prédio da Casa Boris Frères, localizado na antiga Travessa da Praia
Em 1869 foi fundada no Ceará a Casa Theodore Boris e
Irmão, cujos sócios eram os franceses Alphonse e Theodore Boris, nascidos na
província de Lorena. Alphonse, o mais velho, tinha chegado primeiro, de navio,
procedente do Rio de Janeiro, com a missão de fazer um reconhecimento da praça.
Em menos de um ano de funcionamento, a Casa Theodore
Boris já visualizava, a partir de Fortaleza, amplas perspectivas comerciais, a
partir da identificação de produtos locais com ampla aceitação na França. Depois da guerra franco-alemã, entre 1870/1871, os
dois irmãos voltaram para a França cheios de ideias, quando fundaram em Paris,
com outro irmão mais novo Isaie Boris, a Boris Freres.
Nessa época, Theodore
retornava a Fortaleza, na companhia de outros dois irmãos, os gêmeos – Adrien e
Achille, estabelecendo-se na Rua da Palma, no centro comercial de Fortaleza. Experimentando um rápido crescimento, em
menos de dois anos, a empresa já mantinha relações de comércio com as principais praças da
Europa e dos Estados Unidos e possuía ramificações em quase todo o Ceará e Estados vizinhos.
No início faziam de tudo, como autênticos mascates, visitando Estados e Municípios, rua por rua, de porta em porta, vendendo tecidos, roupas , perfumarias, artigos de decoração e mobílias, material para cozinhas e, papelaria, material de escritório além de uma infinidade de outros produtos importados.
Numa etapa seguinte passaram a comercializar
maquinário, cimento, carvão, madeira para obras, gêneros alimentícios, material
fixo e rodante para estradas de ferro e um mundo de objetos diversos, entre os
quais estruturas de ferro. A estrutura do Theatro José de Alencar, por exemplo,
foi importada da Europa por essa empresa, embora esse operação de importação
tenha levado quase dez anos até ser concluída.
Paralelamente a Boris iniciou as primeiras exportações de algodão, cera de carnaúba, couros, peles, borracha, café, penas de ema, cacau, madeiras tintoriais e preciosas e sementes de oiticica. O estabelecimento, transformou-se depois na firma Boris Frères, com sede em Paris e endereço em Fortaleza na antiga Travessa da Praia, atual Rua Boris.
Em 1878, mais um dos irmãos – Isaie Boris – veio residir no Ceará, o que deu mais prestigio, respeito e credibilidade ao estabelecimento. O nome Boris virou sinônimo de confiança, garantia de seriedade nos negócios. O espírito popular começou a chamar o Mar de Açude do Boris; qualquer impasse que surgia em determinada situação, o gracejo é que seria resolvido pelo Boris; à Justiça deram a alcunha de mãe do Boris, significando que até os tribunais eram influenciados pelos comerciantes franceses.
Paralelamente a Boris iniciou as primeiras exportações de algodão, cera de carnaúba, couros, peles, borracha, café, penas de ema, cacau, madeiras tintoriais e preciosas e sementes de oiticica. O estabelecimento, transformou-se depois na firma Boris Frères, com sede em Paris e endereço em Fortaleza na antiga Travessa da Praia, atual Rua Boris.
Em 1878, mais um dos irmãos – Isaie Boris – veio residir no Ceará, o que deu mais prestigio, respeito e credibilidade ao estabelecimento. O nome Boris virou sinônimo de confiança, garantia de seriedade nos negócios. O espírito popular começou a chamar o Mar de Açude do Boris; qualquer impasse que surgia em determinada situação, o gracejo é que seria resolvido pelo Boris; à Justiça deram a alcunha de mãe do Boris, significando que até os tribunais eram influenciados pelos comerciantes franceses.
máquina de prensar couro e algodão, importada e utilizada pela Casa Boris. Hoje faz parte do acervo do Museu da Indústria
Isaie Boris tornou-se Vice-cônsul da França e
elevou-se mais ainda na consideração e estima da sociedade fortalezense, do
comércio e dos poderes públicos. Coordenou e foi presidente da comissão
Organizadora quando da participação do Ceará na Exposição Internacional de
Chicago em 1892-93, elaborando o catálogo de produtos cearenses que deveriam figurar
na exposição. Com o afastamento de Isaie Boris, a firma Boris Frères passou a
ser administrada em Fortaleza por Achille Boris, outro grande empreendedor.
máquina de prensar algodão, em operação na Casa Boris Frères
A tal ponto chegou a influência e a atuação dos Boris
em Fortaleza, que algumas vezes, teve a Fazenda do Estado de recorrer ao seu
financiamento para atender as carências monetárias dos cofres públicos. Por conta dessa crescente ingerência da Casa Boris nos
negócios e na vida da cidade, essa influência foi se acentuando, e ficou ainda
maior com as viagens à Europa, de preferência à França, de várias
personalidades cearenses, algumas acompanhadas das famílias, onde às vezes se
demoravam meses e anos, segundo dizem, as expensas da Casa Boris. Muitos foram
os cearenses que estudaram, se graduaram médicos, engenheiros na França, e
casaram com damas francesas.
Isaie Boris, hoje é nome de rua em Fortaleza
Os irmãos Boris chegaram a tal grau de integração cultural, que
conheceram Padre Cícero, acolheram o
beato José Lourenço na fazenda Serra Verde em Caririaçu (depois do massacre de
1936), e receberam na mesma fazenda , a visita de Patativa do Assaré, em 1956,
que os presenteou com versos improvisados , por ocasião do aniversário da esposa
de um deles.
Extraído do livro
Caravelas, Jangadas e Navios, uma história portuária de
Rodolfo Espínola
Um comentário:
Bom dia, Fátima!
Que excelente texto!
Sou arquiteta e pesquisadora sobre Patrimônio Cultural. Seu texto me trouxe várias perspectivas e costuras sobre a história dos nosso Estado.
Grata,
Tinally C Batista
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