A Estrada de Ferro
Baturité foi criada no dia 25 de junho de 1870, projeto de iniciativa de uma sociedade composta pelo senador Tomaz Pompeu de Sousa Brasil,
o coronel Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba), o bacharel Gonçalo
Batista Vieira (Barão de Aquiraz), o engenheiro José Pompeu de Albuquerque
Cavalcante, e o comerciante inglês Henry Blockhurst, da firma inglesa R. Singlereust
e Co. O projeto original previa a construção de uma ferrovia ligando a Capital
do Estado até a Vila de Pacatuba, tendo um ramal até Maranguape.
Após o contrato de cooperação firmado entre a companhia e o
Governo Provincial do Ceará, passou a denominar-se Estrada de Ferro de
Baturité, e passou a ter como ponto final à cidade de Baturité, na região
produtora de café. O objetivo principal do empreendimento, era o transporte da
produção serrana para o Porto de Fortaleza. Antes da ferrovia, os produtos eram transportados no lombo de cavalos e jumentos.
No dia 1° de julho de
1873, foram iniciados os trabalhos de assentamentos dos trilhos. A EFB iniciou
suas atividades quando a locomotiva Fortaleza fez o percurso da Estação até a
parada do “Chico Manoel”, na então Rua do Trilho (atual Tristão Gonçalves)
esquina com a Rua Liberato Barroso. Em seguida foi inaugurado o trecho até a
estação da Parangaba, antiga Arronches,
em 30 de setembro de 1873. Depois, foram inauguradas as estações de
Mondubim, Maracanaú, em 1875, e em 1876, foi inaugurada a estação de Pacatuba.
A Estação Central, em Fortaleza,
mais tarde denominada Estação João Felipe teve o lançamento da pedra fundamental
em 30 de novembro de 1873, mas as obras só foram iniciadas em 1879, sendo
concluídas em 1880. O motivo da interrupção dos trabalhos foi a terrível seca
que assolou o Estado no período de 1877 a 1879, que abalou a situação
financeira da companhia. Tanto a estrada de ferro quanto a estação central
foram construídas utilizando a mão-de-obra de retirantes dessa estiagem
catastrófica.
O local escolhido para a
construção da Estação Central foi o antigo Campo da Amélia, atual Praça Castro
Carreira – conhecida por Praça da Estação – no terreno que corresponde ao
extinto Cemitério de São Casimiro. A partir de 1865, o campo santo ficou em
completo abandono até que, em 1877 se resolveu sua demolição. As autoridades
mandaram exumar alguns restos e os recolher ao Cemitério de S. João Batista. Em
1878 já estava quase tudo em ruínas: túmulos desmoronados, grades quebradas,
ossos dispersos pelo chão, onde animais pastavam tranquilamente. A Estação Central foi construída sobre esses
túmulos remanescentes.
E a Estrada de Ferro
seguiu rumo ao interior do Estado, em busca da serra, integrando cidades e
comunidades, levando mercadorias e pessoas, trazendo progresso, riqueza e
mobilidade. Foi de grande importância
para o desenvolvimento do Ceará e muito influenciou na criação das cidades por
onde ela cruzava. Não apenas fez surgir
novos núcleos de povoamento, mas também fez surgir novas ruas, novos traçados,
novos hábitos, novos horizontes. A inauguração de uma nova estação, movimentava
o comércio local e todo tipo de mercadoria era vendida na chegada do trem,
principalmente comidas, frutas e peças de artesanato local, aproveitando a nova
freguesia que chegava a bordo dos trens de ferro. As vendas feitas nos trens passaram
a ser a principal fonte de renda de muitas pessoas. Suas idas e vindas mexiam
com tudo por onde passava, movimentava pessoas, cargas, lugares, vidas e
sonhos.
Por
meio do Decreto nº 6.918, de 1 de junho de 1878, o Governo Imperial,
assumiu a parte construída da ferrovia e
os direitos da Companhia de prolongar os caminhos de ferro até o município de
Baturité. Em dois anos de trabalho, enquanto durou a estiagem, a estrada de
ferro empregou cerca de 50 mil retirantes cearenses na sua construção. Assim, seguindo a linha tronco ou Linha Sul, rumo a Baturité, foram implantadas
as seguintes estações:
Guaiuba - 1879/1880
A Estação de Guaiuba foi
a primeira do prolongamento da estrada de ferro desde Pacatuba, rumo à
Baturité. A cidade cresceu a partir da estação. O até hoje distrito de Guaiuba,
Água Verde, teve sua estação ferroviária inaugurada em 1879. No ano seguinte,
1880, foi inaugurada a Estação de Baú, mais tarde João Nogueira.
Acarape – 1879
O local em que a estação
foi construída chamava-se Calaboca e já existia antes da chegada da ferrovia.
Depois, com divisões municipais e anexações de distritos, passou a Redenção e
Acarape, que por sua vez, era o nome original do município no qual se situava o
povoado de Calaboca. A estação foi desativada em 1988.
Canafístula - 1880
Aracoiaba – 1880
A estação foi inaugurada
com o nome de Canoa. Aracoiaba tem, na verdade, duas estações: em algum
momento, a velha, a original, que ficava no bairro de Santa Teresa, foi
substituída por uma mais nova, no bairro São José, que é que hoje está ao lado
dos trilhos. Possivelmente esta estação original tenha sido a de Canoa, aberta
em 1880.
A estação de Baturité foi
inaugurada em 1882, permanecendo oito anos como ponta da linha. Era ela o
objetivo inicial da ferrovia. Ao lado do
prédio da estação, sobre um monumento, foi colocada uma antiga locomotiva - Maria
Fumaça, em comemoração aos cem anos do empreendimento. Ainda podem ser
observados os antigos armazéns e as antigas linhas que serviam para a manobra
dos trens. Baturité foi elevado à categoria de cidade desde 1858.
Capistrano – 1890
Os trabalhos de prolongamento
da estrada ficaram paralisados por 8 anos depois que a ferrovia chegou à Baturité.
Em 1890 as obras foram retomadas com a inauguração da estação de Capistrano, à
época um simples povoado denominado Riachão, subordinado ao município de Baturité.
A estação de Riachão foi a primeira feita para escoamento da madeira produzida
na região. Com a estrada de ferro, Riachão logo prosperou, ativando seu
comércio com outras localidades, conquistando o título de povoado, concedido
pela Câmara Municipal de Baturité. O distrito foi criado em 1896. Em 1931, o
seu nome foi alterado para Capistrano de Abreu, em homenagem ao historiador
brasileiro. Foi elevado à categoria de
município com a denominação de Capistrano, pela lei estadual nº 1153, de 1951.
A estação de Cangaty foi
inaugurada em 1890, quando a localidade ainda era distrito de Baturité. Em 1944
seu nome foi alterado para Caio Prado. Caio Prado é distrito de Itapiúna desde
1953.
Itapiúna – 1891
A estação de Itaúna foi
inaugurada em 1891. Mais tarde seu nome foi alterado para Itapiúna. O prédio
atual foi construído entre os anos 50 ou 60 substituindo o original.
No ano de 1891, Quixadá
passou a contar com duas estações ferroviárias, nos distritos atualmente
denominados Muxiopó e Juatama. A estação do Junco foi inaugurada em 1891, com o
nome da fazenda dos Queiroz, que já existia à época. Nos anos 1940 teve o nome
alterado para Muxiopó. Em 1961, o nome foi alterado para Daniel de Queiroz. A
estação de Juatama foi inaugurada no mesmo ano, 1891.
Duas estações
ferroviárias foram inauguradas em Quixeramobim no mesmo ano, 1894: uma na sede do município e a
outra no distrito de Uruquê, esta denominada Estação Francisco Sá. Em 1899, em um povoado, foi inaugurada a terceira estação ferroviária de Quixeramobim, que recebeu o nome de Prudente de Morais.
Redenção – 1896
A estação de Itapaí foi inaugurada em 1896, na subida
da serra entre Fortaleza e Baturité. Em 1922 era apenas uma parada. Na década
de 1940 seu nome foi mudado para Amaro Cavalcante.
Vicente de Castro – 1899
A estação de Sebastião de Lacerda foi inaugurada em 1899. Mais tarde teve o nome alterado para Vicente de Castro. Não há uma definição exata sobre qual localidade foi instalada a estação, mas os mapas ferroviários a situam entre os municípios de Quixeramobim e Senador Pompeu.
Vicente de Castro – 1899
A estação de Sebastião de Lacerda foi inaugurada em 1899. Mais tarde teve o nome alterado para Vicente de Castro. Não há uma definição exata sobre qual localidade foi instalada a estação, mas os mapas ferroviários a situam entre os municípios de Quixeramobim e Senador Pompeu.
O trem chegou à vila de Humaitá
em 1900, com a inauguração da estação homônima. Em 1901, Humaitá foi elevada à
categoria de município com o nome de Senador Pompeu, um dos idealizadores da
estrada de ferro, em 1870.
Piquet Carneiro - 1907
A estação de Girau foi
inaugurada em 1907. Sua inauguração mereceu até uma nota do jornal O Estado de
S. Paulo de 16/11/1907, talvez por ser, então, ponta de linha - condição que
manteve até meados do ano seguinte. O nome foi mais tarde alterado para Piquet
Carneiro, homenagem ao engenheiro
Bernardo do Piquet Carneiro, que dirigiu a Rede de Viação Cearense, chefiou a
comissão encarregada de concluir o Açude Cedro em Quixadá e construiu outros
Açudes públicos no Ceará. Uma segunda estação,
a de Miguel Calmon foi inaugurada em 1908, no local correspondente ao atual distrito
de Ibicuã. Mais tarde seu nome foi alterado para o nome do Distrito.
Acopiara – 1910
A estação Afonso Pena foi inaugurada em 1910, no povoado de Lajes, à época subordinado ao município de Iguatu. Lajes começou a se desenvolver justamente em razão da chegada da estrada de ferro. O município foi criado em 1921, desmembrado de Iguatu, e elevado a categoria de Vila; em 1938, foi elevado à categoria de Cidade. Em 1943 passou a se chamar Acopiara. Apesar de só ter sido inaugurada em 1910, em janeiro de 1909, o jornal O Estado de São Paulo publicava a noticia dando conta da conclusão do prolongamento da estrada de ferro, no trecho correspondente a cerca de 27 quilômetros entre as estações de Miguel Calmon e Afonso Pena. E que a inauguração dependia de acerto entre governo e arrendatários.
Tendo a estrada de ferro sido arrendada em 1898, o arrendatário assumiu o compromisso de concluir os trabalhos de construção até Humaitá, que se achavam paralisados. Em 9 de Maio de 1898, começaram os trabalhos, na extensão de 51,920 quilômetros e a 14 de Julho de 1899 inaugurava-se a estação de Sebastião de Lacerda, ficando toda a linha entregue ao tráfego em 2 de Julho de 1900, até a estação de Humaitá, hoje denominada Senador Pompeu. O Governo decidiu continuar o prolongamento da estrada e com esse intuito inaugurou os trabalhos de construção a partir de Senador Pompeu, em 18 de Setembro de 1903.
A estação Afonso Pena foi inaugurada em 1910, no povoado de Lajes, à época subordinado ao município de Iguatu. Lajes começou a se desenvolver justamente em razão da chegada da estrada de ferro. O município foi criado em 1921, desmembrado de Iguatu, e elevado a categoria de Vila; em 1938, foi elevado à categoria de Cidade. Em 1943 passou a se chamar Acopiara. Apesar de só ter sido inaugurada em 1910, em janeiro de 1909, o jornal O Estado de São Paulo publicava a noticia dando conta da conclusão do prolongamento da estrada de ferro, no trecho correspondente a cerca de 27 quilômetros entre as estações de Miguel Calmon e Afonso Pena. E que a inauguração dependia de acerto entre governo e arrendatários.
Tendo a estrada de ferro sido arrendada em 1898, o arrendatário assumiu o compromisso de concluir os trabalhos de construção até Humaitá, que se achavam paralisados. Em 9 de Maio de 1898, começaram os trabalhos, na extensão de 51,920 quilômetros e a 14 de Julho de 1899 inaugurava-se a estação de Sebastião de Lacerda, ficando toda a linha entregue ao tráfego em 2 de Julho de 1900, até a estação de Humaitá, hoje denominada Senador Pompeu. O Governo decidiu continuar o prolongamento da estrada e com esse intuito inaugurou os trabalhos de construção a partir de Senador Pompeu, em 18 de Setembro de 1903.
Estação de Camocim, inaugurada em 1881, construída pela Estrada de Ferro Sobral
Em
1878, o governo imperial determinou com seus próprios recursos, a criação de
uma outra ferrovia no Ceará – a Estrada de Ferro Sobral – ligando Camocim a
Sobral, na qual também foi usada a mão-de-obra sertaneja. O trecho
Camocim-Granja foi inaugurado em 1881 e em dezembro de 1882, foi inaugurada a
estação de Sobral.
Em 1909, quando a
ferrovia estava na cidade de Acopiara, a Estrada de Ferro Baturité foi juntada
com a Estrada de Ferro Sobral e criada a Rede de Viação Cearense.
Fontes:
IBGE
http://www.estacoesferroviarias.com.br/
Revista Fortaleza, fascículo 3.
História do Ceará, de Airton de Farias
Fotos: Estações Ferroviárias, IBGE e Fortaleza em Fotos, Arquivo Nirez e Brasiliana Fotográfica
Nenhum comentário:
Postar um comentário