província autorizou a cessão de salas e enfermarias para o Liceu do Ceará, que permaneceu ali até 1861. 

A história do hospital só começou realmente em 1860, quando foi autorizada a criação e a instalação da Irmandade da Misericórdia. Foi a associação religiosa de maior importância durante o império, tendo à frente o Presidente da província como provedor e congregando a elite fortalezense.Assim o Hospital da Caridade foi inaugurado no dia 14 de março de 1861, sob o comando da Irmandade da Misericórdia, com a denominação de Santa Casa da Misericórdia.

Em 1869 foi assinado contrato com as Irmãs da Ordem das Vicentinas do Rio de Janeiro, as quais cuidariam dos serviços de enfermagem, cozinha, limpeza e outros; as primeiras freiras Vicentinas chegaram em janeiro de 1870.

Além das funções hospitalares, a Santa Casa da Misericórdia era a administradora do Cemitério São Casimiro, e do seu sucessor, o Cemitério São João Batista. A partir de 1876 passou a administrar os serviços funerários da cidade, com os rendimentos revertidos para a construção do Asilo de Alienados, para atender os loucos que perambulavam pelas ruas de Fortaleza, sem lar e sem nenhuma assistência.


O Asilo de Alienados São Vicente de Paulo foi construído em 1886, na distante Vila de Arronches (atual Parangaba) e abrigava doentes mentais de ambos os sexos, vindos de vários lugares do Estado, tanto da Capital quanto do Interior. Hoje se chama Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo e é administrado pela Santa Casa da Misericórdia até os dias atuais. 

O primeiro médico a prestar serviços na Santa Casa foi o Dr. Joaquim Antônio Alves Ribeiro, formado pela Universidade de Harvard, na Inglaterra, em 1853, nomeado no dia 12 de março de 1861. Pertencia à família Mendes da Cruz Guimarães, e era casado com sua prima Adelaide Smith de Vasconcellos, irmã do 2° barão de Vasconcellos.


Outro médico da mesma família foi o Dr. Antônio Mendes da Cruz Guimarães, filho do Comendador Joaquim Mendes da Cruz Guimarães. Formado em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro. Antônio Mendes foi médico da Santa Casa de Misericórdia, ingressando em 1873.

Após a nomeação de Joaquim Antônio Alves Ribeiro, outros médicos assumiram cargos na Santa Casa, durante os três primeiros decênios de seu funcionamento, como Meton da Franca Alencar (que atendia também no Asilo São Vicente de Paula) e João da Rocha Moreira. A partir dos anos 1880, foram nomeados os médicos João Guilherme Studart, Joaquim Antônio da Cruz, José Pacífico da Costa Caracas, Francisco Peregrino Viriato Medeiros, Pedro Augusto Borges, Guilherme Studart (Barão de Studart) e Helvécio da Silva Monte.

A partir de 1890 registram-se os nomes de João Marinho de Andrade, José Lino da Justa, Eduardo da Rocha Salgado, Antônio Pinto Nogueira Brandão, Duarte Pimentel, Gentil Pedreira, Venâncio Ferreira Lima, e Joaquim Anselmo Nogueira, admitido em 1899.


A partir de 1915 a Santa Casa deixa de ser tutelada pelo Estado, passando à condição de autônoma sob o patrocínio do Arcebispo de Fortaleza. A nova situação da entidade fez com que a confraria passasse a solicitar ajuda da sociedade, tendo sido criada nessa ocasião, pela Câmara Municipal, a Taxa de Caridade – cobrança de 10% do valor dos ingressos vendidos nas casas de diversão. Esse vínculo com a arquidiocese de Fortaleza durou até 1971.

Nesse mesmo ano a entidade teve o número de pacientes triplicado em razão da grande seca de 1915, quando passou a atender retirantes vindos do interior do Estado. Em 1920 a Santa Casa mandou demolir metade do prédio antigo e construir outro, de 2 pavimentos.

A Santa Casa da Misericórdia foi durante muito tempo o único hospital de Fortaleza. Atualmente, apesar de ser o maior hospital filantrópico do Estado, vive de doações e repasses do SUS, que paga valores muito defasados pelos procedimentos realizados na instituição. Só em 2016, foram 35 mil atendimentos na emergência e mais de 50 mil consultas ambulatoriais. Por isso, a instituição precisa de ajuda financeira.


A Santa casa da Misericórdia fica na Rua Barão do Rio Branco, (a antiga Rua Formosa) s/numero, Centro de Fortaleza. 

fontes: 
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
Ideal Clube - história de uma sociedade de Vanius Meton Gadelha Vieira
fotos:  arquivo Nirez e Fortaleza em Fotos


Um comentário:

Unknown disse...

Nestes tempos pandêmicos, nós, os descendentes do Dr. Joaquim Antônio da Cruz, ficamos, humildemente, muito honrados e gratos, com a lembrança do trabalho dele em prol da saúde do povo de Fortaleza, do Ceará, do Nordeste e do Brasil.
Lembramos que ele, Senador pelo Piauí, participou da Comissão de Saúde do Senado Federal e firmou a Carta de 1891.
Enquanto médico militar e parlamentar, foi abolicionista e votou para anistiar João Candido e os demais revoltosos que aboliram os castigos corporais nas Forças Armadas do Brasil.
Participou das comissões e desobstrução do Rio Parnaíba e da que demarcou os limites do Brasil com a Argentina, e foi homenageado em um Hospital daquele País.
Consogro do escritor cearense Domingos Olímpio.
Desejamos, ao ensejo, saúde a todos e um feliz 2021!