Reproduzindo a tendência das metrópoles brasileiras na
produção do espaço, em Fortaleza, a partir da década de 80 surgiram novas áreas de centralidades, ao mesmo tempo em que seu
centro tradicional iniciou sua transformação em centro de consumo popular.
Praça do Ferreira década de 50. O Centro tradicional era também o Centro principal (foto do Arquivo Nirez)
Com os atributos de concentrar o maior número de atividades,
dispor de amplas condições de acessibilidade e localizar-se num ponto em que
todos podem se reunir, despendendo o menor tempo possível, o centro se
constitui como o lugar de maior atração de consumidores da cidade e concentra o
maior número de empregos do setor terciário, que o qualifica como centro
principal da cidade, detentor de centralidade econômica.
Abrigo Central na Praça do Ferreira década de 50 (Arquivo Nirez)
O centro principal e o centro tradicional coincidem nas
metrópoles brasileiras. Tradicional por ser o marco histórico de surgimento da
metrópole, portanto, possuidor da centralidade política e cultural, pois
congrega equipamentos governamentais, religiosos, de lazer e de entretenimento,
que o potencializam como lugar de interação social e lhe conferem a simbologia
de centro de poder da cidade.
Nas metrópoles brasileiras, a burguesia abandonou o centro e
levou junto as atividades socioeconômicas que atendiam suas demandas.
Avenida Monsenhor Tabosa, uma nova centralidade
Depois, por meio da mídia, argumenta que o centro envelheceu
e, por isso, naturalmente se degradou. Tal postura que naturaliza o processo
social de deterioração é, de fato, a transformação do centro no centro da
maioria, pois passou a atender a demanda e os interesses das camadas populares.
Outro movimento evidenciado relaciona-se ao fato de que as
camadas de alta renda escolhem uma determinada região da cidade para se
concentrarem de modo predominante, passando a atrair progressivamente para lá,
atividades e equipamentos que atendem às suas necessidades, fazendo surgir uma
estrutura urbana formada por novas áreas de centralidade e pelo centro
principal.
Avenida Santos Dumont (arquivo Nirez)
No caso de Fortaleza, a partir da década de 1930, as camadas
de alta renda abandonaram o Centro para se estabelecerem na Aldeota, que se
expande na década de 1940 e se consolida na década de 1950, tendo como vetor de
estruturação urbana a Avenida Santos Dumont, na direção centro-leste,
confirmando a tendência desse segmento socioeconômico de se concentrar em uma
única região da cidade.
Feira de Artesanato na Avenida Beira Mar
Atraído por esse segmento, na década de 1970, surge na
Aldeota um embrião de uma nova área de centralidade, o qual se expande e se consolida nas décadas
de 1980 e 1990, constituindo-se em um subcentro com o porte de segunda mais
importante centralidade econômica de Fortaleza. A constituição desse subcentro
nessas duas décadas, coincide com a intensificação da tendência de deslocamento
de atividades socioeconômicas do centro tradicional na direção do bairro da
Aldeota.
Centro de Fortaleza tomado pelo comércio informal
Esse movimento, no entanto, não desbanca o centro tradicional
da sua condição de principal, pois o mesmo mantém sua posição de concentrar a
maior quantidade de empregos do setor terciário. O lugar das atividades que se
deslocaram é ocupado por atividades de comércio popular, as quais mantém sua
vitalidade econômica.
Assim, concentrando as centralidades econômica, política e cultural, o Centro tradicional de Fortaleza, se transformará no centro das camadas populares que atende a cidade como um todo e as regiões de sua área de influência.
Assim, concentrando as centralidades econômica, política e cultural, o Centro tradicional de Fortaleza, se transformará no centro das camadas populares que atende a cidade como um todo e as regiões de sua área de influência.
reprodução do artigo O Centro da Maioria
de Joaquim Cartaxo
publicado na Revista Fortaleza, fasciculo 10
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