A atual Avenida Bezerra de Menezes antes da urbanização: sítios, chácaras, poucos moradores, muitas árvores e os trilhos do bonde do Alagadiço (foto do arquivo Nirez)
A última reforma, que construiu a ciclovia no canteiro central, já dizimou boa parte da vegetação
Na verdade, o projeto original previa a retirada das árvores do canteiro central, o que só não foi
concretizado em razão da atuação do então vigário da Igreja de N.S. das Dores
em Otávio Bonfim, Frei Humberto Wallschlag, que era contra a retirada da já escassa cobertura vegetal da avenida, mobilizou vários segmentos
sociais, e os gestores se viram obrigados a modificar o projeto.
Desde os anos 70, quando a via passou pela primeira reforma (na segunda metade dos anos 60), a Bezerra de Menezes transformou-se em importante polo comercial, aglutinando grande diversidade de negócios.
Desde os anos 70, quando a via passou pela primeira reforma (na segunda metade dos anos 60), a Bezerra de Menezes transformou-se em importante polo comercial, aglutinando grande diversidade de negócios.
Em qualquer projeto de intervenção, por mais simples
que seja, uma das primeiras análises envolve o comportamento de variáveis envolvidas
no problema: se modificarmos uma variável, como se comportarão as outras? Essa premissa básica, elementar, não parece fazer
parte dos projetos da prefeitura. Ao isolar as faixas da direita da pista para facilitar
o escoamento de coletivos, dificultou o
acesso aos comércios o que determinou a falência de vários comerciantes.
Mas a realidade desses comerciantes começou a
mudar a partir do início de 2014, quando, visando melhorar a mobilidade e
aumentar a velocidade média da avenida, a prefeitura implantou o sistema de
faixas exclusivas para ônibus e vans, o que dificultou a circulação e a parada
de veículos de passeio nas faixas da direita. A dificuldade de acesso, esvaziou os
estabelecimentos, e determinou a quebra de vários comerciantes, que viram a clientela desaparecer. Hoje, há muitos pontos
desocupados, disponíveis para vendas, aluguel, etc.
Agora, diante do desastre do comércio da Bezerra de Menezes, os gestores resolveram fazer uma nova intervenção, qual seja, deslocar as paradas de ônibus para o canteiro central, e a circulação de coletivos para a pista da esquerda, onde ocorrerão embarque e desembarque de passageiros.
Agora, diante do desastre do comércio da Bezerra de Menezes, os gestores resolveram fazer uma nova intervenção, qual seja, deslocar as paradas de ônibus para o canteiro central, e a circulação de coletivos para a pista da esquerda, onde ocorrerão embarque e desembarque de passageiros.
Ao que parece tudo será feito como das outras vezes, intempestivamente, açodadamente, se vai dar
certo, se vê depois.
A Avenida em dois momentos: antes e depois da
sinalização com as faixas exclusivas. A faixa azul que aparece à direita deverá
ser deslocada para a esquerda. Espera-se que os ilustres planejadores tenham
adotado medidas de segurança para a travessia de pedestres para os pontos de ônibus,
que serão localizados no canteiro central, e não esperem o aumentar o número de mortes
por atropelamento para começarem a agir
E para viabilizar o
novo projeto, vão realizar uma das ações que já se anuncia como uma das
prediletas dos nossos atabalhoados governantes: a retirada de cerca de 100 árvores da
avenida. As árvores que o saudoso Frei Humberto defendeu com tanta garra e convicção;
as árvores que dão um pouco de sombra e frescor a uma via tão desumanizada,
árida e feia. Mais uma vez é reafirmada
a prioridade dos carros em detrimento de pessoas, seus meios de sobrevivência,
seu bem estar, sua segurança, ao ter que atravessar as faixas de uma avenida que apresenta condições tão adversas.
fotos de Rodrigo Paiva e Raquel Garcia
mar/2013/abril/2014
Um comentário:
Dá uma angústia e uma certa nostalgia ao ver a cidade mudando sem priorizar as pessoas. Tudo é criado para o carro. Lembro da imagem, embora pouco cuidada, da Av. Bezerra de Menezes vista da janela do 13º andar de um determinado prédio, que costumava apreciar.As árvores adornando toda a extensão da avenida, além do maravilhoso sombreado que nos permitia andar pelo canteiro central enfeitavam a avenida e tornavam o espaço mais acolhedor. Hoje, vendo a mesma imagem é desolador o vazio, o feioso canteiro, desordenado, mais parecendo uma gaiola com bichos desorientados de um lado a outro.
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