Euclides Pinto Martins nasceu
em Camocim, em 1 de abril de 1892, filho de Antônio Pinto Martins e Maria de
Araújo do Carmo Martins. Foi criado no vizinho Estado do Rio Grande do Norte
porque seu pai, natural de Mossoró, foi convidado a representar a Companhia de
Salinas Mossoró Assú, em Macau. Pinto Martins começou a trabalhar em Natal, como
embarcadiço e com apenas 17 anos, era piloto de navio. No início de 1909, ainda
adolescente, com a anuência do pai, foi para os Estados Unidos fazer um curso
de Engenharia Mecânica. Concluído o curso, fez estágio na “Baldwin Locomotive”,
uma fábrica de vagões.
Voltando ao Brasil em 1911,
trabalhou na Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, no cargo de
engenheiro e na Estrada de Ferro em Natal. Retornou aos Estados Unidos por volta
de 1918, depois da morte da esposa, a americana Gertrudes Mc Mullan, com quem teve
uma filha chamada Ceres. Casou-se pela segunda vez com a também americana
Adelaide Sulivan, com quem teve sua segunda filha, Adelaide Lillian, em 1920.
Durante a década de 1920,
Pinto Martins se interessou pela aviação, que se encontrava em pleno
desenvolvimento. Em 1921, entrou em um curso de pilotagem e conseguiu o brevê. Com sua entrada no meio aeronáutico, conheceu
um veterano na área: Walter Hilton, instrutor de voo na Flórida. No ano
seguinte, o jovem aviador cearense e Hilton lutaram para realizar um sonho, o de
atravessar a América em um hidroavião, ação bastante temerária para a época. A primeira
tentativa, levada a cabo em agosto de 1922 fracassou, e o hidroavião Sampaio
Correa I caiu no mar próximo a Cuba.
Mas a dupla não desistiu, e
ganhou patrocínio do jornal The New York World para uma nova tentativa. A viagem começou em Nova Iorque, em novembro
de 1922, e terminou no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1923. Foram 175 dias de
travessia, 5.678 km de percurso, e cerca de cem horas de voo,
interrompidas muitas vezes pelos mais variados problemas, a bordo do
hidroavião Sampaio Correa II. A rota New York/Rio de Janeiro não tinha sido
realizada até então.
Desde o final da década de 1910
e por toda década de 1920, a história registra alguns feitos realizados por ousados
viajantes, pioneiros nas viagens áreas transatlânticas. Já em 1919, os pilotos
britânicos John William Alcock e Arthur Whitten Brown, realizaram o primeiro
vôo transatlântico sem escalas. Eles partiram de St. John's, Terra Nova e
Labrador, Canadá, para Clifden, Irlanda. O voo percorreu 3.138 km, e durou
cerca de 12 horas. Foram premiados com 50 mil dólares. O feito dos britânicos
foi superado logo após, em 1927, pelo piloto americano Charles Lindbergh, que
realizou o primeiro voo solitário transatlântico, sem escalas em avião.
Lindbergh partiu do Condado de
Nassau, Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em direção a Paris, França,
em 20 de maio de 1927, tendo pousado na capital francesa no dia seguinte. O voo
de Lindbergh durou 33 horas e 31 minutos. Pelo feito, o piloto recebeu o
"Prêmio Orteig", de 25 mil dólares, em oferta desde 1919.
Pinto Martins também teve seu
feito reconhecido: foi recepcionado pelo Presidente Artur Bernardes e recebeu
um prêmio de 200 contos de réis. Pinto Martins faleceu no Rio de Janeiro em 12
de abril de 1924, num episódio que nunca foi devidamente esclarecido. É sabido
que ele foi encontrado morto, ao que se diz por suicídio, em seu apartamento. Tinha
32 anos de idade.
O herói apagado
Uma lei definiu o nome do
aeroporto de Fortaleza: A Lei nº 1602,
de 13 de maio de 1952, denomina “Aeroporto Pinto Martins” o Aeroporto do Cocorote,
em Fortaleza. Assinada por João Café Filho, que à época acumulava as funções de
vice presidente da República e a Presidência do Senado Federal. Mas o aeroporto
de Fortaleza já não ostenta o nome de Pinto Martins em sua fachada. Normal. Como cobrar de estrangeiros a preservação da memória de nossas personalidades, se nós mesmo não temos essa preocupação?
fotos da Internet
2 comentários:
Uma belíssima história. Parabéns
AMEI A HISTÓRIA CONTADA SOBRE PINTO MARTINS
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