quarta-feira, 16 de março de 2016

Os Primeiros Anúncios Publicitários

 Os anúncios surgiram da necessidade de se comunicar algo a determinado grupo de pessoas, como uma forma de comunicação que, em um primeiro momento, fosse mais eficiente do que o boca-a-boca. E acrescente-se que o jornal, foi por longos anos, o seu principal veículo. 

Os primeiros anúncios consistiam de um texto puro, sem ilustrações, e sem título, embora não tenha demorado muito para aparecerem os primeiros impressos com desenhos e figuras. 

O primeiro anúncio de Fortaleza foi publicado sob forma de aviso no Diário do Governo do Ceará, jornal fundado para a propaganda do movimento republicano de 1824, que, mesmo após o fracasso da revolução, continuou a circular como órgão da contra-revolução. Trata-se de uma despedida assinada pelo Padre Mororó onde comunicava sua partida para a Corte do Rio de Janeiro dentro de três dias.

Com o aumento do número de jornais e de outros veículos de comunicação, a prática de anunciar produtos ou serviços, ampliou-se naturalmente.  Pedro II, Cearense, O Sol, foram alguns dos jornais que circularam em Fortaleza.



O Jornal Pedro II circulou em Fortaleza entre 1840 e 1889. Era destinado a promover a política conservadora. Foi fundado a partir do periódico Dezesseis de Dezembro por Miguel Fernandes Vieira. O Cearense foi fundado em 04 de outubro de 1846, órgão do Partido Liberal, fundado por Frederico Augusto Pamplona, Tristão Araripe e Tomás Pompeu. Encerrou suas atividades em 1892, quando caiu o governo Clarindo de Queirós. Esses dois jornais eram os preferidos pelos anunciantes.


Anúncio publicado na Revista Verdes Mares - dezembro de 1932

Anúncios publicados em jornais na década de 1860, sem imagens:
 
O Sol (1863)
Delfina Maria da Conceição, moradora da Rua de Baixo, tem doces à venda de todas as qualidades, assim como aprompta qualquer encomenda com aceio e promtidão.

A Constituição (1865)
Vende-se quatro moradas de casa, cobertas de telha, uma com frente de tijolo e as outras de taipa, todas em bom estado, comprehendendo as ditas casas 120 palmos de terreno, e porção de fructeiras, bem como coqueiros, laranjeiras, limoeiros, araçazeiros, sidreiras, condeceiras, gravioleiras e outras mais desfructaveis: uma excelente baixa para capim, e banhos na Rua do Livramento desta cidade. 

 
Cearense (1866)
Ao amanhecer do dia 1 do corrente mez encontrei em minha salla uma porção de dinheiro; quem o tiver perdido apareça para lhe ser entregue; e, se por ventura é alguma restituição oculta, o sujeito que pretende fazê-la, procure-me para explicar-se, certo de que n’este negócio serão guardadas as devidas conveniências.
Fortaleza, 2 de fevereiro de 1866
O Vigário Miguel Francisco da Frota

Pedro II (1865)
Atenção! Para o baile do clube chegaram para o Bazar Cearense as verdadeiras luvas de pelica, de Juven, para homem e senhora. Rua da Palma n° 93.

Cearense (1865)
O abaixo-assinado compra e paga uma escrava de 14 a 20 anos de idade, sendo de bonita figura, e que tenha alguma idéia de engommado e cozinha.
Ceará, 28 de agosto de 1865
José Luiz de Sousa.

Pedro II (1868)
Achão-se a venda na Botica do Ferreira, além de outras, muitas coisas chegadas no último vapor, as melhores pílulas para sezões, assim como pílulas depurativas, reguladores, água ante-cancrosa, ótima injeção para gonorréias recentes e velhas, e o remédio mais eficaz para mordidas de animais venenosos.

Os anúncios impressos conseguiram ganhar mais espaço com o lançamento das revistas no início do século XX, onde páginas inteiras eram dedicadas a eles. Os anúncios, também eram denominados "Reclames”. 




 anúncios publicado em 1925, no Álbum do Ceará

No Brasil, a propaganda surgiu no Rio com a chegada  da família real, em 1808. Logo depois, chegou a São Paulo. Começou com os classificados. Em seguida, os anúncios ganharam ilustrações e, com o tempo, aprimoraram-se por meio de elaborados desenhos coloridos, cujo objetivo era chamar atenção para as ofertas.

Propaganda da Casa Albano no ano de seu jubileu em 1912




Anúncios de empresas cearenses publicados no Almanaque Hénault, no ano de 1913. O almanaque era produzido na França e impresso na Inglaterra. 

Fontes: 
Coisas que o Tempo Levou, de Raimundo de Menezes
Capítulos de História da Fortaleza do Século XIX, de Eduardo Campos
uma breve história dos anúncios publicitários. disponivel em
http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_arquivos/5/TDE-2011-07-07T120055Z-979/Publico/Capitu
lo4pg86_108.pdf

Um comentário:

Anônimo disse...

Que acervo rico! Uma pesquisa bibliodocumental bem recheadinha!