Avenida Treze de Maio, trecho em frente a então Escola Industrial de Fortaleza, atual IFCE (foto do Arquivo Nirez)
Nos anos 1970, os setores médios com rendimentos que não
permitiam adquirir os cada vez mais caros imóveis na Aldeota, foram ocupando
áreas ao redor desta, com menor infraestrutura. Daí surgiram ou foram ampliados
bairros como Joaquim Távora, Fátima, Varjota, Papicu, Praia do Futuro. Não
raras vezes essa ocupação se fez via especulação imobiliária, expulsando
populações de favelados, migrantes e pescadores que residiam na região – embora
muitas dessas populações continuassem a residir na zona leste, como autênticos
guetos de pobreza, fornecendo mão-de-obra barata para as elites: lavadeiras,
empregadas domésticas, vigias, biscateiros.
Em 1950, a Imobiliário Diogo pôs á venda o loteamento que é hoje a Praia do Futuro. O terceiro da esquerda para a direita é o Governador Faustino de Albuquerque (foto do Arquivo Nirez)
As classes médias baixas, por sua vez, passaram a morar em
residências ou edifícios construídos conforme seu padrão financeiro, em áreas
ao redor do Centro ou nas proximidades das principais vias da cidade e de
alguma proximidade com áreas mais caras. Surgiram então bairros como Parquelândia,
Montese, Monte Castelo, Maraponga, São Gerardo. Tais regiões tornaram-se na prática,
centros secundários, pelos serviços e estruturas ofertadas ao longo dos anos –
comércio variado, autopeças, supermercados, agências bancárias – portanto,
Fortaleza passou a ter outros centros que não apenas o tradicional centro
histórico. Outra referência no crescimento da cidade era a Avenida João Pessoa,
que ligava o Benfica à Parangaba. Em virtude do intenso tráfego e dos acidentes
ali registrados, ela chegou a ser conhecida como “Avenida da Morte”. Em 1957 a
velocidade máxima permitida na via era de 40 quilômetros por hora.
Em 1950, a
Avenida 13 de maio encontrava-se aberta, ligando o Benfica ao Bairro de Fátima.
À proporção que os poderes públicos criavam uma infraestrutura mínima numa
região da cidade, poderia ocorrer também a ação de setores imobiliários
especulativos, elevando os preços dos terrenos nas áreas beneficiadas ou
coagindo os setores mais pobres a deixarem o local, originando sérios conflitos
pela posse da terra – exemplo disso foram as truculentas tentativas de expulsão
dos moradores da Praia do Futuro, do Papicu e da Avenida José Bastos.
Na luta
pelo direito de moradia digna, ressurgiriam no final dos anos 70, início dos
80, vários movimentos e organizações de bairros e favelas, normalmente ligados
a grupos de esquerda e que se engajariam também na crítica à Ditadura Militar.
Avenida João Pessoa, fins da década de 40/início da década de 50 (foto do Arquivo Nirez)
Avenida no Bairro José Walter, que a principio, era um conjunto residencial
Durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985), diante do
estrondoso déficit habitacional e da enorme pressão popular, foram construídos
conjuntos habitacionais para as camadas de médias baixas e populares – caso do
Conjunto José Walter, de 1970, e Conjunto Ceará, de 1977 – mediante financiamentos
do antigo BNH – Banco Nacional de Habitação. Estes conjuntos habitacionais situavam-se em
terrenos baratos e distantes do Centro e das áreas nobres, na direção do
Distrito Industrial de Maracanaú.
Avenida no Conjunto Ceará
Os novos conjuntos habitacionais provocaram o deslocamento
de parte da população da cidade e freou o acesso à metrópole. Na proximidade
daqueles conjuntos, não por coincidência, migrantes constituíram, igualmente
bairros pobres e favelas, a exemplo do Bom Jardim (vizinho ao Conjunto Ceará) e
Planalto Ayrton Senna (vizinho ao Conjunto Zé Walter).
Nos anos 1980, a construção de conjuntos habitacionais ultrapassou os limites do município de Fortaleza, sendo implantados em outras áreas da região Metropolitana, a exemplo do Nova Metrópole, em Caucaia, Timbó e Jereissati, em Maracanaú. A expansão urbana de Fortaleza, ia além de seu próprio território.
Conjunto habitacional em área periférica de Fortaleza
Nos anos 1980, a construção de conjuntos habitacionais ultrapassou os limites do município de Fortaleza, sendo implantados em outras áreas da região Metropolitana, a exemplo do Nova Metrópole, em Caucaia, Timbó e Jereissati, em Maracanaú. A expansão urbana de Fortaleza, ia além de seu próprio território.
extraído do livro de Artur Bruno e Aírton de Farias
Fortaleza: uma breve história
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