domingo, 29 de dezembro de 2013

A origem do Operariado Cearense

A Fábrica de Tecidos Progresso iniciou o processo de industrialização no Ceará

Na 2ª. Metade do século XIX verificou-se o tímido início da industrialização cearense. Em 1883 começava a funcionar a primeira fábrica fabril local. Antes, desde os anos 1830 e 1840, haviam surgido tipografias imprimindo os jornais das facções partidárias, e depois livros, panfletos, revistas,  de intelectuais e casas comerciais. Apareceram ainda fábricas pequenas de cigarros, chapéus, velas, óleos, bebidas, curtumes, gelo, etc. obviamente esse processo industrial era inexpressivo num contexto nacional – o Ceará continuava a ser uma província agroexportadora – mas apresentava um importante sentido social: possibilitaria o surgimento do operariado cearense.


Nessa classe, de numero reduzido, poderiam ser englobados ainda os chamados artistas, ou seja, os artesãos, pedreiros, carpinteiros, os catraieiros (estivadores portuários), os ferroviários (das estradas de ferro de Baturité e Sobral), os empregados ligados à produção de sal (como os salineiros dos rios Acaraú e Jaguaribe), os serviços de transporte urbano (condutores de bondes) e de água, energia e esgoto, entre muitos.

 trabalhadores da Estrada de Ferro Baturité
 
As condições de existência desses trabalhadores eram precárias: estafantes jornadas, inexistência de direitos trabalhistas, baixa remuneração, exploração de mão-de-obra feminina e infantil, habitações miseráveis. Assim, era natural que os operários buscassem se organizar para fazer frente às dificuldades. Segundo o historiador Geraldo Nobre, a primeira manifestação  de associativismo do trabalhador cearense teve caráter político-partidário, ainda ao tempo do império, com a União  Artística, organizada como ala do Partido Liberal.
 

 O Centro Artístico Cearense publicou o jornal Primeiro de Maio, tendo como dístico "Perseverança e Coragem" ao lado da inscrição "Proletários de todos os países, uni-vos" 

Depois surgiram entidades mutualistas e beneficentes, voltadas para a assistência dos filiados em caso de doenças, acidentes e mortes, como a Fraternidade e Trabalho, a União Artística Maranguapense e a Associação Tipográfica Cearense, que em 1876 deflagraria a primeira greve trabalhista, reivindicatória de melhor remuneração no Ceará, paralisando por alguns dias as oficinas de “Pedro II”, órgão do partido Conservador.
A década de 1860 marcou o aparecimento da imprensa operária local, no contexto das mudanças socioeconômicas e urbanas  que então ocorriam – crescimento de Fortaleza, ferrovias, comércio de algodão. Em geral eram jornais de pequeno formato, com circulação restrita e que não possuíam longa duração. 


Em 1862 circulava O Artista e no ano seguinte o jornal União Artística; em 1866 era vez de O Typographo, órgão da União Tipográfica Cearense e que trata de vários temas, sobretudo da carestia, a qual atingia especialmente a população mais pobre; no ano de 1878 surgia O Colossal, de uma Associação Tipográfica, e quatro anos depois, A Greve, também ligado aos tipógrafos, os quais mostravam-se engajados nas lutas de sua classe: em 1882 fizeram uma greve em resposta ao que consideravam abusos do periódico O Cearense, de Paula Pessoa, contra os ganhos mesquinhos e as condições de insalubridade no trabalho. O patronato não negociou com os grevistas e contratou substitutos.

extraido do livro de Airton de Farias
História do Ceará 
fotos do Álbum de Vistas do Ceará, 1908
Arquivo Nirez
e FIEC


3 comentários:

Anônimo disse...

Esta fotografia do cine Centro me enche de saudades Morava há três quarteiróes dele Centenas de filmes assisti naquele modestinho cinema da Tristão Gonçalves durante muitos anos Boa parte da minha vida entrava de graça porque o guarda que mantinha a ordem de nome Luis namorava a empregada lá de casa Ele dava um jeitinho por ali e eu tava dentro. Maravilha contemplar esta foto
José Vieira de Moura
jvsinatra@hotmail.com

Fátima Garcia disse...

Esse prédio tinha história, serviu a diversos movimentos históricos do operariado e da maçonaria. Foi tombado pelo município, mais deixaram sem qualquer manutenção até o edifício ficar em ruínas, então tomaram uma providência: demoliram.
Triste essa história, não é José Vieira?
abraço

Unknown disse...

Aí, funcionou também o Grupo Escolar Dr César Cals, no qual estudei, até o Grupo ser transferido para a Escola Integrada Dr César Cals (na Domingos Olímpio), lá por meados dos anos 70... Muuuitas saudades...