domingo, 18 de outubro de 2015

A Praça Figueira de Melo e o Conjunto Arquitetônico Tombado

O Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Fortaleza aprovou, por unanimidade, o tombamento do conjunto arquitetônico que integra o Colégio da Imaculada Conceição, a Igreja do Pequeno Grande, a Escola Jesus Maria  José e o Colégio Estadual Justiniano de Serpa, localizados no entorno da Praça Figueira de Melo, no centro da cidade. Esse foi o primeiro tombamento do tipo em Fortaleza. De acordo com a instrução de tombamento, o entorno do conjunto conserva inúmeros imóveis do fim do século XIX e início do século XX que mantêm muitas características originais. Além disso, possui elevado interesse histórico e valor arquitetônico.


A própria Praça Figueira de Melo é tão antiga quanto os imóveis tombados. Sua construção data de meados do século XIX. Inicialmente recebeu o nome de Praça dos Educandos, em razão da existência de um colégio com essa denominação, dirigido pelo padre Antônio Nogueira Braveza. Mais tarde passa ser chamada de Praça do Colégio, quando em 1867 foi fundado o Colégio da Imaculada Conceição, que ocupou o mesmo imóvel da antiga Casa dos Educandos.  Depois, em 1879, por proposta do vereador João Moreira, recebeu o nome de Senador  Figueira de Melo, depois simplificado para Praça Figueira de Melo, em 1932. 

A Praça Figueira de Melo está localizada entre a Avenida Santos Dumont, e as ruas Coronel Ferraz, Franklin Távora e 25 de Março. No centro encontra-se o busto em bronze do ex-presidente do Ceará (1920-1923), e patrono da antiga Escola Normal, Justiniano de Serpa.

O homenageado Jerônimo Martiniano Figueira de Melo nasceu em Sobral em 1809. Formado em Direito em 1832, ocupou os seguintes cargos: Juiz de Direito, Secretário do Governo de Pernambuco, Presidente do Maranhão, Juiz dos Feitos da Fazenda, Chefe de Polícia de Pernambuco, Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, Desembargador do Tribunal do Rio de Janeiro, Presidente do Rio Grande do Sul e Ministro do Supremo Tribunal. Foi Deputado Provincial de Pernambuco, Deputado Geral por Pernambuco e pelo Ceará e Senador do Império pelo Ceará. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de agosto de 1878.

O Conjunto Arquitetônico

Colégio da Imaculada Conceição




O Colégio da Imaculada Conceição instalou-se em 1867 no prédio onde atualmente se encontra – a antiga Casa dos Educandos – que havia sido construída para servir de asilo a meninos pobres, mas que fora fechada por falta de recursos para sua manutenção. Uma ajuda financeira oferecida pelo então Presidente da Província, possibilitou que as irmãs adquirissem o prédio.  Ocupa toda a quadra situada entre as ruas Coronel Ferraz, Costa Barros, 25 de março, e a Avenida Santos Dumont,  integrando na confluência das Avenida Santos Dumont, com a rua Coronel Ferraz, a Igreja do Pequeno Grande.

Igreja do Pequeno Grande 

A pedra fundamental foi lançada em 1896, pelo Padre Chevalier, como capelão do Colégio. As obras sofreram paralisação um ano depois, sendo reiniciadas em 1898, até sua conclusão em 1903. Com doações das próprias irmãs e de diversas instituições foram obtidos os recursos para as obras. A estrutura metálica foi trazida da Bélgica, e a montagem esteve a cargo do mestre de obras Deodato Leite da Silva. A planta da igreja consta de nave única, com pórticos de perfiles metálicos em forma de H que formam sua estrutura de coberta; o telhado com inclinação acentuada, forma um ângulo bastante fechado dando um teto pontiagudo, pouco comum em nossa arquitetura.


Em estilo neogótico, a Igreja do Pequeno Grande foi construída para  substituir a pequena e antiga capela do Colégio da Imaculada, ainda hoje de pé.Tanto o Colégio da Imaculada Conceição quanto a igreja do Pequeno Grande têm as fachadas principais voltadas para a Praça Figueira de Melo, e sua arborização, com muros e gradis criam pequenos espaços privados de recuo em relação à calçada para permitir um acesso mais resguardado aos edifícios.

Escola Jesus Maria José

A construção do prédio foi iniciada em 14 de setembro de 1902, sendo inaugurado em 22 de janeiro de 1905, numa iniciativa do bispo de Fortaleza Dom Joaquim José Vieira, para abrigar a Escola Jesus Maria José, para meninos pobres.  A administração ficou a cargo das irmãs Vicentinas do Colégio da imaculada Conceição, auxiliadas por órfãs. Tinha capacidade para 350 alunos, e inicialmente foram matriculados entre 250 e 300 alunos, em 1906. A  construção foi administrada pelo Monsenhor Vicente Pinto Teixeira. O prédio da antiga Escola,  exemplo da arquitetura eclética tão em voga em fins do século XIX e início do século XX, encontra-se em péssimo estado de conservação.


O imóvel de propriedade da Arquidiocese de Fortaleza, está localizado entre as ruas Coronel Ferraz e Visconde de Saboia e o início da Avenida Santos Dumont. Voltada para a lateral da Igreja do Pequeno Grande, o destaque das alas laterais do edifício, permitem à fachada principal um recuo em relação à calçada. Atualmente, o edifício está devoluto e a área de recuo é ocupada como estacionamento, no entanto este espaço foi, no passado, murado, permitindo um acesso resguardado à semelhança do que acontece com o Colégio da Imaculada Conceição.

Colégio Estadual Justiniano de Serpa, antiga Escola Normal Pedro II


Começou a ser erguido em 11 de agosto de 1922, projeto do Engenheiro  José Gonçalves da Justa, na gestão do Presidente Justiniano de Serpa, mas inaugurada em parte, pelo seu sucessor  (faleceu o Dr. Serpa em 1 de agosto de 1923),  Ildefonso Albano. A conclusão do edifício verificou-se no governo do interventor Roberto Carneiro de Mendonça (1931-1934). Mais tarde, teve o nome de Instituto de Educação Justiniano de Serpa.

O imóvel possui localização privilegiada, no centro da Praça Figueira de Melo, entre a Avenida Santos Dumont, e as ruas 25 de Março, e Coronel Ferraz. Envolvida por arborização, a escola desfruta de um ambiente tranquilo, que ameniza os ruídos e outros inconvenientes da inserção urbana.


fontes:
ofipro
prefeitura de fortaleza
Praças de Fortaleza, de Maria Noélia Rodrigues da Cunha
Descrição da Cidade de Fortaleza, de Antônio Bezerra de Menezes
fotos antigas do arquivo Nirez
fotos novas de Rodrigo Paiva - out/2015

3 comentários:

Jeanne Fontenelle disse...

Estudei no colégio Jesus, Maria e José nos anos 1998 e 1999, quando se chamava Escola Nossa Senhora de Aparecida (ENSA), ná época estudavam apenas meninas. Fiquei muito feliz ao saber que esse conjunto arquitetônico foi tombado! Espero um dia poder sentir a emoção entrar na escola novamente!

Cleide ferreira Damasceno disse...

Estudei também nesse Colégio Justiniano de Serpa, fiz o segundo e o terceiro ano cientifico. Depois retorno como estudante de Graduação em enfermagem( UNIFOR) e ensinei Biologia.O Diretor nessa Época era o Professor Sobreira. Escola linda.Boas Lembranças. Fiquei feliz por esse Tombamento. Devemos salvar a nossa HISTÓRIA...

João Aires disse...

Que maravilhoso saber que estamos preservando nosso patrimônio e principalmente nossa história. Conheço na área tombada os edifícios citados. É muito importante, pois outras gerações terão oportunidade de ver e saber como era Fortaleza nos tempos idos.