Em meados da década de 1940 a maioria das farmácias de Fortaleza ficava no centro, muitas no trecho da Praça do Ferreira. Por essa época, as boticas já não existiam, exceto a Pharmácia Galeno, sucessora da famosa Botica do Ferreira.
Os estabelecimentos farmacêuticos costumavam ostentar em suas fachadas, tabuletas com o aviso de que faziam manipulações, o que significava que ali se aviavam receitas de remédios produzidos de acordo com as especificações do médico e as necessidades de cada paciente. Eram comprimidos, xaropes, poções, pós, banhas e pomadas para os diversos males.
Mais eficazes do que os medicamentos industrializados de hoje, que não raro, causam efeitos colaterais, os remédios manipulados, produzido especialmente para cada paciente, eram seguros e eficientes.
Na década de 1940, Fortaleza teria pouco mais de vinte farmácias, quase todas na área central que, monopolizava a quase totalidade do comércio da cidade.
As exceções eram a Farmácia Arthur de Carvalho, no Benfica; a Farmácia Carneiro no Joaquim Távora, próximo ao Colégio das Dorotéias, e a Farmácia São Sebastião, à margem da linha férrea, no Otávio Bonfim.
Na Praça do Ferreira ficavam a Pharmácia Galeno, de Joaquim Studart da Fonseca, no local onde funciona atualmente a Loja Riachuelo, entre a Pharmácia Oswaldo Cruz e a antiga Loja 4.400, hoje Edifício Lobrás;
a Pharmácia e Drogaria Pasteur, fundada em 19 de setembro de 1894, na Rua Major Facundo, 16 (atual 538), pelo Dr. Leopoldo Domingues, que após 9 anos vendeu ao farmacêutico Francisco Linhares Filho, que por sua vez, em 1905, vendeu a Eduardo de Castro Bezerra.
A Pasteur era a mais famosa, a mais acreditada e a maior em instalações dentre todos os estabelecimentos farmacêuticos do Ceará, tendo, inclusive, fundo correspondente com a Rua Barão do Rio Branco – não havia galeria de correspondência entre os dois imóveis, era como se fossem dois estabelecimentos. Só mais tarde, no final da década foi aberta a circulação ao público.
Da mesma forma que a Pasteur, a Oswaldo Cruz, estabelecida na Rua Major Facundo, 576 também tinha fundos para a Rua Barão do Rio Branco. A Oswaldo Cruz funciona até hoje, no mesmo endereço.
interior da Farmácia Oswaldo Cruz em fotos de 1950 (Arquivo Nirez)
Ainda na Praça, tinha a Farmácia Francesa, na esquina do Excelsior Hotel, a Farmácia Belém, no extremo sul e as Farmácias Globo e Santo Antonio, na parte leste (Rua Floriano Peixoto).
Na Rua Guilherme Rocha, entre a loja Broadway e a Sapataria Granito estava a Farmácia Santa Helena; na esquina com a Barão do Rio Branco, ficava a Farmácia Conceição, num velho sobrado verde.
A Farmácia São José localizava-se nos baixos do edifício Vitória. A Farmácia São Francisco, ficava na esquina com a Avenida do Imperador, na Praça da Lagoinha.
A farmácia mais antiga da cidade, a Mamede, ficava na Rua Major Facundo, entre as Ruas Liberato Barroso e Pedro Pereira.
A tradicional Farmácia Theodorico estava localizada também na Major Facundo, vizinho à Casa Villar, logo após a Rua São Paulo.
Na esquina da Floriano Peixoto e Castro e Silva tinha a Pharmácia Santa Maria, que vendia os “Productos Cathedral”.
Na Rua Rua General Bezerril, ao lado do Palácio do Comércio situava-se a Farmácia Juliana e na mesma rua, já próximo à Praça dos Voluntários estava a Farmácia Motta. Na esquina das Ruas Major Facundo e Liberato Barroso estava a Farmácia Modelo e na mesma rua Liberato Barroso, tinha a Pharmácia Homeopática Frota. Havia também a Farmácia São João.
Sem muitas opções para divulgação de seus produtos, os laboratórios promoviam suas mercadorias, através de displays, que tinham que tinham formas atraentes, como os do Sal de fructa Eno, da Emulsão de Scott, do Sapalt, Produtos Ross, Instantina, Cibalena, Sal de frutas Piccot.
Todas as farmácias possuíam uma sala de espera, com cadeiras, mesinhas com revistas e cinzeiros, onde as pessoas aguardavam que os remédios solicitados fossem aviados.
E ali surgiam as amizades.
Por conta dessa proximidade é que naqueles tempos, a exemplo das barbearias, as farmácias também eram espaços de socialização, onde se formavam rodas de conversas, que reuniam pessoas de todas as classes sociais.
Fonte:
anúncio de produtos farmacêuticos da década de 1940
Disponivel em
http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro/propag.htm
Lopes, Marciano. Royal Briar: a Fortaleza dos anos 40. Fortaleza: ABC, Coleção Nostalgia, 1996.