A Guerra do Paraguai foi um
conflito entre os aliados Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, também
conhecida por Guerra da Tríplice Aliança. A guerra foi causada pelos diferentes
interesses que existiam entre as nações platinas na segunda metade do século
XIX. O estopim para o início desse conflito ocorreu quando os paraguaios
aprisionaram uma embarcação brasileira — o vapor Marquês de Olinda.
A Guerra da Tríplice Aliança
começou em 1864 e terminou em 1870, quando o Paraguai foi oficialmente
derrotado e o ditador paraguaio Solano Lopez foi morto no mês de março. Muitos brasileiros participaram, muitos perderam
a vida e outros sobreviveram e tiveram seus esforços reconhecidos.
A época, Dom Pedro II era o imperador do Brasil e os dois grandes nomes do exército brasileiro no conflito foram o Duque de Caxias e o Conde D’Eu. Alguns monumentos e ruas de Fortaleza levam o nome de alguns desses militares. As duas primeiras estátuas que foram inauguradas em Fortaleza se reportam a dois deles, os dois nascidos no Ceará, os Generais Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza e Antônio Sampaio. Os demais homenageados são procedentes de vários estados brasileiros, e provavelmente, nunca estiveram no Ceará.
Praça General Tibúrcio -
Centro
A primeira estátua da cidade, inaugurada em 1888, localizada no antigo Largo do Palácio, atual Praça General Tibúrcio, representa o general Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza, general do Exército Brasileiro. O general faleceu em Fortaleza, a 28 de março de 1885, com 48 anos incompletos, e foi sepultado do Cemitério de São João Batista. Em 1952 seus restos mortais foram exumados e depositados numa cripta na base do monumento.
Literato, professor e
pensador, o general Tibúrcio tomou parte em vários combates, como “Estabelecimento”, “Tuiutí”, “Lomas” “Valentinas”
e “Peribebuí” e recebeu as seguintes condecorações: medalhas do Prata, de
Corrientes (pelo Congresso Argentino) e Riachuelo; Cavaleiro e Oficial da
Imperial Ordem do Cruzeiro, Comendador da Ordem da Rosa; Mérito Militar,
Dignatário da Ordem, da Rosa, de Prata da Campanha do Uruguai, Geral do Campo. A
Praça recebeu o nome do general um ano antes da inauguração da estátua, em 02
de fevereiro de 1887, por resolução da Câmara.
Estátua e Rua General Sampaio
- Centro
O general Antônio de Sampaio,
natural de Tamboril, nasceu em 24 de maio de 1810. Aos 20 anos de idade, alistou-se
como Praça voluntária nas fileiras do então 22.º Batalhão de Caçadores, sediado
na Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, alcançando todos os postos da
carreira militar por mérito. Considerado um dos maiores militares da história
do Brasil independente, participou de muitas das principais guerras travadas
pelo Exército Brasileiro ao longo do século XIX, vindo a falecer a bordo do
navio Eponina, decorrente dos três ferimentos recebidos na Batalha de Tuiuti no
dia 24 de maio de 1866. É o patrono da Infantaria do Exército
A estátua do General Sampaio
foi inaugurada no dia 24 de maio de 1900 na Praça Castro Carreira, (também
conhecida por Praça da estação), em frente a Estação Central da Estrada de
Ferro. Foi a 2ª a ser inaugurada em Fortaleza. Passou pela Avenida Bezerra de
Menezes, pela Avenida Treze de Maio e atualmente encontra-se em frente ao quartel
da 10ª. RM, na Avenida Alberto Nepomuceno. Além da estátua o General Sampaio
também nomeia uma das ruas mais antigas do centro de Fortaleza, a antiga Rua da
Cadeia, rebatizada por Rua General Sampaio por ocasião das comemorações dos 90
anos de nascimento do militar.
Avenida Duque de Caxias -
Centro
Na Praça da Bandeira,
encontra-se o busto do Duque de Caxias, inaugurado em 25 de agosto de 1947, na
administração do prefeito José Leite Maranhão (1947-1948). Luís Alves de Lima e
Silva, militar, natural do Rio de Janeiro, chefiou as forças brasileiras na
Guerra do Paraguai e recebeu do imperador Dom Pedro II o maior título de
nobreza dado a um brasileiro. É o patrono do Exército Brasileiro. O Duque de
Caxias era natural do Rio de Janeiro, e empresta seu nome a uma das três
avenidas mais antigas da cidade, o antigo Boulevard do Livramento, atual
Avenida Duque de Caxias.
Avenida Almirante Barroso –
Praia de Iracema
Francisco Manoel Barroso da
Silva, o Barão do Amazonas, nasceu em 29 de setembro de 1804 em Lisboa; veio
para o Brasil, com seus pais e a Família Real portuguesa, chegando ao Rio de
Janeiro em 1808. Participou da Guerra da
Tríplice Aliança contra o Paraguai, operando no Rio Paraná e, depois, no Rio
Paraguai, até a Batalha de Curupaiti. Comandou a força naval brasileira que
venceu, em 11 de junho de 1865, a Batalha Naval do Riachuelo, no Rio Paraná.
Deixou o serviço ativo como Almirante e fixou residência em Montevidéu, no
Uruguai, onde faleceu, em 1882. A Avenida que leva seu nome está localizada na
Praia de Iracema.
Rua Sena Madureira - Centro
Antônio Sena Madureira
participou da Guerra do Paraguai ainda no início de sua carreira militar. Foi
capturado e acabou prisioneiro das tropas comandadas por Solano Lopez. Sena
Madureira ficou conhecido pelo seu livro “A Guerra do Paraguai – resposta ao
senhor Jorge Thompson” em que refutava as acusações do oficial inglês de Solano
Lopez em relação ao suposto imperialismo brasileiro na Guerra da Tríplice
Aliança, acusando o Paraguai como principal responsável pelo conflito. Nasceu
em Recife. Hoje é nome de uma das ruas mais antigas do centro.
Rua Ana Neri – Jardim América
Ana Justina Ferreira Néri
nasceu em Vila de Cachoeira do Paraguaçu, Bahia, no dia 13 de dezembro de 1814.
Foi a pioneira da enfermagem no Brasil, prestou serviços voluntários, nos
hospitais militares de Assunção, Corrientes e Humaitá, durante a Guerra do
Paraguai. Ana Néri teve três filhos, o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos
Isidoro Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo. Em 1865, o Brasil
integrou a Tríplice Aliança, que lutou na Guerra do Paraguai e os filhos de Ana
Néri foram convocados para lutar no campo de batalha. Sensibilizada com a
partida dos filhos, Ana Néri escreveu uma carta ao presidente da província
oferecendo seus serviços de enfermeira para cuidar dos feridos de Guerra do
Paraguai, enquanto o conflito durasse. Seu pedido foi aceito. Finda a guerra, a enfermeira foi condecorada
com as medalhas de prata Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de Primeira
Classe. Recebeu do imperador D. Pedro II, por decreto, uma pensão vitalícia com
a qual educou sua família. Ana Néri faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de
maio de 1880.
Avenida Almirante Tamandaré –
Praia de Iracema
Joaquim Marques Lisboa –
Almirante Tamandaré foi militar da Marinha do Brasil. Combateu em todas as
lutas do império, entre elas as "Guerras de Independência", "A
Confederação do Equador", "A Guerra contra Oribe e Rosas" e a
"Guerra do Paraguai". Recebeu o título de Almirante, o mais alto
posto da Marinha. Comandou diversas esquadras. Foi nomeado Patrono da Marinha
do Brasil. O Almirante Tamandaré nasceu
na vila de São José do Norte, Rio Grande do Sul, no dia 13 de dezembro de 1807
e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1897. Posteriormente foi
declarado “Patrono da Marinha Brasileira”. No dia de seu nascimento, 13 de
dezembro, comemora-se o Dia do Marinheiro. Além de nomear a avenida, Tamandaré
está imortalizado em um busto localizado na Praça Amigos da Marinha, no Cais do
Porto, nas proximidades do Porto do Mucuripe.
Rua Conde D’Eu – Centro
O Conde D’Eu - Luís Filipe
Maria Fernando Gastão de Orléans pode ter recebido a homenagem por outros
motivos, principalmente por ser o genro do imperador, casado com a Princesa
Isabel. Mas ele também foi ao Paraguai. Em Uruguaiana, foi nomeado comandante
geral da artilharia e presidente da Comissão de Melhoramentos do Exército em 19
de novembro de 1865. Depois, por ser um oficial de alto escalão, com
treinamento militar, foi convocado para liderar como comandante-em-chefe os
exércitos aliados em 1869, após o Duque de Caxias ter-se demitido da função. A
Rua Conde D’Eu, antiga rua Nova dos Mercadores, ganhou o nome do conde em 6 de
abril de 1870.
Praça dos Voluntários (Praça
da Polícia) - Centro
Localizada no Centro entre as
Ruas do Rosário, Perboyre e Silva, General Bezerril e Monsenhor Luís Rocha.
Chamada inicialmente de Largo do Garrote, mais tarde, Praça dos Voluntários da
Pátria, em homenagem aos cearenses que seguiram para a Guerra do Paraguai, que
se apresentaram voluntariamente.
Entre voluntários e
convocados compulsórios, estima-se que o exército saído do Ceará era composto de 6.000
homens, dos quais a maioria esmagadora, sem treinamento, armamento inadequado, alimentação de péssima qualidade, sem
assistência médica, cerca de 4.700 pessoas, acabaram mortas. Muitos dos
sobreviventes cearenses, em torno de 1.300, ficaram no Rio de Janeiro e
ocuparam o Morro do Juramento, considerado o primeiro agrupamento de cearenses,
morando em barracos e cortiços, em total abandono. O Estado não lhes dava nem a
passagem de volta para o Ceará. Deu-lhes a Av. Voluntários da Pátria, em
Botafogo. Nada mais.
A partir de 1932, a praça de
Fortaleza teve o nome abreviado para Praça dos Voluntários. Em1941, na gestão
do prefeito Raimundo Alencar Araripe o logradouro foi remodelado, ajardinado e
iluminado e recebeu a estátua do então presidente Getúlio Vargas.
Todos estes logradouros têm denominação bastante antiga. Hoje, não receberiam esses nomes, mesmo porque, na cidade sem memória, ninguém mais os conhece, exceto, talvez, o General Tibúrcio.
A guerra produziu ainda um
caso famoso na história cearense. O de Jovita Feitosa. Antônia Alves Feitosa,
pertenceu a um ramo mais pobre de uma poderosa família latifundiária. Nasceu no
povoado de Brejo Seco, nos Inhamuns, em 8 de mar de 1848. Ao saber do início da
guerra do Paraguai, aos 17 anos, foi a Teresina, escondida do tio com quem
morava. Decidiu ser “voluntário da pátria”.
Como o exército não aceitava
mulheres, passou a faca nos cabelos e pôs um chapéu de vaqueiro, apresentou-se,
e foi inicialmente aceita. Mas teve sua identidade descoberta por conta da
denúncia de outra mulher. Acabou incorporada, de saiote e blusa militar, com a
divisa de primeiro sargento, seguindo para o Rio de Janeiro, em set de 1865. Mulata,
de feições índias e estatura mediana, Jovita ganhou notoriedade e virou
instrumento de propaganda do governo para estimular novos voluntários a “lutar
pela pátria”.
Em novembro de 1865, o
ministro da guerra afastou-a da tropa. Permanecendo no Rio de Janeiro,
envolveu-se sentimentalmente com um engenheiro inglês, passando com ele a viver
na praia do Russel. Ao saber que o companheiro fora embora, sem nenhuma
comunicação, cometeu suicídio com uma punhalada no coração em 1867, aos 19 anos
de idade.
Fontes:
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. De Josué Callander dos Reis
https://www.marinha.mil.br/dphdm/historia/almirante
https://www.ebiografia.com/ana_neri/
http://www.casadoceara.org.br/
Guia Turístico da Cidade, PMF,
1961
A História do Ceará Passa por
esta Rua, de Rogaciano Leite Filho
Praças de Fortaleza, de Maria Noélia Rodrigues da Cunha
fotos acervo do Fortaleza em Fotos
Um comentário:
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