sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Eles Lutaram na Guerra do Paraguai


A Guerra do Paraguai foi um conflito entre os aliados Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, também conhecida por Guerra da Tríplice Aliança. A guerra foi causada pelos diferentes interesses que existiam entre as nações platinas na segunda metade do século XIX. O estopim para o início desse conflito ocorreu quando os paraguaios aprisionaram uma embarcação brasileira — o vapor Marquês de Olinda.


Cearenses na Guerra do Paraguai (foto Wikipédia)

A Guerra da Tríplice Aliança começou em 1864 e terminou em 1870, quando o Paraguai foi oficialmente derrotado e o ditador paraguaio Solano Lopez foi morto no mês de março.  Muitos brasileiros participaram, muitos perderam a vida e outros sobreviveram e tiveram seus esforços reconhecidos.


A época, Dom Pedro II era o imperador do Brasil e os dois grandes nomes do exército brasileiro no conflito foram o Duque de Caxias e o Conde D’Eu. Alguns monumentos e ruas de Fortaleza levam o nome de alguns desses militares. As duas primeiras estátuas que foram inauguradas em Fortaleza se reportam a dois deles, os dois nascidos no Ceará, os Generais Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza e Antônio Sampaio. Os demais homenageados são procedentes de vários estados brasileiros, e provavelmente, nunca estiveram no Ceará.

  

Praça General Tibúrcio - Centro




A primeira estátua da cidade, inaugurada em 1888, localizada no antigo Largo do Palácio, atual Praça General Tibúrcio, representa o general Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza, general do Exército Brasileiro. O general faleceu em Fortaleza, a 28 de março de 1885, com 48 anos incompletos, e foi sepultado do Cemitério de São João Batista. Em 1952 seus restos mortais foram exumados e depositados numa cripta na base do monumento.

   

Literato, professor e pensador, o general Tibúrcio tomou parte em vários combates, como  “Estabelecimento”, “Tuiutí”, “Lomas” “Valentinas” e “Peribebuí” e recebeu as seguintes condecorações: medalhas do Prata, de Corrientes (pelo Congresso Argentino) e Riachuelo; Cavaleiro e Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro, Comendador da Ordem da Rosa; Mérito Militar, Dignatário da Ordem, da Rosa, de Prata da Campanha do Uruguai, Geral do Campo. A Praça recebeu o nome do general um ano antes da inauguração da estátua, em 02 de fevereiro de 1887, por resolução da Câmara.


Estátua e Rua General Sampaio - Centro


Foto IBGE

O general Antônio de Sampaio, natural de Tamboril, nasceu em 24 de maio de 1810. Aos 20 anos de idade, alistou-se como Praça voluntária nas fileiras do então 22.º Batalhão de Caçadores, sediado na Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, alcançando todos os postos da carreira militar por mérito. Considerado um dos maiores militares da história do Brasil independente, participou de muitas das principais guerras travadas pelo Exército Brasileiro ao longo do século XIX, vindo a falecer a bordo do navio Eponina, decorrente dos três ferimentos recebidos na Batalha de Tuiuti no dia 24 de maio de 1866. É o patrono da Infantaria do Exército




A estátua do General Sampaio foi inaugurada no dia 24 de maio de 1900 na Praça Castro Carreira, (também conhecida por Praça da estação), em frente a Estação Central da Estrada de Ferro. Foi a 2ª a ser inaugurada em Fortaleza. Passou pela Avenida Bezerra de Menezes, pela Avenida Treze de Maio e atualmente encontra-se em frente ao quartel da 10ª. RM, na Avenida Alberto Nepomuceno. Além da estátua o General Sampaio também nomeia uma das ruas mais antigas do centro de Fortaleza, a antiga Rua da Cadeia, rebatizada por Rua General Sampaio por ocasião das comemorações dos 90 anos de nascimento do militar.


Avenida Duque de Caxias - Centro


Na Praça da Bandeira, encontra-se o busto do Duque de Caxias, inaugurado em 25 de agosto de 1947, na administração do prefeito José Leite Maranhão (1947-1948). Luís Alves de Lima e Silva, militar, natural do Rio de Janeiro, chefiou as forças brasileiras na Guerra do Paraguai e recebeu do imperador Dom Pedro II o maior título de nobreza dado a um brasileiro. É o patrono do Exército Brasileiro. O Duque de Caxias era natural do Rio de Janeiro, e empresta seu nome a uma das três avenidas mais antigas da cidade, o antigo Boulevard do Livramento, atual Avenida Duque de Caxias. 


Avenida Almirante Barroso – Praia de Iracema


Francisco Manoel Barroso da Silva, o Barão do Amazonas, nasceu em 29 de setembro de 1804 em Lisboa; veio para o Brasil, com seus pais e a Família Real portuguesa, chegando ao Rio de Janeiro em 1808.  Participou da Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, operando no Rio Paraná e, depois, no Rio Paraguai, até a Batalha de Curupaiti. Comandou a força naval brasileira que venceu, em 11 de junho de 1865, a Batalha Naval do Riachuelo, no Rio Paraná. Deixou o serviço ativo como Almirante e fixou residência em Montevidéu, no Uruguai, onde faleceu, em 1882. A Avenida que leva seu nome está localizada na Praia de Iracema.


Rua Sena Madureira - Centro


Antônio Sena Madureira participou da Guerra do Paraguai ainda no início de sua carreira militar. Foi capturado e acabou prisioneiro das tropas comandadas por Solano Lopez. Sena Madureira ficou conhecido pelo seu livro “A Guerra do Paraguai – resposta ao senhor Jorge Thompson” em que refutava as acusações do oficial inglês de Solano Lopez em relação ao suposto imperialismo brasileiro na Guerra da Tríplice Aliança, acusando o Paraguai como principal responsável pelo conflito. Nasceu em Recife. Hoje é nome de uma das ruas mais antigas do centro.


Rua Ana Neri – Jardim América


Ana Justina Ferreira Néri nasceu em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia, no dia 13 de dezembro de 1814. Foi a pioneira da enfermagem no Brasil, prestou serviços voluntários, nos hospitais militares de Assunção, Corrientes e Humaitá, durante a Guerra do Paraguai. Ana Néri teve três filhos, o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos Isidoro Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo. Em 1865, o Brasil integrou a Tríplice Aliança, que lutou na Guerra do Paraguai e os filhos de Ana Néri foram convocados para lutar no campo de batalha. Sensibilizada com a partida dos filhos, Ana Néri escreveu uma carta ao presidente da província oferecendo seus serviços de enfermeira para cuidar dos feridos de Guerra do Paraguai, enquanto o conflito durasse. Seu pedido foi aceito.  Finda a guerra, a enfermeira foi condecorada com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira Classe. Recebeu do imperador D. Pedro II, por decreto, uma pensão vitalícia com a qual educou sua família. Ana Néri faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio de 1880.


Avenida Almirante Tamandaré – Praia de Iracema


Busto do Tamandaré na Praça Amigos da Marinha, no Cais do Porto

Joaquim Marques Lisboa – Almirante Tamandaré foi militar da Marinha do Brasil. Combateu em todas as lutas do império, entre elas as "Guerras de Independência", "A Confederação do Equador", "A Guerra contra Oribe e Rosas" e a "Guerra do Paraguai". Recebeu o título de Almirante, o mais alto posto da Marinha. Comandou diversas esquadras. Foi nomeado Patrono da Marinha do Brasil.  O Almirante Tamandaré nasceu na vila de São José do Norte, Rio Grande do Sul, no dia 13 de dezembro de 1807 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1897. Posteriormente foi declarado “Patrono da Marinha Brasileira”. No dia de seu nascimento, 13 de dezembro, comemora-se o Dia do Marinheiro. Além de nomear a avenida, Tamandaré está imortalizado em um busto localizado na Praça Amigos da Marinha, no Cais do Porto, nas proximidades do Porto do Mucuripe.


Rua Conde D’Eu – Centro


O Conde D’Eu - Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans pode ter recebido a homenagem por outros motivos, principalmente por ser o genro do imperador, casado com a Princesa Isabel. Mas ele também foi ao Paraguai. Em Uruguaiana, foi nomeado comandante geral da artilharia e presidente da Comissão de Melhoramentos do Exército em 19 de novembro de 1865. Depois, por ser um oficial de alto escalão, com treinamento militar, foi convocado para liderar como comandante-em-chefe os exércitos aliados em 1869, após o Duque de Caxias ter-se demitido da função. A Rua Conde D’Eu, antiga rua Nova dos Mercadores, ganhou o nome do conde em 6 de abril de 1870.


Praça dos Voluntários (Praça da Polícia) - Centro


A Praça é dos Voluntários, mas o busto é de Getúlio Vargas

Localizada no Centro entre as Ruas do Rosário, Perboyre e Silva, General Bezerril e Monsenhor Luís Rocha. Chamada inicialmente de Largo do Garrote, mais tarde, Praça dos Voluntários da Pátria, em homenagem aos cearenses que seguiram para a Guerra do Paraguai, que se apresentaram voluntariamente.


Entre voluntários e convocados compulsórios, estima-se que o exército saído do Ceará era composto de 6.000 homens, dos quais a maioria esmagadora, sem treinamento, armamento inadequado, alimentação de péssima qualidade, sem assistência médica, cerca de 4.700 pessoas, acabaram mortas. Muitos dos sobreviventes cearenses, em torno de 1.300, ficaram no Rio de Janeiro e ocuparam o Morro do Juramento, considerado o primeiro agrupamento de cearenses, morando em barracos e cortiços, em total abandono. O Estado não lhes dava nem a passagem de volta para o Ceará. Deu-lhes a Av. Voluntários da Pátria, em Botafogo. Nada mais.


Praça dos Voluntários (Praça da Polícia)

A partir de 1932, a praça de Fortaleza teve o nome abreviado para Praça dos Voluntários. Em1941, na gestão do prefeito Raimundo Alencar Araripe o logradouro foi remodelado, ajardinado e iluminado e recebeu a estátua do então presidente Getúlio Vargas.


Todos estes logradouros têm denominação bastante antiga. Hoje, não receberiam esses nomes, mesmo porque, na cidade sem memória, ninguém mais os conhece, exceto, talvez, o General Tibúrcio.

 

A guerra produziu ainda um caso famoso na história cearense. O de Jovita Feitosa. Antônia Alves Feitosa, pertenceu a um ramo mais pobre de uma poderosa família latifundiária. Nasceu no povoado de Brejo Seco, nos Inhamuns, em 8 de mar de 1848. Ao saber do início da guerra do Paraguai, aos 17 anos, foi a Teresina, escondida do tio com quem morava. Decidiu ser “voluntário da pátria”.


Jovita Feitosa (foto Internet)

Como o exército não aceitava mulheres, passou a faca nos cabelos e pôs um chapéu de vaqueiro, apresentou-se, e foi inicialmente aceita. Mas teve sua identidade descoberta por conta da denúncia de outra mulher. Acabou incorporada, de saiote e blusa militar, com a divisa de primeiro sargento, seguindo para o Rio de Janeiro, em set de 1865. Mulata, de feições índias e estatura mediana, Jovita ganhou notoriedade e virou instrumento de propaganda do governo para estimular novos voluntários a “lutar pela pátria”.


Em novembro de 1865, o ministro da guerra afastou-a da tropa. Permanecendo no Rio de Janeiro, envolveu-se sentimentalmente com um engenheiro inglês, passando com ele a viver na praia do Russel. Ao saber que o companheiro fora embora, sem nenhuma comunicação, cometeu suicídio com uma punhalada no coração em 1867, aos 19 anos de idade.

 

Fontes: 

Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. De Josué Callander dos Reis

https://www.marinha.mil.br/dphdm/historia/almirante 

https://www.ebiografia.com/ana_neri/ 

http://www.casadoceara.org.br/

Guia Turístico da Cidade, PMF, 1961

A História do Ceará Passa por esta Rua, de Rogaciano Leite Filho

Praças de Fortaleza, de Maria Noélia Rodrigues da Cunha

fotos acervo do Fortaleza em Fotos 

Um comentário:

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