Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire foi o quarto
governador do Ceará no período colonial. Seu mandato de governador entre 1812 e
1820 foi um dos mais polêmicos, feito de realizações, autoritarismo,
perseguições e repressões. Ficou famosa sua fidelidade ao governo central
português. Hoje Governador Sampaio nomeia uma rua do Centro de Fortaleza.
Foi o primeiro administrador a incentivar as artes e as
letras no Ceará, promovendo outeiros ou serões literários; criou os Correios e
a implementou as Alfândegas provisórias de Fortaleza, em 1812 e das cidades de Granja,
Sobral e Crato; construiu novos edifícios públicos, entre os quais o Mercado Municipal.
Coube também ao governador Sampaio a recuperação do Forte de Nossa Senhora da
Assunção, que se encontrava em estado precário e quase em ruínas. Sampaio
contratou os serviços do engenheiro Silva Paulet que elaborou o projeto. Os
fundamentos do edifício foram lançados pelo governador em 12 de outubro de
1812. A obra foi feita principalmente com donativos angariados pelo governador e
seu antecessor Barba Alardo de Menezes, a quem, segundo João Brígido, coube a
ideia de reedificar a fortaleza.
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| A casa que pertenceu a José Antônio Machado e onde estiveram diversos órgãos públicos, foi a primeira sede dos Correios. Foi demolida para a construção do Fórum Clóvis Beviláqua. (Imagem Arquivo Nirez) |
No quesito servilismo, mandou que a população da vila de Fortaleza festejasse com luminárias, por três noites consecutivas, o nascimento do filho de D. Pedro Carlos, o infante D. Sebastião de Bourbon e Bragança. Quando foi notificado da morte de D. Maria I (primeira rainha reinante de Portugal), em 15 de junho de 1816, determinou que todo povo da vila e distritos vestisse luto rigoroso por seis meses e aliviado por igual período.
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| Dona Maria I, a louca. Rainha reinante de Portugal e Algarves, faleceu a 20 de março de 1816, no Convento do Carmo, no Rio de Janeiro (imagem wikipédia) |
Atendendo que os pobres e os escravos não podiam atender rigorosamente a esta determinação, por questões econômico-financeiras, permitiu que os homens trouxessem no chapéu e as mulheres na cabeça, qualquer retalho preto. Os que se recusassem seriam punidos com 30 dias de cadeia, para cada vez que fossem pegos sem o distintivo.
Segundo historiadores o Sampaio foi o responsável pela prisão
e tortura de Bárbara de Alencar, mantida prisioneira em uma pequena cela
subterrânea da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Além de Bárbara, outros
membros da família Alencar foram presos, acusados de subversão pelo governador,
devido ao envolvimento da família com a Revolução Pernambucana de 1817.
O governador Sampaio deixou o Ceará em 12 de janeiro de 1820
para assumir o governo da Capitania de Goiás, por ordem do reino de Portugal,
sendo substituído no Ceará pelo Francisco Alberto Rubin, Capitão de Mar e
Guerra, Comendador da Ordem de Cristo, nomeado por decreto de 4 de julho de
1818.
O Manuel Sampaio permaneceu no posto de governador de Goiás, até 1822, data da proclamação da Independência do Brasil. Ao voltar a Portugal recebeu da rainha Maria II o título de visconde, tornando-se então o primeiro Visconde de Lançada. Casou-se, em 1 de fevereiro de 1826, com Helena Teixeira Homem de Brederode, com quem teve dois filhos. Manuel Sampaio nasceu em Bragança, Portugal em 1778 e faleceu em 1856.
No período colonial, visando manter o controle e
centralização da administração nas colônias, e mais tarde, visando o desenvolvimento,
o Governo de Portugal instituiu o sistema de Capitanias Gerais, em vigor até
1821. A partir de 1821 as capitanias foram convertidas em províncias. O
Governador Sampaio veio dentro desse contexto.
Fontes: Ceará (homens e fatos), de João Brígido
Revista do Instituto do Ceará/Administração Manoel Ignácio de
Sampaio
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