Em 1880
Fortaleza começava a tentar se recuperar das consequências de uma das maiores
secas da história do Ceará, a de 1877/1879. Nessa época era impossível se determinar o
número de moradores da cidade, por conta da enorme população flutuante que se
encontrava na capital, ainda em decorrência da tragédia provocada pela estiagem
prolongada. Muitos que estavam em Fortaleza, voltariam mais tarde para seus
locais de origem; outros permaneceriam aqui. Em meio a esse cenário de muitas
dificuldades, a cidade ensaia seus primeiros passos visando a superação dos
problemas advindos com a seca.
A primeira grande conquista do período pós estiagem foi a inauguração do transporte coletivo urbano. Os bondes começaram a circular em Fortaleza no dia 25 de abril de 1880, num empreendimento de propriedade do Coronel Tomé A. de Mota, denominada Companhia Ferro Carril do Ceará. Eram 25 veículos, de 25 lugares cada um, movidos a tração animal, que cobriam 4.210 metros de percurso, contemplando inicialmente, as linhas do Matadouro e da Estação. Com o tempo, novas linhas foram ativadas.
A primeira grande conquista do período pós estiagem foi a inauguração do transporte coletivo urbano. Os bondes começaram a circular em Fortaleza no dia 25 de abril de 1880, num empreendimento de propriedade do Coronel Tomé A. de Mota, denominada Companhia Ferro Carril do Ceará. Eram 25 veículos, de 25 lugares cada um, movidos a tração animal, que cobriam 4.210 metros de percurso, contemplando inicialmente, as linhas do Matadouro e da Estação. Com o tempo, novas linhas foram ativadas.
Dirigidos
por um boleeiro, e puxados por dois burros, os bondes trafegavam quase o dia inteiro, das
6 da manhã às 9 da noite. Partiam da Praça do Ferreira para todas as linhas. O
último deixava a praça ao tocar a corneta nos quartéis anunciando o recolher. Naquela
época as atividades comerciais eram encerradas ao cair da noite. A Cidade se
recolhia cedo e o direito de locomoção era restrito: a polícia não permitia
trânsito de pessoas depois das 9 horas da noite. Nessa hora tocava o recolher
no quartel do corpo fixo, e o som da corneta era ouvido nos pontos mais
afastados da então pequena cidade.
Rua Floriano Peixoto, com os postes de iluminação e os trilhos do bonde - arquivo Nirez
O pioneiro meio de transporte já encontrou as ruas iluminadas. Em 1848 o presidente Casimiro José de Moraes Sarmento contratou com Vitoriano Augusto Borges a instalação de 44 lampiões, que deveriam ser acesos das 6 horas da tarde até que amanhecesse o dia, ou que saísse a lua. Seriam alimentados a azeite de peixe e colocados ou suspensos nas esquinas de modo a iluminar duas ruas que se cruzassem.
Mais
tarde, em 1866, esse tipo de iluminação seria substituída pelo
gás carbônico em algumas ruas e residências. A companhia inglesa Ceará Gás Co.
Ltd. foi a contratante. No dia 13 de dezembro de 1867 a iluminação a gás foi
parcialmente inaugurada em alguns logradouros. Naquele período o perímetro urbano
ainda era bastante limitado: ao Norte os limites eram as Ruas da Praia e da
Misericórdia; a Leste, a Rua de Baixo (Conde D’Eu); ao Sul, Ruas Dom Pedro e
D’Amélia (Senador Pompeu).
Fora
dessa área, excetuando-se o Palácio do Bispo, o Colégio das Irmãs e o
Seminário, tudo mais eram areias, casas de palha, uma ou outra casa de tijolos. Assim, bem poucas
casas e ruas tiveram o privilégio da iluminação a gás carbônico.
Antiga Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco) em 1910 - postal antigo
Os
trilhos dos bondes foram assentados em ruas pavimentadas, uma vez que a partir
de 1857, aquelas ruas de areia solta começaram a cobrir-se de calçamento de
pedra tosca, vinda do Mucuripe e trabalhadas por operários improvisados.
Os
telefones chegaram logo depois dos bondes, em fevereiro de 1883, serviço
contratado com o comerciante Confúcio Pamplona. No dia acertado, a Casa Confúcio, situada na Rua
Major Facundo n° 59, onde estava o primeiro aparelho, estava apinhada de gente.
Entre os convidados, comerciantes, autoridades e muitos curiosos, que para lá
se dirigiram, para assistir a inauguração solene do primeiro telefone que
Fortaleza ia ter. O sistema já havia sido testado e apresentado resultados
satisfatórios.
O
instalador e técnico da engenhoca, complicadíssima para a época, era o holandês
John Peter Bernard. O outro aparelho estava instalado na praia, na residência
de José Joaquim Farias, no Largo da Alfândega. O centro telefônico era na Praça
do Ferreira. À hora aprazada deu-se a primeira ligação. Foi um sucesso
indescritível, a emoção era grande entre todos os assistentes.
Posto central da Ferro Carril na Praça do Ferreira (do livro História da Energia no Ceará-1912)
Em 1888
mais 1.518 metros de linhas são incorporados ao serviço local de transporte
coletivo, com os bondes trafegando entre a Praça de Pelotas (atual Clóvis
Beviláqua) e o Benfica. O governo
formalizaria ainda duas novas concessões para empresas que efetivamente se
instalaram em Fortaleza. A Companhia Ferro-Carril de Porangaba, fundada a 10 de
outubro de 1894, de propriedade de Gondim e Filhos, dirigida pelo Coronel
Arlindo Gondim, estabeleceu sua estação e sede em Porangaba, explorando uma
linha que passava pelo bairro Damas e finalizava no Benfica.
No dia 12 de outubro de 1896, era inaugurada a Ferro-Carril do Outeiro, de propriedade de membros da família Accioly, que atendia o bairro do Outeiro (atual Aldeota). A empresa tinha realizado durante cinco meses o assentamento dos trilhos e construído instalações de apoio, como sua estação, localizada na Rua Guajiru (atual Gonçalves Ledo). A linha percorria um pequeno trecho entre a Praça do Ferreira até as proximidades do atual Colégio Militar de Fortaleza.
No dia 12 de outubro de 1896, era inaugurada a Ferro-Carril do Outeiro, de propriedade de membros da família Accioly, que atendia o bairro do Outeiro (atual Aldeota). A empresa tinha realizado durante cinco meses o assentamento dos trilhos e construído instalações de apoio, como sua estação, localizada na Rua Guajiru (atual Gonçalves Ledo). A linha percorria um pequeno trecho entre a Praça do Ferreira até as proximidades do atual Colégio Militar de Fortaleza.
Os bondes
de burros pararam de circular em 1913, quando foram substituídos pelos bondes
elétricos.
Fontes:
Fortaleza
e a Crônica Histórica – de Raimundo Girão
História
da Energia no Ceará – de Ary Bezerra Leite
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