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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A Criação da Escola Militar de Fortaleza

 

Praça da Bandeira - postal de 1955

A Escola Militar foi fundada a 1° de fevereiro de 1889, e segundo alguns cronistas trouxe à Fortaleza uma das épocas mais agitadas em termos políticos e sociais. Foi instalada inicialmente nos fundos do quartel do 11° Batalhão de Infantaria, atual quartel da 10ª Região Militar. Foram matriculados 700 alunos, entre efetivos e adidos. Como não havia internato, formaram-se várias “repúblicas” espalhadas pela cidade.

Em seguida a escola passou a ocupar o prédio localizado na Avenida Santos Dumont, construído com recursos do Barão de Ibiapaba, que inicialmente seria destinado ao funcionamento de um asilo de mendicidade. Depois de concluído, ficou dois anos abandonado, até ser doado pelo Presidente do Ceará ao Governo Federal para instalação da Escola Militar.

Quando a noite chegava, depois das 21 horas e a cidade sossegava, os cadetes tomavam conta da capital. Praticavam atos absurdos, contra pessoas e contra o patrimônio público. Atacavam moças, agrediam rapazes, consumiam em cafés e restaurantes e não pagavam, invadiam festas particulares e sessões de cinemas, roubavam aves dos quintais das residências, e obrigavam as patrulhas policiais a pegar jumentos nos cercados para realizar suas farras noturnas.

A 16 de novembro daquele ano, ajudaram a proclamar a República no Ceará, que culminou com a deposição do presidente da província, coronel Jerônimo Rodrigues de Moraes Jardim.

Em 1892, dia 16 de fevereiro, fortemente armados, e em companhia de outras forças militares, atacaram o Palácio do governo e depuseram, depois de uma noite de combate, o governador José Clarindo de Queiroz, evento que contabilizou 13 mortes e muitos feridos.

Em 1897 os cadetes organizaram um bloco de carnaval denominado “Clube dos Gaiolas” que sobressaltou a cidade. Composto exclusivamente de alunos da Escola Militar, o clube tinha sede na Rua Senador Pompeu, em prédio ocupado à revelia do proprietário. Roubaram carroças do Passeio Público, sinos das igrejas, cadeiras, caixões para armações de cenários de vários estabelecimentos.

O clube ia sair à rua no domingo. Na véspera começaram a pegar jumentos. A polícia, sabedora que os cadetes iriam exibir carros com críticas às autoridades, exigiu um visto prévio ao desfile. Os cadetes, porém, não deram confiança. E saíram no dia e hora marcados. Indisciplinados e rebeldes, os cadetes faziam o que bem entendiam.

O comandante era o Coronel Siqueira de Menezes, militar de carreira, austero, disciplinador, sendo por isso malvisto pelos alunos. Um dia, resolveram que não iriam subordinar-se mais ao seu comandante, e aclamaram em seu lugar no comando da escola, o major Faustino. Em seguida, telegrafaram ao presidente da República, que concordou com a mudança, e ordenou a Siqueira de Menezes que retornasse ao Rio de Janeiro, então capital federal. E assim os rapazes da Escola Militar tiveram sua vitória, e seguiram com sua trajetória de vandalismo com maior intensidade, alarmando os pacatos fortalezenses, que acordavam sobressaltados à espera de mais alguma travessura que normalmente terminava com grandes prejuízos para alguém.

1930 - imagem Internet

imagem: mapa cultural de Fortaleza

A Escola Militar de Fortaleza foi extinta pela lei Geral 463, de 25 de novembro de 1897. O prédio que ocupavam, abrigou diversas instituições a partir de 1898, como o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, a Força Pública do Estado, e o 9º Regimento de Artilharia Montada que ficou até 1919.

Com a criação do Colégio Militar o prédio lhe foi entregue, e em 1938, foi transformado em Colégio Floriano, ficando ali até 1941.

Em 1942, foi criada a Escola Preparatória de Fortaleza, que foi extinta em 1961, quando foi restabelecido o Colégio Militar que reiniciou suas atividades em 1962.


Fontes:

Raimundo de Menezes – Coisas que o Tempo Levou: crônicas históricas da Fortaleza Antiga

Antônio Bezerra de Menezes – Descrição da Cidade de Fortaleza

   

sábado, 28 de março de 2015

A Nobreza do Ceará

Revisitando a história antiga de Fortaleza, nos deparamos com uma pequena parcela da população que se distinguia por ser detentora de títulos de nobreza: eram barões, viscondes, marqueses, todos poderosos e influentes na vida da cidade. Mas, quais os caminhos levavam a transformação de comerciantes, políticos, proprietários rurais, em nobres de sangue azul?  

 Casa do Barão de Studart, na antiga Rua Formosa, atual barão do Rio Branco 

 Mera formalidade que seria anotada pelo Juízo dos Feitos da Fazenda, com audiência do Procurador dos Feitos.

Antiga Igreja do Coração de Jesus em 1892. A Igreja foi construída com a ajuda de José Francisco da Silva Albano, o Barão de Aratanha 

Os títulos nobiliárquicos não eram hereditários, e os candidatos não poderiam apresentar em sua árvore genealógica nenhum dos impedimentos: bastardia, crime de lesa majestade, ofício mecânico ou sangue infecto. Eram cuidadosamente escolhidos por um conjunto de atos prestados e ascendência nobre familiar.

Na maioria das vezes o título era outorgado pelo Imperador, mas também havia os que eram concedidos pela Igreja (como o do Barão de Studart) e pelo governo português. Eram outorgados como se fossem por livre e espontânea iniciativa, em reconhecimento a serviços prestados, mas, na verdade, o agraciado normalmente despendia uma vultosa soma em dinheiro pela honraria.  
   
Sobrado de Joaquim da Cunha Freire, o Barão de Ibiapaba
 
 Segundo a tabela vigente no dia 2 de abril de 1860, para ser nobre, o custo em contos de réis era:

Duque: 2:450$000
Marquês: 2:020$000
Conde: 1:575$000
Visconde: 1:025$000
Barão: 750$000

Além desses valores, havia os seguintes custos:
Documentos para a petição: 366$000
Registro do brasão: 170$000

Apesar dos títulos serem pessoais e não hereditários, isto não impedia que as mulheres dos nobres os usassem no feminino: condessa, viscondessa, duquesa, baronesa. Na realidade, cerca de 2%  do total de mulheres portadoras de títulos nobiliárquicos foram elevadas à nobreza por relevantes serviços prestados à Casa Imperial, o mesmo tendo acontecido com muitas viúvas de nobres mortos, que foram promovidas de classe. 
Os brasões foram comuns sob o império e apareciam em louças, papéis, pratarias,  documentos e nas portas das mansões. A República pôs fim à era da nobreza no Brasil, e cancelou os títulos e brasões. 

  residência de Geminiano Maia, que foi condecorado com o título de Barão de Camocim 

Alguns dos Portadores de títulos de nobreza no Ceara


Barão de Studart - Guilherme Chambly Studart

  

Nascido em Fortaleza, em 5 de janeiro de 1856, falecido na mesma cidade em  25 de setembro de 1938. Foi médico, historiador e vice-cônsul do Reino Unido no Ceará. Filho de John William Studart, e Leonísia de Castro Studart. Católico militante dedicou-se à caridade e à filantropia. Como reconhecimento, recebeu o título de Barão da Santa Sé, concedido, em 1900, pelo Papa Leão XIII.


Barão de Aratanha - José Francisco da Silva Albano

Nasceu em Fortaleza, a 21 de maio de 1830 e faleceu nesta cidade em 13 de junho de 1901. Foi um rico comerciante e militar brasileiro, tendo sido coronel da Guarda Nacional. Ficou conhecido pelas obras de filantropia e por ter ajudada na construção da atual Igreja do Coração de Jesus, que durante muito tempo ficou conhecida como a Igreja dos Albanos.
Foi agraciado com o título de Barão de Aratanha em referência ao lugar de origem dos antepassados, conferido por Decreto Imperial de 3 de dezembro de 1887.


Barão de Aracati – João Pereira da Graça

Nascido em Aracati, 14 de março de 1812, falecido no Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1889. Foi um magistrado e político brasileiro. Exerceu o cargo de ministro do Supremo Tribunal de Justiça, órgão máximo do Poder Judiciário no Brasil Império.
Recebeu o título de Barão de Aracati, concedido pelo governo imperial em 19 de março de 1887, por relevantes serviços prestados à magistratura e ao Estado.


Barão da Ibiapaba – Joaquim da Cunha Freire


Nascido em Caucaia, 18 de outubro de 1827, e falecido no Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1907, filho do português Felisberto Correia da Cunha e de Custódia Ribeiro da Cunha, irmão do Severiano Ribeiro da Cunha, o Visconde do Cauípe.
Foi presidente da província do Ceará por sete vezes, coronel da Guarda Nacional e comendador da Imperial Ordem da Rosa. Titulo de Barão da Ibiapaba outorgado pelo Imperador, por Decreto de 17 de janeiro de 1874.


Barão de Camocim – Geminiano Maia

Natural de Aracati, nascido em 2 de fevereiro de 1847 e falecido em Fortaleza, 25 de fevereiro de 1916, destacou-se no comércio e nas obras de filantropia. Em 1881, foi nomeado cônsul da Bolívia e, em 1889, vice-cônsul da Rússia no Ceará. Filantropo, tem seu nome inscrito entre os dos protetores de vários estabelecimentos de caridade da antiga província. Foi agraciado por D. Carlos, Rei de Portugal, pelo decreto de 20.04.1893, com o título de barão de Camocim.


Visconde de Cauípe – Severiano Ribeiro da Cunha

Nasceu na localidade de Cauípe, junto ao município de Soure (atual Caucaia), filho dos portugueses Felisberto Correia da Cunha e de Custódia Ribeiro da Cunha, e irmão de Joaquim da Cunha Freire, futuro barão de Ibiapaba. Trabalhou arduamente pela Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, da qual foi vice-provedor por vários anos.
Em 1° de maio de 1873, foi agraciado pelo governo português com o título de Visconde de Cauípe, tomado de seu lugar de origem. Depois por decreto de 17 de abril de 1874, tornou-se comendador da Imperial Ordem da Rosa. Por Alvará de 12 de maio de 1874, foi nomeado Moço Fidalgo com exercício na Casa Real de Portugal. Foi também tenente-coronel da Guarda Nacional.

sites consultados:
http://www.casadoceara.org.br
wikipédia
https://books.google.com.br/

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Povoadores da Terra em Fortaleza


Povoadoras de extensos territórios, nos quais se levantariam vilas e cidades, os clãs constituíam-se de numerosas famílias coesas e ligadas a uma ancestralidade comum. Ramificações dos velhos troncos dos povoadores dessa terra, colonizadores dos antigos sertões, essa parentela formaria uma poderosa aristocracia latifundiária, conquistando posições de relevo na vida política da província. No segundo Reinado (1840-1889) nas primeiras décadas da república, gerações desses clãs se alternariam no poder, então disputado pelos Partidos Conservador e Liberal. 

 Rua Barão do Rio Branco, início do século XX

Ao atingir a supremacia política da província, Fortaleza – até esse tempo, um simples ajuntamento de pequenas casas – passou a abrigar os casarões residenciais. A partir de 1841, o Partido Conservador firmou-se em torno da família Carcará e de seu patriarca, o Visconde do Icó, Francisco Fernandes Vieira. Grande criador dos Inhamuns, dono de uma considerável extensão dos sertões, o Visconde tinha orgulho em dizer que “depois de Mombaça, só se pisava em terras suas até o Alto Jaguaribe”. Saíam anualmente destes vastos domínios, cinco mil bois para venda em Pernambuco. Seu filho, o senador Miguel Fernandes Vieira, presidiu o Partido Carcará até seu falecimento, em 1862. 

 Casa onde residiu o Barão de Aquiraz, na Praça do Ferreira, primeiro imóvel à direita. Na sequência, a Farmácia Pasteur e o Cineteatro Majestic-Palace. 

A partir daí, o partido dividiu-se em dois subgrupos. O chamado Miúdo foi continuador da velha legenda Carcará, chefiado pelo Barão de Aquiraz, Gonçalo Batista Vieira, sobrinho e genro do Visconde do Icó. O outro subgrupo, o Graúdo – a ala dissidente – ficou sob o comando do Visconde de Jaguaribe, Domingos José Nogueira Jaguaribe, e do Barão de Ibiapaba, Joaquim da Cunha Freire.
Homem de sociedade, sócio do Clube Cearense, o Barão de Aquiraz instalou sua residência no palacete que pertenceu a Martinho de Borges, que mais tarde abrigaria por muitos anos, a sede da empresa Severiano Ribeiro, na Praça do Ferreira. 

 Cidade de Aracati, terra natal do Visconde Jaguaribe

O Visconde de Jaguaribe, nascido em Aracati, casado com Clodes de Alencar, irmã de Ana Josefina e de Praxedes de Alencar, mulheres de seus primos Senador Alencar e Major Antônio da França Alencar. Jaguaribe ocupou posteriormente a Pasta da Guerra, no Ministério do Visconde do Rio Branco. 

 prédio que seria para o Asilo de Mendicidade e terminou servindo à Escola Militar, atual Colégio Militar de Fortaleza 

O Barão de Ibiapaba, natural de Caucaia, mandou construir o prédio onde funcionou o Asilo de Mendicidade, no qual funciona nos dias atuais o Colégio Militar de fortaleza. Residiu num casarão de 4 portas para a Rua Major Facundo e 11 para a Rua Senador Alencar e faleceu sem descendência em 1907.

 Sobrado do Barão de Ibiapaba, na esquina das ruas Major Facundo e Senador Alencar

O Partido Liberal este sob a direção do Senador Alencar até 1860. Ricos e de largo prestígio social, a família Alencar possuía verdadeiros feudos sertanejos nos rincões do Vale do Cariri, voltados à criação de gado, plantio da cana-de-açúcar e do algodão. Derrotados nas Revoluções de 1817 e 1824, a família foi perseguida politicamente, tendo seus bens confiscados. Fugindo de retaliações, o futuro Senador Alencar trouxe seus parentes para a Vila de Messejana – um dos mais salubres arrabaldes de Fortaleza – e em suas terras alagadiças, molhadas por um rio e uma dezena de lagoas, cultivou a cana-de-açúcar transportada do Cariri. 

Sítio Alagadiço Novo, em Messejana, onde se estabeleceu a família do Senador Alencar
  
Nas imediações da Vila, o Senador Alencar fundou o sítio Alagadiço Novo e, com os resultados positivos desta empresa açucareira, seus primos instalaram ali outros sítios de engenho: Cambeba, Carrapicho, São Francisco – em cujas terras estava a famosa lagoa de Messejana – Ancori, Gravito, Visgueiro, Janguruçu, Prismamuna, São Cristóvão e Tusculano.  Presidente da Província por duas vezes, o Senador Alencar residiu por muitos anos no Rio de Janeiro, exercendo sua liderança política.
Seu sucessor, o Senador Thomaz Pompeu de Souza Brasil, tornou-se então, a maior autoridade deste Partido no Ceará. Pertencia o Senador Pompeu à ilustre dinastia  dos Pinto de Mesquita de Santa Quitéria, nos sertões do Ceará. Do clã de Santa Quitéria também fez parte por casamento, o Senador Francisco de Paula Pessoa, seu genro, o Conselheiro Rodrigues Júnior.  

Senador Francisco de Paula Pessoa, o "Senador dos Bois"
 
Dono de numerosas propriedades rurais, o Senador Paula Pessoa, por sua fortuna em gado, recebeu de seus adversários o apelido de “Senador dos Bois”. Com o falecimento do senador Pompeu em 1866, o Partido Liberal passou a ser chefiado pelo clã de santa Quitéria, tendo como presidentes Vicente Alves de Paula Pessoa e o Conselheiro Rodrigues Junior.
Esta facção foi a mais poderosa, de 1880 ate a proclamação da República, nela se destacando Meton de Alencar, João Cordeiro, João da Rocha Moreira e Francisco Barbosa de Paula Pessoa. A outra facção dos liberais ficou com o grupo Pompeu, liderado pelo genro do Senador Pompeu, o Comendador Antônio Pinto Nogueira Accioly, contando entre os maiores representantes do partido, Thomaz Pompeu Filho, João Brígido, Joaquim Bento de Souza Andrade, João Lopes, Virgílio Brígido e Liberato Barroso.
Na República, a oligarquia aciolina dominou o Ceará por 16 anos, quando o Comendador Nogueira Accioly conservou em mãos a maior soma de poderes que um homem público jamais reunira no Norte. 


fonte:
Ideal Clube, História de uma Sociedade
de Vanius Meton Gadelha Vieira
fotos do Arquivo Nirez  
  

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Praça da Bandeira

Localizada no Centro, a Praça da Bandeira é popularmente chamada de Praça do Cristo Rei, isso porque nela foi construída a Igreja, cuja inauguração se deu a 29 de maio de 1930. 

 Igreja do Cristo Rei, na Praça da bandeira

Até a década de 30 era um imenso areal. Demarcada em 1877, recebeu  a denominação de Barão de Ibiapaba em homenagem a Joaquim da Cunha Freire, que ali lançara as bases do Asilo de Mendicidade. O Barão de Ibiapaba nasceu em Caucaia, com notável atuação na política e na economia  cearense. Presidiu mais de uma vez a Província do Ceará.

 A praça quando ainda existia o coreto e onde se pode avistar os dois equipamentos que estão lá até hoje: o Colégio Militar, ainda sem a quadra, e a Igreja do Cristo-Rei.
A partir de Outubro de 1890 passou a ser a Praça do Asilo, em virtude da instalação do Asilo, pelo Barão de Ibiapaba, por Resolução do Conselho de Intendência Municipal, que tinha como presidente o major Manoel Nogueira Barros. Esta Resolução, no entanto, durou pouco, apenas 6 meses, pois em Sessão do Conselho de Intendência Municipal, datada de 26 de abril de 1891, os interventores Guilherme César Rocha, Olegário dos Santos, Antônio Costa Sousa, José Albano Filho e o Presidente do Conselho, Joaquim de Oliveira Catunda, voltaram à sua denominação anterior, ou seja, Barão de Ibiapaba. 
  
prédio do Colégio Militar em 1932, com a Avenida Santos Dumont e os trilhos do bonde do Outeiro

Mais tarde, sua denominação foi mudada para Praça do Colégio Militar, em razão da adaptação do prédio do Asilo para Quartel do Regimento Policial do Estado, em seguida para a sede do Colégio Militar.
Em 1921, em homenagem ao Gen. Dr. Benjamin Constant de Magalhães, professor da Escola Militar, da Escola Superior de Guerra, Diretor do Instituto dos Cegos, e fundador da Escola Normal do Rio de Janeiro, passou a ser chamada de Praça Benjamin Constant.
Por fim, recebeu o nome de Praça da Bandeira, através da Lei n° 1671/60, publicada no dia 26 de dezembro de 1960, na gestão do prefeito Manuel Cordeiro Neto. 

A então Praça Benjamin Constant, com uma caixa d'água de onde era retirada a água que era transportada em lombo de burros para ser vendida a população, em 1938 (foto do livro Praças de Fortaleza) 
Na praça havia um coreto onde uma banda de música animava a população. Também havia um poço que jorrava água potável de excelente qualidade, que era carregada em burrinhos para venda. O fato de tão pitoresco servia de diversão para a gurizada.
Em 1943, na gestão do Prefeito Raimundo de Alencar Araripe foi feita uma completa remodelação do logradouro. Ali pela primeira vez, a 7 de setembro do mesmo ano, celebrou-se no Ceará, a “Hora da Independência”.



 A avenida Santos Dumont no trecho da Praça da Bandeira em três momentos diferentes: década de 30, anos 60 e ano de 2013. 
 
Em 1947 teve sua área diminuída de acordo com o Decreto-lei n° 1 de 30 de dezembro daquele ano, quando a praça foi transformada em campo de esportes e cedida a título precário à Escola Preparatória de Fortaleza, que contribuiu com 50% das respectivas despesas de adaptação.
Esta quadra de esportes recebeu o nome de General Eudoro Correia. A redução da área, porém, não afetou muito porque beneficiou os alunos do Colégio Militar e a praça continuou muito grande. O nome atual é uma homenagem à Bandeira Brasileira.

Bandeira do Império do Brasil durante o primeiro reinado

A Bandeira Nacional é o símbolo oficial de um país e nela estão estampados seus emblemas e suas cores. Consta que o Brasil teve cinco bandeiras até 1889, porém, a primeira bandeira realmente brasileira foi a de 1822, ano da independência do Brasil.
Foi projetada por Debret, por ordem de Dom Pedro I e se constituía de um retângulo verde e um losango amarelo, com as armas do império ao centro. Com a Proclamação da República em 1889, a bandeira foi novamente substituída. Conservou-se o retângulo verde, que simboliza a pujança das florestas, e o losango amarelo, que representa a riqueza mineral do solo brasileiro.
Mas o escudo da Monarquia foi substituído por uma esfera azul, cortada por uma faixa branca ligeiramente inclinada, ostentando o dístico “Ordem e Progresso”. É a única bandeira nacional que ostenta um dístico. Na esfera estão colocadas estrelas brancas representando os Estados brasileiros e o Distrito Federal.

 primeira versão da atual Bandeira Brasileira inspirada na bandeira do Império

Bandeira atual 

A posição relativa dessas estrelas obedece ao instante do dia sideral da Proclamação da República, na qual a constelação do Cruzeiro do Sul se apresentava  verticalmente em relação ao horizonte da cidade do Rio de Janeiro. Por um lapso do desenho, as estrelas foram dispostas como se fossem vistas através de um espelho.
O uso da Bandeira Nacional é regulado por lei. Entre os dispositivos mais importantes  estão: obrigatoriedade, horário, forma, posição e altura  de hasteamento; como aparecer em salões, em enterros, estendidas, sem mastro. Há também regras para proibições.   
As Bandeiras em mau estado de conservação devem ser entregues ao comando das unidades militares para serem incineradas solenemente, a 19 de novembro de cada ano, no quartel de uma unidade militar ou local designado pelas autoridades. Segundo alguns historiadores, a nossa Bandeira foi desenhada por Décio Vilares. A bandeira republicana ficou pronta e foi hasteada pela primeira vez em 19 de novembro de 1889, que ficou marcado como o Dia da Bandeira.

Extraído do livro Praças de Fortaleza
De Maria Noélia Rodrigues da Cunha 
fotos do Arquivo Nirez 

domingo, 23 de março de 2014

Inauguração do Clube Cearense e da Iluminação da Cidade

 Esquina das Ruas Guilherme Rocha e Major Facundo em 1915. Ao fundo a torre da Igreja do Patrocínio

A iluminação pública da cidade pelos lampiões a gás hidrogênio carbonado instalou-se em 17 de setembro de 1867. No entanto, antes dessa data, em 7 de setembro, ocorreu o primeiro ensaio com duzentos bicos de gás da Companhia de Iluminação, clareando parcialmente a cidade. Poucos prédios foram beneficiados e, dentre esses, o sobrado de Dona Manuela Vieira, na Rua da Amélia, hoje Senador Pompeu, onde se festejava nessa noite, a inauguração do Clube Cearense. Algumas notícias de jornais da época referem-se aos dois fatos ocorridos na capital cearense.

 Antiga Rua da Misericórdia (atual Rua Dr. João Moreira)
1 - União Cearense; 2 - Casa Liebmann; 3 - Casa Mississipi; 4 - Prédio do Clube Cearense,  (Hotel de France) 
 fonte José Liberal de Castro

Club Cearense

Esta sociedade deu o seu primeiro baile no dia 7 de setembro, no sobrado da Exmª. Sra. D. Manuella. Houve grande concorrência e muita ordem. O edifício este iluminado a gás carbônico. Jornal o Cearense, 11/09/1867.

Iluminação Pública

A instâncias de muitas pessoas e do sr. Tenente-coronel Joaquim da Cunha, a Companhia de Iluminação a gás desta capital, designou-se fazer uma experiência na noite de sete do corrente, que foi coroada dos melhores resultados. As obras do gasômetro ainda não estão concluídas, contam-nos que brevemente se inaugurará a iluminação. Jornal O Cearense, 11/09/1867.

Há duas semanas que a Companhia de Iluminação a gás desta capital acende todas as noites duzentos bicos. A companhia ainda está em experiência, mas estas despesas já correm por conta da província. As obras do gasômetro ainda não estão concluídas e por este motivo não podem funcionar os 696 combustores distribuídos por toda a cidade. Jornal O Cearense, 20/09/1867.

A iluminação foi contratada entre o presidente da Província e o Barão de Ibiapaba, Joaquim da Cunha Freire e seu sócio Thomas Rich Brandt, os quais transferiram posteriormente essa concessão à companhia inglesa “The Ceara Gáz Company Limited”.

Passeio Público com a iluminação à base de lampiões

Dona Manuela Vieira, proprietária do prédio onde funcionou o Clube Cearense em sua inauguração, foi esposa de José Maria Eustáquio  Vieira. Em 1845 o casal residia no local onde, mais tarde, seria construído o palacete Guarany. Em 1848 receberam em um baile memorável, o presidente da Província, Fausto Aguiar, acontecimento registrado nas crônicas sociais da cidade, descrito em um dos jornais da época e reproduzido por Raimundo Girão em seu livro “A Princesa Vestida de Baile”: 
" das 7 horas da noite em diante começaram a concorrer os convidados, e à proporção que se aproximava qualquer família, era sua vinda anunciada pela música que, postada na portada do edifício, fazia ouvir agradáveis sons ..." " Já completo tão esplêndido concurso, quando s.  exa. o sr. Presidente com a exmª sua senhora, vieram aumentar o prazer de tão numerosa como brilhante companhia, depois de ter ido a seu palácio para acompanhar s.s. exas. uma comissão composta dos srs. Fernandes Vieira, Comendador Machado,e o negociante Gouveia, em cujas companhias s.s. exas. vindo para a casa do baile, foi a sua chegada anunciada por girândolas e logo depois pela música que os recebeu tocando o hino brasileiro."
 
sede própria do Clube Cearense em frente ao Passeio Público. (foto Ah, Fortaleza!)

Há contradição entre os estudiosos quanto ao tempo de ocupação das duas sedes do Clube Cearense no Passeio Público, após sua inauguração no sobrado de Manuela Vieira. Segundo Gustavo Barroso, o Clube Iracema tinha luxuosa sede própria, depois sede do Correio Geral. Isso, antes de ocupar o grande sobrado à esquina da Rua Major Facundo, em frente ao Passeio Público.

Passeio Público e a Rua Major Facundo - 1908

A luxuosa sede aludida pelo escritor foi a sede própria do Clube Cearense, edificada pela União Cearense, na esquina da Rua Floriano Peixoto com a rua Dr. João Moreira, no Passeio Público. O grande sobrado, referido por Gustavo Barroso, era o casarão dos Borges Telles – alugado pelo Clube Cearense – e que alojaria depois o Hotel de France e o Palace Hotel. Nele funciona atualmente a sede da Associação Comercial do Ceará. 

sobrado de Odorico Segismundo de Arnaut, mais tarde, primeira sede do Liceu do Ceará. Hoje no local, está o prédio da Polícia Civil, na Praça dos Voluntários 

A residência dos Borges Telles no Passeio Público foi construída após a demolição do sobrado de Odorico Segismundo de Arnaut, que em 1845 abrigou a primeira sede do Liceu do Ceará. O casal Emília Borges e Dario Telles de Menezes foi posteriormente residir em Maranguape, onde passou a administrar o Sitio Ypióca, adquirido da família Amaral e distante sete quilômetros de Fortaleza.  

extraído dos livros
Ideal Clube - História de uma Sociedade de Vanius Meton Gadelha Vieira
Geografia Estética de Fortaleza, de Raimundo Girão
fotos do Arquivo Nirez