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segunda-feira, 12 de abril de 2021

Fortaleza faz 295 anos (e tem muitas histórias para contar)


Há 295 anos no dia 13 de abril de 1726, a Coroa Portuguesa transformava o povoado localizado às margens do riacho Pajeú na Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. A data passou a ser o marco de fundação da cidade.

A cidade que chega aos 295 anos é a mais populosa do Ceará e a 5ª cidade do país. De acordo com as projeções feitas pelo IBGE, a população estimada de Fortaleza em 2020 é 2.686.612 habitantes.

Fortaleza é também um dos menores municípios do Ceará, com uma base territorial de 313 km², a mesma do município de Jati (CE) que conta com apenas 8.130 habitantes.

É um dos maiores destinos turísticos do Brasil, recebe visitantes do mundo todo durante o ano inteiro, já que não apresenta variações climáticas significativas e seus maiores atrativos estão no litoral.

No que pese todos esses indicativos, é uma cidade que tal e qual a antiga vila, continua sendo negligenciada pelos governantes, que não suprem as necessidades de serviços básicos de saúde, educação, saneamento, transportes, limpeza, segurança; não gerenciam o patrimônio público com eficiência, permitindo a ocupação de áreas públicas por construções irregulares. 






 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quem é quem nas Ruas de Fortaleza

Muito tempo se passou desde aquele dia em 1823, quando o Imperador D. Pedro I, “pela Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”, elevou a Villa de Fortaleza à categoria de Cidade, com a denominação de Cidade da Fortaleza da Nova Bragança, numa “modesta” homenagem à sua família. Parece que começou aí, o gosto pelas homenagens a parentes, aderentes e amigos batizando logradouros públicos com seus ilustres e desconhecidos nomes.

Vista aérea de Fortaleza - década de 50

Nos primórdios os nomes das vias públicas eram colocados por iniciativa da população e adotados pelo poder público do município. Alguns nomes antigos eram tão evidentes e apropriados que, por si mesmos, indicavam sua origem, tais como  Assembleia, Municipalidade, Chafariz, Cajueiro, Ponte, Quartel.

 Avenida Santos Dumont, a antiga Rua do Colégio (da Imaculada Conceição)

Uma vez oficializados, os nomes dos logradouros passaram a mudar de acordo com as motivações políticas ou por modismo. Hoje muitas das denominações das ruas e praças de Fortaleza homenageiam pessoas que, em muitos casos, ninguém sabe quem é ou o que fez para merecer a homenagem.

Em 1994, foi aprovado um projeto de lei de autoria do vereador Francisco Lopes, que denominava uma rua de Fortaleza com o nome de Helena Petrovna Blavatsky. A justificativa é que a mulher, de nacionalidade russa, criou uma certa Sociedade Teosófica, em Nova Iorque, EUA, em 1875, e foi perseguida por isso. (Imaginem alguém ligando para o mercadinho e pedindo entrega em domicilio nessa rua; e o entregador parando para pedir informações sobre sua localização). Apesar da aprovação do projeto, não existe rua com essa denominação em Fortaleza.

No bairro Planalto Ayrton Sena existe a Rua Paulinho Paiakan, líder indígena Caiapó e ambientalista, que ganhou destaque durante a "ECO-92", Conferência sobre Meio Ambiente realizada pela ONU, no Rio de Janeiro, em 1992. Mas Paiakan ficou famoso mesmo, foi por ter cometido crime de estupro contra uma estudante de 18 anos, tendo sido condenado a 6 anos de reclusão.

Rua Visconde de Sabóia, antiga Travessa da Cacimba
Outros nomes de ruas foram escolhidos tendo por justificativa o grau de parentesco do homenageado com alguns vereadores, não necessariamente, os autores do projeto.É o caso da Rua Rúbia Sampaio, antigas Rua Cambirinhas e Rua Santo Antônio, no bairro Farias Brito, que tem por patrono Rúbia Ruivo Sampaio e a homenagem tem por justificativa “tratar-se da mãe do vereador Herval Sampaio”.

Mesma situação da Rua Dona Josefa Barros de Alencar, no bairro Messejana, que tem como justificativa o fato da homenageada ser a mãe do vereador José Barros de Alencar.

A Rua Rosinha Sampaio, no bairro Quintino Cunha, tem por patrono Maria Rosa Bastos Sampaio, e a homenagem, consolidada pela Lei nº 3.284, de 06.10.1966, tem por justificativa “tratar-se da mãe do vereador Antônio Bastos Sampaio” 

No bairro Guararapes, encontramos a Rua Atilano de Moura, cuja única informação disponível é que se trata de um parente (pai) do ex-prefeito Evandro Ayres de Moura;  

Já a Rua Dona Mendinha, que atravessa os bairros Cristo Redentor, Álvaro Weyne e Floresta, tem por patrono Maria Alves de Carvalho, que vem a ser a esposa do Coronel Carvalho – Coronel da Guarda Nacional Antônio Joaquim de Carvalho,  cearense de Redenção, nascido em 24.10.1866 e falecido em Fortaleza, em 1961, aos 94 anos de idade – que também foi agraciado com um nome de rua,  tomando a denominação da antiga Avenida Soares Moreno.

Rua Moroni Bing Torgan, no bairro Lagoa Redonda

Apesar da proibição de se homenagear monumentos e locais públicos com  o nome de pessoas vivas, há em Fortaleza grande número de ruas que afrontam essa determinação; alguns exemplos dentre os muitos existentes:   

A Rua Moroni Torgan e a Travessa Aldo Pagoto ficam no bairro Lagoa Redonda; no Jangurussu estão as ruas Rua Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet; A Rua Maria Luiza Fontenele e a Travessa Ciro Gomes ficam no bairro da Bela Vista. 

Segundo trabalho do pesquisador Márlio Falcão, cerca de 1360 ruas de Fortaleza têm denominações repetidas; cerca de 325 ruas receberam nomes de santos e santas: 245 trazem nomes de santos e 80  trazem nomes de santas. 

 Rua São Francisco no bairro Bom Sucesso. Em Fortaleza existem outras 29 ruas com esse mesmo nome em bairros diversos. (foto google) 

Das 245 ruas com nome de santos, trinta  são chamadas de São Francisco; vinte e seis trazem o nome de São José; dezesseis chamam-se Santo Antônio; treze trazem o nome de São João; e  onze trazem o nome de São Raimundo. As demais 148 ruas trazem nomes de diversos outros santos. 

Das 80 ruas com nomes de santas onze trazem o nome de Santa Maria; oito chamam-se Santa Lúcia; sete ruas trazem o nome de Nossa Senhora de Fátima; sete trazem o nome de Santa Isabel; seis trazem o nome de Santa Luzia; seis trazem o nome de Santa Rita; seis trazem o nome de Santa Clara. As demais ruas – 40 – trazem nomes de diversas outras santas.

Ainda de acordo com a pesquisa, entre as ruas que receberam nomes diversos, as de maior incidência são: Rua Verde: 47 artérias; Contorno: 19 artérias; Pedestre: 18 artérias; Paz: 12 artérias; Esperança: 9 artérias; Paraíso: 8 artérias; Boa Vista: 8 artérias; Boa Esperança: 7 artérias.


Fontes:
Márlio Falcão. Fortaleza – Dicionário de Ruas. Disponível em
http://www.dicionarioderuasfortaleza.com.br  
 João Nogueira. Fortaleza Velha 
Airton de Farias. História do Ceará
fotos do arquivo Nirez 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Cidade da Fortaleza da Nova Bragança

Dom Pedro I, pela Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, elevou a Villa de Fortaleza à categoria de Cidade, em 1823, com a denominação de Cidade da Fortaleza da Nova Bragança

Nas três primeiras décadas do século XIX, enquanto Fortaleza caminhava para se tornar o principal centro urbano do Ceará, a agitação política tomava conta do Brasil, tendo reflexos no Estado. Em 1817 os liberais cearenses comandados pela família Alencar do Crato, aderiram à revolução Pernambucana, na esperança de obter a independência de Portugal e criar uma República.  
Em 1822, o Ceará foi alvo de disputas armadas entre os favoráveis à independência brasileira e dos defensores da permanência dos laços com Portugal – os primeiros, vencedores, chegaram a mandar tropas para ajudar a causa emancipacionista no Maranhão e Piauí.


Rua 24 de Maio esquina com a Praça José de Alencar em 1910

O apoio cearense ao Grito do Ipiranga levou o imperador D. Pedro I, a decretar em 1823, Ato Régio elevando Fortaleza à categoria de cidade com o nome de Fortaleza de Nova Bragança, numa “modesta” homenagem a família do imperador. O nome não durou muito. A elevação do status da capital não pode deixar de ser vista como um reconhecimento ao crescimento da cidade, e à sua crescente importância política.
Em 1824, atracou em Fortaleza, a esquadra do mercenário inglês Lord Cochrane para intensificar  a repressão à Confederação do Equador , movimento separatista que visava criar no que hoje chamamos Nordeste, uma República independente.  Vale lembrar que à época não havia uma identidade nacional ou um Estado nacional brasileiro consolidado, sendo perfeitamente compreensível que várias revoltas tivessem caráter separatista. O movimento foi brutalmente sufocado em um banho de sangue. A unidade territorial brasileira, imposta a partir do atual Sudeste, foi implantada com enorme truculência.


Rua Major Facundo no início do século XX

Não se pode exagerar acerca da prosperidade material da cidade. Historiadores apontam a pobreza, as grandes deficiências estruturais da cidade, e os problemas enfrentados pelos fortalezenses na primeira metade do século XIX.  Podem-se notar as próprias demandas por mais estruturas urbanas como um sinal da lenta expansão da capital, evidenciando também o descompasso entre o crescimento econômico, a administração pública e o aumento da população. Embora imprecisos, estima-se o número de habitantes em 1808 era de 9.624 pessoas; em 1816, cerca de 12 mil e em 1863, mais de 16 mil moradores.


Rua Barão do Rio Branco, antiga Rua Formosa (anos 20)

Em relatório do presidente da Província, de 1839, o porto de Fortaleza apresentava-se extremamente precário; e sabe-se pelos relatos de viajantes estrangeiros que o embarque e desembarque de mercadorias constituía-se quase uma aventura, havendo vez por outra acidentes e mortes. 
O acesso ao denominado Porto da Prainha era complicado, pelo número de áreas pantanosas nas proximidades, e pela má conservação desse trapiche, as estradas, embora algumas delas tenham sido abertas nesse período, eram ainda em número insuficiente para escoar a produção sertaneja, sem falar que a conservação dessas estradas, igualmente deixavam a desejar. 
As ruas da cidade não tinham pavimentação e eram constantes as reclamações acerca do areal frouxo no qual atolavam os carros de bois e das rajadas de vento que atingiam os transeuntes.


Porto de Fortaleza ainda em construção na Praia do Peixe em 1889 (atual Praia de Iracema). Nesse dia desembarcou em Fortaleza o Conde D'Eu. 

A capital apresentava várias áreas pantanosas (como as da Prainha e as margens do Rio Cocó) verdadeiras ameaças à saúde pública e escasseava os recursos para aterrá-las. As pontes eram poucas e também se achavam em péssimo estado de conservação, o que dificultava a passagem de cavaleiros, pedestres e carroças com produtos.
O relatório de 1850, do presidente Fausto Aguiar falava do problema e solicitava parte do orçamento provincial para contorna-lo. 

Praça General Tibúrcio (antigo largo do Palácio) em 1856

Havia reclamações sobre a escuridão das ruas e sobre a necessidade da iluminação artificial, concebida não apenas como sinal de progresso, mas, sobretudo, por questão de segurança, visto que os gatunos agiam com frequência. Com muito esforço o governo provincial comprou, em 1838, cinquenta lampiões, os quais, porém, ficaram anos sem funcionar porque a Câmara dos Vereadores não tinha recursos para comprar azeite. A população que procurasse solução com suas lamparinas, velas toscas e mal cheirosas e tratasse de se recolher cedo às suas casas, fechando bem portas e janelas.
O comércio continuava frágil, e apesar do crescimento dos negócios envolvendo a lavoura algodoeira de exportação, até fins da década de 1840 a maior parte da renda da província vinha das negociações internas envolvendo a pecuária.


fotos do Arquivo Nirez
Extraído do livro de Artur Bruno e Aírton de Farias
Fortaleza, uma breve história