Em 10 de setembro de 1941 um grupo de quatro
pescadores cearenses empreendeu um “raid”
de jangadas, saindo de Fortaleza em direção ao Rio de janeiro. Manoel Olímpio
Meira, o Jacaré, presidente da Colônia de Pescadores; Manoel Pereira da Silva,
o Manoel Preto; Jerônimo André de Souza e Raimundo Correia Lima, o Tatá. Os
navegantes pretendiam com esse feito, levar uma mensagem de apelo ao então
presidente Getúlio Vargas, alertando para as precárias condições de trabalho
dos jangadeiros.
Em 16 de novembro de 1941, a Gazeta de Notícias estampou manchete com o título “apoteótica recepção no Rio”, ressaltando o bom êxito da missão dos 4 jangadeiros. Jacaré, ao saber que voltaria ao Ceará, de avião, respondeu com o bom humor de homem simples: vim feito peixe e vou voltar que nem urubu...
Essa façanha dos cearenses foi publicada na Revista Time, no final de 1941, e chamou a atenção do ator norte-americano Orson Welles, que incluiria o episódio em seu filme “It’s All True”, uma trilogia baseada em histórias reais, rodado no Brasil. A história daquela heroica travessia de 1941, quando num frágil embarcação, foram percorridos 2.500 quilômetros da costa brasileira, seria em parte, rodado no Ceará. Para atores deste tema do filme, foram contratados os próprios jangadeiros.
Em 1942 Welles desembarcou no Rio de janeiro para rodar It’s All True. Para melhor se inteirar sobre o que seria o terceiro tema do filme (os outros temas eram o Rio de Janeiro e a Bahia), Orson Welles fez sua primeira viagem a Fortaleza, visitando a terra e conhecendo os costumes de seus protagonistas. A filmagem começou em maio e Orson Welles intitulou-o de “four men on a raft” (quatro homens numa jangada).
Vários fatores contribuíram para a interrupção do filme. Entre esses, o rumo da mensagem que ele passaria, diferente daquela orientação da política da boa vizinhança, que desejava enfatizar uma visão paradisíaca do Brasil. O que deveria ser um documentário turístico, com a imagem de um país exótico e alegre, transmitido no exterior pela atriz e cantora Carmem Miranda e pelos desenhos animados do Zé Carioca, havia se transformado num libelo social, mostrando o lado real do Brasil, pela câmara de Orson Welles.
A Tragédia que tirou a vida de Jacaré
Em 16 de novembro de 1941, a Gazeta de Notícias estampou manchete com o título “apoteótica recepção no Rio”, ressaltando o bom êxito da missão dos 4 jangadeiros. Jacaré, ao saber que voltaria ao Ceará, de avião, respondeu com o bom humor de homem simples: vim feito peixe e vou voltar que nem urubu...
Essa façanha dos cearenses foi publicada na Revista Time, no final de 1941, e chamou a atenção do ator norte-americano Orson Welles, que incluiria o episódio em seu filme “It’s All True”, uma trilogia baseada em histórias reais, rodado no Brasil. A história daquela heroica travessia de 1941, quando num frágil embarcação, foram percorridos 2.500 quilômetros da costa brasileira, seria em parte, rodado no Ceará. Para atores deste tema do filme, foram contratados os próprios jangadeiros.
Casa do pescador Jerônimo, no Meireles
Orson Welles virou celebridade mundial com seu
noticiário radiofônico, quando em 1938 provocou pânico em milhares de ouvintes
desavisados. Baseado no filme “Guerra dos Mundos”, Orson Welles anunciou, pelo
rádio, um hipotético ataque de marcianos à cidade de New Jersey. Em 1940, escreveu, dirigiu, produziu e atuou em
Cidadão Kane, uma biografia disfarçada do poderoso magnata da imprensa americana
Randolph Hearst.
Orson Welles, sentado durante as filmagens no Mucuripe
No Brasil, onde permaneceu por cerca de 6 meses,
Welles iniciou a filmagem de “It’s All True”, encomendado pelos estúdios da
RKO. O filme fazia parte da política de boa vizinhança desenvolvida pelo
governo dos Estados Unidos. Preocupados com a indecisão ideológica dos países
latino-americanos diante da guerra, os norte-americanos – que ingressaram na
guerra em 1941 – tentavam construir uma identidade comum com seus vizinhos sul
americanos, visando a adesão destes à causa americana.
Em 1942 Welles desembarcou no Rio de janeiro para rodar It’s All True. Para melhor se inteirar sobre o que seria o terceiro tema do filme (os outros temas eram o Rio de Janeiro e a Bahia), Orson Welles fez sua primeira viagem a Fortaleza, visitando a terra e conhecendo os costumes de seus protagonistas. A filmagem começou em maio e Orson Welles intitulou-o de “four men on a raft” (quatro homens numa jangada).
prédio do Jangada Clube, local utilizado por Orson Welles como ponto de apoio em sua estada em Fortaleza
Durante as filmagens no Rio de
Janeiro, Jacaré, um dos personagens do filme, perdeu a vida acidentalmente, no
primeiro dia de filmagem, quando se reconstituía a chegada dos jangadeiros ao
Rio de Janeiro.Com isso, o filme de Orson Welles ficou inacabado. Pressionado
pelo estúdio, o diretor recebeu ordem de regressar o quanto antes aos Estados
Unidos. Welles indenizou a família de Jacaré e empenhou-se em concluir
o filme utilizando um dublê. Pressionado por todos os lados, com produtores
descontentes com a extensão das filmagens e com a ênfase na pobreza e na
negritude do episódio sobre o carnaval, Welles deixou o Brasil para nunca mais
voltar, sem ter a oportunidade de finalizar o “It’s All True”, editado
parcialmente sete anos depois de sua morte.
Vários fatores contribuíram para a interrupção do filme. Entre esses, o rumo da mensagem que ele passaria, diferente daquela orientação da política da boa vizinhança, que desejava enfatizar uma visão paradisíaca do Brasil. O que deveria ser um documentário turístico, com a imagem de um país exótico e alegre, transmitido no exterior pela atriz e cantora Carmem Miranda e pelos desenhos animados do Zé Carioca, havia se transformado num libelo social, mostrando o lado real do Brasil, pela câmara de Orson Welles.
A Tragédia que tirou a vida de Jacaré
Em 19 de maio de 1942, durante as filmagens na praia
do Juá no Rio, aconteceu o acidente. A mesma jangada usada na viagem ao Rio de
Janeiro foi atingida por uma forte onda, e virou, num dia de mar revolto,
jogando os quatro homens na água. Jacaré submergiu, voltou à tona, pediu
socorro, nadou desorientado mar adentro e desapareceu. Seu corpo nunca foi
encontrado. Muitas lendas e especulações surgiram com a morte do jangadeiro.
Nenhum amigo próximo acreditava que o mar pudesse vencer Jacaré: era tempo de pesada
censura e ele falava demais, daí ficou a suspeita de que o acidente pudesse ter
sido provocado.
fontes:
Ideal Clube - história de uma sociedade, de Vanius Meton Gadelha Vieira
fotos do Arquivo Nirez e do site Skyscrapercity.com
2 comentários:
Tenho esse mesmo sentimento Fátima,moro desde 2003 no interior do Rio Grande do Sul, mas é incomensurável o amor que tenho por Fortaleza, e isso graças as muitas lembranças que tenho. Cada vez que retorno, em média a cada dois anos, vejo o semblante desse grande amor mudar e cada vez reconheço menos....o amor continua, mas sinto nostalgia e angústia cada vez que a reencontro.....que aqueles que lá estão e que a amam cuidem dela, resgate-a e a mantenham amada....que ela continue sendo nossa FORTALEZA.
Amo Fortaleza ...Não sabia dessa linda história, além de bonita, muito importante para os nordestinos!!!
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