quarta-feira, 7 de maio de 2014

Lugares do Passado – A Fazenda Linhares


Aqui e ali, andando por essas terras do nosso Ceará nos deparamos com lugares que conheceram prosperidade, produziram riquezas, conheceram moradores, agregados e empregados, e lá um dia, por algum motivo, foram abandonados.
A Fazenda Linhares, localizada as margens da CE 065, no Distrito de Água Verde, município de Palmácia, é um desses locais. Em estado de total abandono, tanto por parte dos proprietários, quanto do Poder Público,  o belo casarão e as demais construções situadas dentro da propriedade, estão a beira da ruína.
Era na Fazenda Linhares que até meados da década de 1970, se fabricava a Cachaça Três Trincas. Depois de uma explosão nas caldeiras, o engenho foi desativado e (não se sabe ao certo quanto tempo depois), o casarão também foi abandonado. 

O Casarão em estilo neoclássico foi construído em 1912, conforme consta no alto da fachada, o que lhe confere respeitáveis 102 anos.






Na propriedade ainda se encontra todo o maquinário que era usado na produção da Cachaça Três Trinca, hoje desativada. Também podem ser encontrados alguns toneis que armazenavam a aguardente e muitos documentos jogados no chão.










A construção da rodovia CE 065, cortou a propriedade ao meio. De  um lado, estão o Casarão, os restos do engenho, o antigo escritório e um enorme galpão;  do outro lado, a antiga capela, algumas casas, algumas benfeitorias: tudo vazio, tudo abandonado. 



 
Localizado no pé da serra de Palmácia, o chamado Casarão dos Linhares é de propriedade dos herdeiros de Máximo Linhares, irmão do Ex-presidente da República, José Linhares. 
Trata-se de um rico patrimônio histórico e cultural, que merecia melhor sorte, ao invés do abandono puro e simples. Quanta história, quanta informação preciosa devem conter aqueles velhos papéis que ninguém quis preservar! documentos, utensílios, maquinários, edificações,  tudo jogado a esmo, trastes sem nenhum valor, retrato da nossa ignorância, atestado do nosso atraso cultural, com relação a tudo que diga respeito a pobre história do Ceará.  

OBS:
A fazenda não tem acesso liberado, a porteira é trancada com cadeados e correntes conforme já tínhamos observado em outras oportunidades.No dia em que fizemos as fotos, o acesso estava livre e alguns jovens visitavam o local. As fotos foram feitas em março de 2014.

23 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, fiquei impressionado com a riqueza de história dessa propriedade, deu muita vontade de conhecer. Pena que não é preservada...

Warley Camurça

Fátima Garcia disse...

Warley Camurça, pena mesmo, o lugar é belíssimo, com muito verde e no meio das serras do maciço de baturité. Deveria ser preservado e transformado em museu ou num equipamento cultural.

Unknown disse...

Pesquisado na net achei esse blog, minha surpresa quando vi essa matéria sobre minha terra, meu lugar, emocionei-me muito, meus parentes(Tio e sua família) foram os últimos a sair deste lugar e lamento como um povoado acaba assim.
Na época da explosão minha Mãe estava gravida da minha primeira irmã, ela relatou como foi a explosão da caldeira, dizendo que morreu duas pessoas, segundo a minha mãe que está ao meu lado com muita tristeza disse após a explosão o lugar foi mudando e as pessoas aos poucos foram indo embora, Minha mãe com o meu Pai vieram pra fortaleza em 1980 após um ano do meu nascimento mas, eu nunca perdi o vinculo com esse lugar, minha avó hoje tem 95 e ainda lembra da Água Verde com muita saudade.

Unknown disse...

Pesquisado na net achei esse blog, minha surpresa quando vi essa matéria sobre minha terra, meu lugar, emocionei-me muito, meus parentes(Tio e sua família) foram os últimos a sair deste lugar e lamento como um povoado acaba assim.
Na época da explosão minha Mãe estava gravida da minha primeira irmã, ela relatou como foi a explosão da caldeira, dizendo que morreu duas pessoas, segundo a minha mãe que está ao meu lado com muita tristeza disse após a explosão o lugar foi mudando e as pessoas aos poucos foram indo embora, Minha mãe com o meu Pai vieram pra fortaleza em 1980 após um ano do meu nascimento mas, eu nunca perdi o vinculo com esse lugar, minha avó hoje tem 95 e ainda lembra da Água Verde com muita saudade.

Fátima Garcia disse...

Fabio Castro Alves, não entendo como um lugar daqueles fica abandonado do jeito que está: na beira de uma estrada, pertinho de municípios como Palmácia e Pacoti, cercado pelos serrotes do maciço de baturité, e com infra estrutura de casas. Dentro da área da fazenda tinha muito gado, não sei de onde veio, mas a fazenda parece inativa. Uma pena!

Carlox.imoveis disse...

Minha mãe e todos os meus tios nasceram nessa fazenda. Ela e duas tias minhas voltaram hoje de fortaleza e disseram ter ouvido relatos do povo q mora ao redor dela, q o lugar se tornou mal assombrado e esse seria o principal motivo do abandono, uma pena, quero tanto poder visitar os lugares de minhas origens tantos daí do Ceará como daqui da Paraíba, mas infelizmente volto pro RJ essa semana, porém qnd tiver uma oportunidade irei visitar com certeza.

Lincoln Reginaldo disse...

Quando a caldeira explodiu eu tinha 3 anos de idade. Meu pai trabalhava na destilarIa. Estava saindo para o lanche das 9h. A pressão das caldeiras não foi controlada, causando a explosão. Meu pai conta que todos ficaram abalados... a produção caiu e ninguém tinha ânimo, então, iniciou-se o êxodo... Fomos morar em Palmacia. Hoje relembro com tristeza ao ver tanta história abandonada e esquecida...

Fátima Garcia disse...

belo depoimento, Carlox, achei muito legal o ambiente da fazenda, deve ter sido muito bom ter vivido por lá apesar da fama de mal-assombrado. Aliás ninguém falou nada sobre isso quando fui lá. abs

Fátima Garcia disse...

Lincoln Reginaldo, vou escrever uns itens sobre a Fazenda Linhares e enviar para voce e para os demais que moraram lá para que vcs registrem suas memórias e suas impressões de quando moraram lá. Depois, vou fazer um poster contando tudo sobre a fazenda Linhares. Topa?

Unknown disse...

Bom, hoje estou com 56 anos. Lembro muito bem desse lugar e de seus moradores, senhor Edmar, Godofredo, Wellington...Não consigo entender o porquê deste abandono e a razão pela qual toda aquela população abandonou aquele lugar. Pesquei muitas vezes tanto no açude atrás da casa grande como também, no açude da botija. Quantas vezes merendei naquela bodeguinha que ficava às margem da subida da serra em frente a casa do sr. Edmar...
Sinto muitas saudades !!!

Neto Guerra- sou filho do Zé Lobo-dos Correios.

Fátima Garcia disse...

É tudo um grande desperdício, Neto Guerra, faz pena um lugar tão bonito, com tanto potencial inclusive turístico,ser esquecido desse jeito.
abs

LIFE STYLE disse...

Conheci os donos. Alguns deles tinham um apartamento próximo ao antigo aeroporto de Fortaleza. Me falaram que toda a produção era exportada para Holanda. Experimentei em visita a convite deles. Ainda tenho 3 miniaturas originais. Guardadas durante todo está tempo. Comprei no Aeroporto de Fortaleza.

Cícero Lima disse...

Olá, Sou Cícero Lima, sou pesquisador e Historiador Amador... Admiro esses lugares abandonados, por haver muita história... Prezado Fábio Castro Alves ou os demais que conhece o lugar, saberia me informar se ha possibilidade de acesso, para conhecê-lo?

Meus Parabéns, prezada Fátima Garcia, por este banco de dados histórico!

Unknown disse...

Boa noite dona Fatima, sou um mochileiro apaixonado pelo meu CE, coleciono historias, essa é a herança que deixarei para minha filha... Mas em fim pesquisei e nunca havia encontrado o motivo do abando deste casarão de 1912... fiquei saciado agora, e venho aqui registrar que um ano depois a cruz da capela ruiu ao chão, deixando maior sinal de abandono... acredito que alguém está subtraindo as telhas estavam empilhadas sobre as paredes, e sempre que passo ali e marotamente invado afim de colher algum detalhe novo, entristeço-me com tamanho descazo/vandalismo.

Unknown disse...

Tenho 28 @nos ainda bebi essa cachaça, wisk nenhum tem um sabor tão bom quanto a três trinca, meu pai tinha três litros na dega. Em palmacia ce 😉

Unknown disse...

Eu gostaria muito de conhecer o local , matéria maravilhosa parabéns . Saberia me informar algum contato para marcar uma visita ?? Grata

Unknown disse...

Meu avô chegou nessa fazenda em 1940 para construir seu açude. Meu bisavô era construtor de açudes. Por 60 anos meu avô Raimundo Edmar Pereira administrou essa fazenda.o abandono se deu após a morte de Lauro Fiúza, esposa dá Herdeira Máximo Linhares. O a data que consta na fachada do casarão data de 1912, mas na verdade, segundo o meu avô já falecido, o sobrado é do século 19 e em 1912 passou por uma reforma e foi colocado axdata que se vê hoje. Vivi minha infância ali. Montei naquela vilinha que fica após a igreja. Apenas 3 cômodos era a minha casa. Eu era feliz e não sabia
Wellington Pereira.Programa Palmácia em Foco FM Torre da Lua Palmácia Ceará.

Unknown disse...

Apesar de ter acontecido a explosão das caldeiras, mas a história é muita linda e rica. Gosto muito de histórias assim. O passado sempre deixa muita lembranças e histórias. Sou do Ceará, mas não conheço este lindo lugar. Mas mesmo sem conhecer, me faz voltar no tempo em fração de milésimos como eu estivesse vivendo aquela época, aquele momento. Isto é extraordinário. E tenho certeza que o mesmo acontece com todos que gostam histórias antigas. Estas histórias são grandes riquezas, mas infelizmente, muitas delas esquecidas e destruídas pelo o abandono. Eu sou apaixonado por estas histórias. Me faz esquecer a correria do dia-a- dia de hoje e me faz voltar naquela época como se fosse hoje.

Unknown disse...

Também tenho ligação com essa fazenda qual o nome da sua vó

Unknown disse...

Quero muito conhecer detalhes da história dessa fazenda!

Unknown disse...

Conte mais sobre a fazenda!

Sérgio Vieira disse...

Essa propriedade foi conhecida como a ÁGUA VERDE DOS COSTAS pois pertencia ao meu bisavô PORFÍRIO COSTA RIBEIRO, rico comerciante e homem de negócios. Possui mais de três mil hectares e só o baixio para plantio de cana de açúcar é de mais de duzentos hectares. Sempre foi reconhecida como uma das melhores propriedades do estado do Ceará. Porfírio só vendeu a Água Verde porque teve um grande prejuízo em um determinado ano. Ele era exportador de algodão e borracha para a Europa e tinha o costume de adiantar valores para os produtores pagarem na safra. Ocorreu, contudo, que em determinado ano, houve uma restrição grande na produção e ele não recebeu praticamente nada dos produtores. Para honrar seus compromissos, foi obrigado a se desfazer da sua bela fazenda. É triste ver o estado em que se encontra hoje a propriedade, mas isso vai mudar. Tenho fé em Deus de quem haverá alguém que mudará esse cenário e trará de volta a beleza dos tempos áureos do passado.

Fátima Garcia disse...

Sérgio Vieira, há um tempo tive a informação que essa propriedade havia sido comprada recentemente por uma determinada indústria de Fortaleza. Não sei se procede, nem se foi feita alguma intervenção no lugar, faz tempo que não visito a cidade. Seria muito bom se alguém investisse na recuperação da fazenda.