Antônio Pinto Nogueira
Accioly governou o Ceará em três mandatos: 1896 a 1900; 1904 a 1908 e 1908 a
1912. Depois de 15 anos de liderança política, dava para perceber que os
conflitos, observados em todos os períodos de seu governo, se aguçavam,
indicando desgaste do poder. Os primeiros indícios da ruína já se
mostravam: começaram com divergências
entre as lideranças sertanejas, da mesma linha partidária; bandos de capangas
se armavam e investiam contra facções da mesma linha, o que deu origem a uma
autêntica babel política alimentada e estimulada pelas ambições de mando. Essa
situação se refletiu diretamente no governo.
Praça Marquês de Herval, espécie de cartão de visitas da administração de Accioly, foi destruída por populares
As passeatas organizadas
por populares se sucediam, cada vez mais concorridas e destemidas. Chegou-se a
até a reunir crianças numa Liga Infantil, e foi numa delas, realizada no dia 21
de janeiro de 1912, constituída de mais de seiscentas crianças, que funcionou
como estopim para a exploração do movimento armado popular. A cavalaria
investiu contra os manifestantes sem respeitar a presença das crianças,
resultando em mortos e feridos. A
população reagiu atirando contra a polícia e travando luta corpo a corpo.
Vários policiais foram abatidos, assim como várias crianças foram crivadas de
balas e jaziam na rua. O comércio fechou as portas, foram levantadas barricadas
e os policiais eram recebidos a bala.
As principais ruas e praças de Fortaleza se transformaram em campos de batalha, na maior explosão de revolta que a capital já conheceu. Armada, a população ocupou vários pontos da cidade, inclusive o Palácio do Governo, onde estava Accioly. Formou barricadas, promoveu saques e destruiu símbolos do poder de então. Entre os alvos, a Praça Marquês de Herval, remodelada pelo intendente Guilherme Rocha, e onde estava localizada a residência de Accioly, na esquina das ruas Guilherme Rocha com 24 de Maio. A revolta durou de 21 a 24 de janeiro de 1912, e só terminou com a deposição do presidente da província.
A multidão invadiu a delegacia Fiscal, a Cadeia Pública e cercou o Palácio do Governo. Era exigida a renúncia de Accioly como condição para o cessar fogo. Mesmo com a mediação do bispo D. Joaquim, o presidente se recusava a ceder. Mas teve de fazê-lo na manhã do dia 24, quando uma toalha branca atada a um cano de fuzil anunciou aos sitiantes a rendição de Accioly, sendo encarregado o Pe. João Alfredo Furtado de ler para o povo amotinado os termos da renúncia irrevogável. Na Praça do Ferreira, os revoltosos ouviram a leitura e só concordaram com a renúncia diante da permanência de reféns de membros da família Accioly. Então, sob a guarda do Dr. Paula Rodrigues ficaram José Accioly e Maurício Graco Cardoso. O presidente Accioly juntamente com outros familiares, foram encaminhados para o Quartel do Exército onde no dia seguinte foram embarcados no vapor Pará, com destino ao Rio de janeiro.
Durante a viagem ocorreu uma tragédia quando o navio fez uma escala em Natal, RN. Antônio Clementino, uma vítima de Accioly ameaçou invadir o camarote onde se achava o oligarca. O filho de Accioly, Antônio Pinto Nogueira Accioly Filho, atracou-se com o invasor e foi mortalmente ferido. O major Weyne, então ajudante de ordens do oligarca, revidou, abatendo a tiros o agressor. Accioly Filho seguiu viagem, mas veio a falecer quando o navio estava na Bahia.
Por ocasião do sepultamento, em Salvador, a família Accioly ainda passou por uma última humilhação: o enterro foi vaiado durante vários minutos por partidários do governador baiano J.J. Seabra. O triste episódio deu ensejo a que Rui Barbosa pronunciasse depois um de seus famosos discursos: o defunto vaiado.
A comitiva de Nogueira Accioly chegou ao Rio de Janeiro no dia 2 de fevereiro de 1912. Desembarcou no Cais Pharoux onde foi recebido por altas autoridades daquele Estado e por representantes do Governo Federal, como todo o estado maior do Ministro da Guerra, além de três bandas de música.
Passeata
das Crianças, manifestação contra o governo Accioly e em prol da candidatura Franco Rabelo,
duramente combatida pela polícia por ordem do governador. (arquivo Nirez)
As principais ruas e praças de Fortaleza se transformaram em campos de batalha, na maior explosão de revolta que a capital já conheceu. Armada, a população ocupou vários pontos da cidade, inclusive o Palácio do Governo, onde estava Accioly. Formou barricadas, promoveu saques e destruiu símbolos do poder de então. Entre os alvos, a Praça Marquês de Herval, remodelada pelo intendente Guilherme Rocha, e onde estava localizada a residência de Accioly, na esquina das ruas Guilherme Rocha com 24 de Maio. A revolta durou de 21 a 24 de janeiro de 1912, e só terminou com a deposição do presidente da província.
A bela residência da família Accioly, na Praça Marquês de Herval (atual José de Alencar), foi saqueada e incendiada pela população
Aspectos da A Praça Marquês de Herval depois da revolta
A multidão invadiu a delegacia Fiscal, a Cadeia Pública e cercou o Palácio do Governo. Era exigida a renúncia de Accioly como condição para o cessar fogo. Mesmo com a mediação do bispo D. Joaquim, o presidente se recusava a ceder. Mas teve de fazê-lo na manhã do dia 24, quando uma toalha branca atada a um cano de fuzil anunciou aos sitiantes a rendição de Accioly, sendo encarregado o Pe. João Alfredo Furtado de ler para o povo amotinado os termos da renúncia irrevogável. Na Praça do Ferreira, os revoltosos ouviram a leitura e só concordaram com a renúncia diante da permanência de reféns de membros da família Accioly. Então, sob a guarda do Dr. Paula Rodrigues ficaram José Accioly e Maurício Graco Cardoso. O presidente Accioly juntamente com outros familiares, foram encaminhados para o Quartel do Exército onde no dia seguinte foram embarcados no vapor Pará, com destino ao Rio de janeiro.
Nogueira Accioly (de preto e usando cartola), rumo ao navio Pará, que o levará ao Rio de Janeiro
Durante a viagem ocorreu uma tragédia quando o navio fez uma escala em Natal, RN. Antônio Clementino, uma vítima de Accioly ameaçou invadir o camarote onde se achava o oligarca. O filho de Accioly, Antônio Pinto Nogueira Accioly Filho, atracou-se com o invasor e foi mortalmente ferido. O major Weyne, então ajudante de ordens do oligarca, revidou, abatendo a tiros o agressor. Accioly Filho seguiu viagem, mas veio a falecer quando o navio estava na Bahia.
Por ocasião do sepultamento, em Salvador, a família Accioly ainda passou por uma última humilhação: o enterro foi vaiado durante vários minutos por partidários do governador baiano J.J. Seabra. O triste episódio deu ensejo a que Rui Barbosa pronunciasse depois um de seus famosos discursos: o defunto vaiado.
A comitiva de Nogueira Accioly chegou ao Rio de Janeiro no dia 2 de fevereiro de 1912. Desembarcou no Cais Pharoux onde foi recebido por altas autoridades daquele Estado e por representantes do Governo Federal, como todo o estado maior do Ministro da Guerra, além de três bandas de música.
Accioly (no meio, de cartola) desembarca no Rio de Janeiro em companhia de Rivadávia Correia, Oscar Lopes, Pedro Borges e Flores da Cunha. A esquerda, em plano mais elevado, o senador Francisco Sá.
O ponto de desembarque
foi isolado e agentes de polícia, e praças da cavalaria faziam a segurança do
Cais. Logo que o navio atracou, uma lancha partiu em direção ao paquete levando
a bordo uma comitiva liderada pelo Ministro da Justiça, Sr. Rivadávia Correia,
que foi recebido por Thomaz Accioly. O Ministro foi levado ao camarote de luxo
onde se encontrava Nogueira Accioly, todo de preto, e aspecto bastante abatido
em razão dos acontecimentos de Natal.
Fontes:
Revista Fortaleza, fascículo 5 de abril de 2006
Revista Fortaleza, fascículo 5 de abril de 2006
Jornal “A Noite”, de
02/02/1912
A História do Ceará passa
por esta rua, de Rogaciano Leite Filho
História do Ceará, de
Airton de Farias
9 comentários:
a veio o cel rabelo ., i pe cicero e o dr floro bertolomeu de a certaram com a sefição de juazeiro do norte e a famosa vala de nossa senhora...
Belo trabalho, eu amo conhecer mais da história da nossa bela capital.
Belo trabalho, eu amo conhecer mais da história da nossa bela capital.
Belo trabalho, eu amo conhecer mais da história da nossa bela capital.
Belo trabalho, eu amo conhecer mais da história da nossa bela capital.
Muito bom ler a nossa história.
As vezes me dá vergonha de ter esse sobrenome completo..
As vezes me dá vergonha de ter esse sobrenome completo..
Narrativa um tanto diferente da que consta no livro Fortaleza Descalça, de Otacilio de Azevedo. Este, inclusive, declara haver participado da revolta e ter feito parte dos que capturaram Acioli.
Gilberto Rabelo
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