Em julho de 1957 ou 1958, um
acontecimento singular ocorreu nos céus de Quixadá, município localizado na
microrregião do Sertão de Quixeramobim, a 167 km de distância de Fortaleza. Um
jornal da época faz menção a uma grande explosão, enquanto outro noticia um
ruído de extrema violência sobre os tetos da cidade, trazendo o depoimento de
uma testemunha, segundo a qual, com a explosão, se formou uma coluna de fumaça
de altura impossível de calcular.
Quixadá (foto de Muhammad Said)
A explosão foi noticiada primeiramente em 1960, num livro intitulado Caminhos Brasileiros de Desenvolvimento, de autoria de Leôncio Basbaum, (Editora fulgor, São Paulo). Na página 21 se lê: "Ainda recentemente os Estados Unidos fizeram explodir uma Bomba A nos céus do Nordeste sem que os governantes e chefes políticos de nosso país se manifestassem de qualquer modo". Leôncio Bausbam, historiador, era natural de Pernambuco.
Anos mais tarde, um artigo
publicado num jornal de Fortaleza, reforça a versão de Basbaum para
aquele fenômeno: o clarão que ficou na memória dos moradores da área, teria
sido de fato, a explosão de uma bomba atômica, resultante de testes nucleares
clandestinos realizados pelos Estados Unidos.
Quixadá (foto de Muhammad said)
Pesquisas indicam que os anos de
1957-59 foram de intensa atividade no que se refere a testes nucleares realizados
pelos norte-americanos. E também nesse período aquele país realizou uma série
de testes clandestinos. Local dos testes: sul do Atlântico Sul. Os testes clandestinos (no total
de 3 explosões de baixa densidade) realizados no Atlântico Sul, receberam o
codinome de Operação Argus, foram realizados entre fins de agosto e início de
setembro de 1958, a bordo do navio da marinha americana USS Norton Sound, que fazia parte de uma força tarefa junto com
outros navios.
Segundo “O Jornal”, periódico que
circulava em Fortaleza, os navios estiveram em manobras de rotina no Atlântico
desde julho. Apenas em março de 1959, que o jornal The New York Times”, que
teve um de seus repórteres convidado para participar da operação, trouxe o
assunto à tona. Pareceu, portanto, uma dedução lógica, que as experiências
nucleares realizadas no Atlântico e as
explosões ouvidas em Quixadá faziam parte de um mesmo fenômeno.
Uma reportagem do jornal O Povo
de 2003, intitulada “Mistério no Céu do Sertão Central” conta que na cidade de
Madalena (no sertão central, próxima a Quixadá), um padre americano chamado
Richard Lee Cornwall (ou apenas padre Ricardo), realizava pesquisas desde 1998,
no intuito de comprovar que a explosão nuclear realmente ocorrera e que tivera
como epicentro uma área dentro do município de Madalena.
Em conversa com os
fiéis, o padre tomou conhecimento de um clarão que surgiu nos céus do então
distrito de Quixeramobim, ocorrido precisamente no dia 6 de agosto de 1957. O
fenômeno se constituiu de um clarão intenso no céu do município, testemunhado
por diversas pessoas, segundo alguns em 1957, para outros, em 1958. De acordo
com o padre, o número assustador de casos de câncer e de defeitos congênitos
ocorridos na comunidade pós fenômeno de 57, parece apontar para um evento
específico que apontaria para a utilização de armas nucleares.
Para os que testemunharam o fato
na época, a importância que lhe foi atribuída limitou-se apenas ao momento do
acontecimento. Sem conseguir uma explicação razoável, a população passou a
considerar o evento como um sinal do fim do mundo, fazendo com que o mesmo
caísse no esquecimento, sendo recordado 40 anos depois em razão da curiosidade
despertada pelo padre.
Testemunhas oculares do evento que
ainda vivem, lembram de um clarão brilhante no céu como se fosse um sinal na
lua ou uma estrela que explodiu. Uma comunidade refere-se sempre ao evento
"o fenômeno de '57'". O clarão foi tão resplandecente que uma pessoa
perto do epicentro, em Massapé Grande, falou que ficou quase cego.
Em Sabonete Macaoca as ovelhas e
vacas saíram do curral achando que já era dia. Em São Nicolau um homem viu três
lampejas alaranjadas dentro do clarão, uma atrás da outra. Em seguida, veio um
estrondo tão forte que sacudiu as telhas das casas e balançou redes dentro das
casas. Depois, a noite foi extremamente quente, até em cima da Serra do
Teixeira. Houve ventania. Uma senhora em Berilândia, Quixeramobim, lembrou o
vento frio, que vinha com certeza da atmosfera.
Outro homem morando em Vaca Serrada, um pouco a leste de Madalena, não olhou para fora de casa com medo, em razão do estrondo assustador. "Parecia como que uma banda do mundo caiu", disse. Em Salgadinho um homem lembra como as ovelhas mexeram e a terra estremeceu até o ponto de derrubar um pote de água que ele tinha em casa.
Outra pessoa ao outro lado do rio Barrigas, bem perto de Madalena, escreveu que: "era um clarão de uma intensidade tão grande que a primeira impressão que tive é que fosse um grande fósforo que havia explodido no ar... Fiquei atônito. Para o lado onde eu estava vindo, ou seja, do lado do Teotônio, minha sombra estava projetada no chão como se fosse pintado por alcatrão".
Até hoje, a hipótese da realização de testes nucleares clandestinos, é a mais plausível para o fenômeno acontecido nos céus do sertão central do Ceará na segunda metade dos anos 50. As datas são controversas, julho ou agosto, 1957 ou 1958, em razão dos dados obtidos virem de depoimentos orais, de pessoas que guardam na memória os eventos daquela noite distante, visto que não há registros nem documentos oficiais a respeito.
Outro homem morando em Vaca Serrada, um pouco a leste de Madalena, não olhou para fora de casa com medo, em razão do estrondo assustador. "Parecia como que uma banda do mundo caiu", disse. Em Salgadinho um homem lembra como as ovelhas mexeram e a terra estremeceu até o ponto de derrubar um pote de água que ele tinha em casa.
Outra pessoa ao outro lado do rio Barrigas, bem perto de Madalena, escreveu que: "era um clarão de uma intensidade tão grande que a primeira impressão que tive é que fosse um grande fósforo que havia explodido no ar... Fiquei atônito. Para o lado onde eu estava vindo, ou seja, do lado do Teotônio, minha sombra estava projetada no chão como se fosse pintado por alcatrão".
Até hoje, a hipótese da realização de testes nucleares clandestinos, é a mais plausível para o fenômeno acontecido nos céus do sertão central do Ceará na segunda metade dos anos 50. As datas são controversas, julho ou agosto, 1957 ou 1958, em razão dos dados obtidos virem de depoimentos orais, de pessoas que guardam na memória os eventos daquela noite distante, visto que não há registros nem documentos oficiais a respeito.
Testes Nucleares no Ceará? Memória,
Imaginário e Novos Significados. Do clarão em Madalena no fim da década de
1950. Tácito Thadeu Leite Rolim – Mestrado História Social/UFC
Wikipédia
Um comentário:
Em 1957, eu tinha 7 anos!
Por volta das 20:00 horas, início de agosto ou setembro, não tinha mais inverno, todos dentro de casa, escutamos um “trovão”, com um clarão, no rumo do Serrote do 40 ou Cacimba Nova, saímos para o alpendre e vimos uma bola de fogo ☄️, a qual apagou-se.
Minha Macaóca foi notícia internacional, e, só agora estou sabendo e relembrei aquela noite.
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