primeiro avião que aterrissou nas águas da Barra do Ceará
As preocupações com a
navegação aérea no Ceará surgiu entre fins do século XIX e início do século
XX. E começou com um voo de balão, em 1º de janeiro de 1907, quando José Pereira
Pinto da Luz (Zé da Luz) partindo do
pátio interno do velho Quartel da Força Pública, atual 10ª. Região Militar sobrevoou
o céu de Fortaleza e desceu na Praia do Arpoador. O balão tinha 12 metros de
altura e chamava-se Brasil. A experiência foi repetida no dia 6, quando o
aeronauta caiu sobre a Santa Casa e quebrou a perna.
Já em termos internacionais, em 1922 Euclides Pinto Martins, cearense de Camocim,
empreendia um ousado raid aéreo Nova York – Rio de Janeiro, junto com outros
aviadores.
Porém antes da façanha
do cearense, o povo da pequena e pacata Fortaleza de princípio do século, já
travara conhecimento com aviões; é que no dia 16 de março de 1912, o
aviador francês Jean Felice, que aqui chegara dirigindo um aparelho marca Bieriot,
caía com ele, ao tentar a primeira decolagem, fato que ocorreu diante de grande
número de curiosos, reunidos no antigo Campo do Prado, no Benfica. Só alguns
dias depois, Jean Felice, sempre cercado da curiosidade popular, levantou voo
em sua máquina.
Mas o fato mais
eloquente como índice de interesse e participação dos cearenses na problemática
da aviação em seus primórdios foi a realização de Pinto Martins, do voo de New
York ao Rio de Janeiro comandando o hidroavião Sampaio Correia II, inaugurando
uma rota que até então não havia sido tentada.
chegada em Aracati, do piloto Pinto Martins, com seus companheiros de voo
Calcule-se então o que
terá sido a agitação da população da então próspera e dinâmica cidade de
Aracati, no litoral leste do Ceará. No dia 20 de dezembro de 1922, toda ela
aglomerada às margens do Porto Monteiro, à espera da amerissagem da estranha
ave, quando, da cabine, surgiu Pinto Martins, caboclo praieiro também, do lado oeste do mesmo litoral.
Já em idos de
1922, o Aracati recebia o cearense aviador, que inaugurava um longo e
acidentado voo entre New York e o Rio de janeiro, já trazendo consigo – com muito
senso de publicidade e sensacionalismo para a época – como companheiros de
aventura o norte-americano Walter Hinton, o jornalista George Bye, redator do
jornal New York World, o cinegrafista da Pathe J. Thomas Baltzelli e o
engenheiro mecânico John Willeyen. Ainda hoje o feito e a figura de Pinto
Martins estão envoltos em certo mistério, sabido que, em 12 de abril de 1924,
ele era encontrado morto, ao que se diz por suicídio, em seu apartamento no Rio
de Janeiro.
avião da Latecoera, que aterrissou na Praia de Iracema em 1927.
No dia 9 de dezembro de
1927, descia nas areias da Praia de Iracema nas proximidades da antiga estação radiotelegráfica,
o aparelho biplano de número 118 da companhia francesa Latecoera, pilotado pelo
aviador Vachet. Era um voo experimental, na tentativa futura de se estabelecer uma
linha aérea postal entre Buenos Aires e Belém do Pará.
o Hidroavião Bahia, pousou nas águas do açude do Cedro em 1930
Em 1930, no dia 9 de
fevereiro, alguns prósperos comerciantes do Ceará, entre eles Joaquim Markan e
Eurico Salgado Duarte, realizavam um
passeio aéreo, de Fortaleza à cidade de Quixadá, a bordo do hidroavião Bahia. O
aparelho pousou nas águas do açude do Cedro, pertencente que era à Nyrba
Line...
No mesmo ano, os jornais registravam como algo sensacional, o fato do comerciante Fernandes Junior ter saído de Fortaleza, ido e voltado à Belém, depois de pernoite na capital do Pará, em apenas 36 horas!
No mesmo ano, os jornais registravam como algo sensacional, o fato do comerciante Fernandes Junior ter saído de Fortaleza, ido e voltado à Belém, depois de pernoite na capital do Pará, em apenas 36 horas!
Hidroporto Condor, local de pouso e decolagens de aeronaves na Barra do Ceará
Apenas em 1930, no dia
12 de agosto, depois de longa espera por parte de quase toda a população,
chegava a esta capital uma esquadrilha de quatro aviões do Exército, os famosos
e históricos “Waco-Cabine”, que foram descer nas areias largas e planas da
Barra do Ceará.
A partir de 1930, na mesma proporção que crescia no mundo o entusiasmo pela navegação aérea, aqui no Ceará a aviação tornou-se um verdadeiro ideal, quer no campo militar, quer no civil. Daí o entusiasmo do jornalista Assis Chateaubriand, pioneiro da nossa aviação civil. A partir daí surgiram os aeroclubes, que dariam à aviação comercial, inúmeros e excelentes pilotos.
Corria o ano de 1923. Um ano depois da passagem do Sampaio Correia II, pilotado por Pinto Martins, Aracati recebia a visita de um hidroavião. Desta vez tratava-se de uma aeronave estrangeira, de procedência germânica. Era integrante de pequena frota pioneira da aviação comercial, que visava à costa brasileira para integra-la num complexo de comunicações comerciais regulares, de postais e de passageiros, embrião do futuro Sindicato Condor, que por muitos anos dominou os céus do Brasil, até o advento da segunda guerra mundial.
A partir de 1930, na mesma proporção que crescia no mundo o entusiasmo pela navegação aérea, aqui no Ceará a aviação tornou-se um verdadeiro ideal, quer no campo militar, quer no civil. Daí o entusiasmo do jornalista Assis Chateaubriand, pioneiro da nossa aviação civil. A partir daí surgiram os aeroclubes, que dariam à aviação comercial, inúmeros e excelentes pilotos.
Corria o ano de 1923. Um ano depois da passagem do Sampaio Correia II, pilotado por Pinto Martins, Aracati recebia a visita de um hidroavião. Desta vez tratava-se de uma aeronave estrangeira, de procedência germânica. Era integrante de pequena frota pioneira da aviação comercial, que visava à costa brasileira para integra-la num complexo de comunicações comerciais regulares, de postais e de passageiros, embrião do futuro Sindicato Condor, que por muitos anos dominou os céus do Brasil, até o advento da segunda guerra mundial.
Hidroavião Junkers 218, que explodiu em Aracati e matou os dois pilotos alemães
O avião vinha pilotado
por dois jovens louros que foram recebidos com entusiasmo pelos moradores de
Aracati. Os pilotos eram filhos do proprietário da fábrica alemã de cujas
oficinas saíram os aviões. Na partida, ao arremeter pelas águas da barra do Rio
Jaguaribe, não sustentou o voo e caiu em seguida, explodindo e carbonizando os
dois jovens pilotos.
monumento aos aviadores alemães em Aracati
O pai dos rapazes mandou
lá da Alemanha, algum tempo depois, as peças de um monumento, em mármore de
Carrara, que foi erguido nas proximidades do local do sinistro, encimado por
uma placa de bronze.
Em 1945, quando a alma brasileira protestava contra os torpedeamentos de barcos nacionais pelos submarinos alemães, o povo de Aracati destruiu o monumento.
Em 1945, quando a alma brasileira protestava contra os torpedeamentos de barcos nacionais pelos submarinos alemães, o povo de Aracati destruiu o monumento.
Extraído do livro
Crônica da fortaleza e
do siará grande, de Otacílio Colares
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