Mercado de Ferro da Praça Carolina, inaugurado no ano de 1897 (arquivo Nirez)
A estrutura de ferro do Mercado da Aerolândia é uma parte do
equipamento inaugurado em Fortaleza no dia 18 de abril de 1897, na gestão do
Intendente Guilherme Rocha, e do presidente Antônio Pinto Nogueira Accioly. Seu primeiro endereço em Fortaleza foi a
antiga Praça Carolina, atual Praça Waldemar Falcão, onde foi montado o Mercado
da Carne. O mercado era formado por dois
galpões, unidos por uma passagem coberta, chamada de avenida.
Mercado dos Pinhões, na Praça Visconde de Pelotas
e sua outra metade, o Mercado da Aerolândia, um patrimônio de 115 anos largado no lixo!
Em 1938 a estrutura foi desmontada. Um dos seus dois
pavilhões foi transferido para a Praça Visconde de Pelotas, onde funciona o
Mercado dos Pinhões. O outro pavilhão foi para a Praça Paula Pessoa (Praça São
Sebastião), onde permaneceu algum tempo
quando foi novamente desmontado e levado para a Aerolândia, às margens da
BR-116.
Quando foi instalado no bairro, os 50 boxes do Mercado da
Aerolândia vendiam frutas, legumes e verduras, além de cortes de carne, peixes
frescos e miudezas em geral. O local, que tinha seus boxes disputados pelos
permissionários. Com a deterioração do local, primeiro os clientes, depois os
comerciantes foram gradativamente abandonando o espaço. Promessas de restauração foram muitas, todas
rigorosamente descumpridas.
Segundo informações de vizinhos, ainda restam dois boxes funcionando no mercado da Aerolândia, uma lanchonete e uma lojinha de variedades.
A grande providência adotada pelo poder público
municipal foi formalizar o tombamento do
imóvel como patrimônio histórico em 2008. Mas, de lá para cá, o restauro
necessário do local ainda não foi feito. Moradores ouvem falar de um projeto de
transformá-lo num espaço cultural e de pequenos negócios, a exemplo do que já foi
feito com o irmão gêmeo rico, o Mercado dos Pinhões. Mas não há prazos e nada de
concreto.
Não só a fachada e o interior do Mercado da Aerolândia estão destruídos e abandonados, mas até a área de entorno sofre os efeitos do abandono do equipamento. O alardeado tombamento municipal, só existe na pretensão dos ineptos gestores do patrimônio público, porque na realidade, o tombamento do mercado da Aerolândia é físico e sinônimo do verbo desabar: grande parte da estrutura do teto já caiu, e os escombros jazem na frente do imóvel.
Pouco importa para os ignorantes e incultos administradores da Fortaleza bela se esse equipamento é parte de um conjunto importado da França ainda no século XIX, que não guarda similaridade com nenhum outro, exceto sua metade montada no Mercado dos Pinhões; pouco importa se tem valor histórico-cultural, se a história de Fortaleza passa por ali. Não é à toa que qualquer um se acha no direito de mandar demolir prédios em processo de tombamento, sem a mínima preocupação com sanções, a não ser uma irrisória pena pecuniária. É porque o (mau) exemplo vem de quem propõe a lei. Taí o Mercado da Aerolândia como testemunha.
De uns anos
para cá Fortaleza se tornou um dos maiores destinos turísticos do Brasil. A
cada ano mais pessoas visitam a cidade,fazendo a festa dos meios de hospedagens, dos serviços turísticos e dos
centros de compras.
Em julho, o
Ceará deve receber 395 mil turistas via Fortaleza - 35,4 mil a mais que em julho
de 2011, quando 359,6 mil turistas desembarcaram no Estado pela Capital. Isso
reapresenta uma expansão de 9,8%.
A expectativa da Secretaria de Turismo do
Ceará, é que esses turistas deixem no Estado uma receita de R$ 639,9 milhões,
montante 19,4% superior ao total movimentado no Ceará na alta estação do ano
passado.
Por isso, o
blog resolveu passar algumas dicas para os visitantes - principalmente para os que vão se hospedar em casa de parentes - reproduzindo os
conselhos do Tarcísio Garcia, constantes do seu livro de autoajuda.
onde comprar artesanatos, produtos típicos, confecções, calçados, bolsas e outros artigos produzidos no Ceará
Feirinha da Avenida Beira Mar
Encetur - Rua Senador Pompeu, 350, centro de Fortaleza
Mercado Central - Avenida Alberto nepomuceno, 199 - vizinho a Catedral da Sé
Avenida Monsenhor Tabosa, Praia de Iracema
Beco da Poeira - comércio popular, informal, que já foi a céu aberto, hoje funciona na antiga fábrica Thomaz Pompeu, na Avenida do Imperador, Centro.
Passeio de
Férias
A chegada
das férias é sempre motivo de alegria e satisfação para as pessoas que ainda
tem o privilégio de gozar este período de maneira merecida, ou seja, passeando!
Se você vai aproveitar a folga para fazer uma revisão nos dentes e tirar a
ferrugem do carro velho, pode saltar estas páginas. Agora, se vai viajar, não
custa nada dar uma olhadinha nas dicas deste primeiro capítulo.
Um dos
fatores que mais contribuem para deixar a gente cheia de pernas numa viagem de
férias é a falta na bagagem de itens de primeira necessidade, que costumam ser
esquecidos no faniquito que antecede à arrumação da mala na véspera da viagem.
Sem querer ser o sabidão, mas reconhecendo que a experiência adquirida em
minhas seguidas excursões à Serra da Meruoca, Boqueirão do Cesário e Pedra da
Galinha Choca, estou disposto a abrir mão dos meus conhecimentos em favor do
leitor, que pretende viajar sem maiores sobressaltos.
Programa imperdível, um passeio de barco pela orla da Praia de Iracema. Dura umas duas horas e várias empresas oferecem o serviço, que pode ser contratado diretamente nos quiosques na Praia do Mucuripe.
Listas de
Viagem
Primeiro:
compre sua própria mala. Não existe nenhum charme em viajar com uma sacola ou
mochila emprestada, pois é arriscado você se encontrar com o dono da mala na
rodoviária, ele lhe flagrar sentado em cima da bicha e reclamar na frente dos
seus amigos. Ou ainda, em caso de extravio ou troca involuntária da bagagem,
lhe poupa de um vexame semelhante ao que eu passei em Araripina, quando uma
mulher levou minhas catrevagens por engano, e na aflição do momento, findei
entregando pra todo mundo que a mala não era nem minha.
Segundo:
Compre também uma sacola de mão, para acondicionar os pertences que serão
usados no percurso, como escova de dente, pente e espelhinho; isso dispensa o
abre-e-fecha da mala principal na hora duma precisão, e ali você pode entocar
uns biscoitos, chocolates, amêndoas e umas lapinhas de queijo para comer
escondidinho, na calada da noite quando seus amigos dormirem. É necessário,
porém, eliminar com antecedência todas as embalagens de plástico zoadento que
costumam chamar atenção e atrair sócios na hora da merenda. Aconselho ainda o
amigo a amufumbar tudo isso numa silenciosa cumbuca de plástico com a tampa
frouxa, que possa ser aberta sem chacoalhar o que tem dentro. Assim abastecido,
você estará livre da necessidade de descer nas paradas e disputar no grito, os
caldos e cai-duros de beira de estrada.
Terceiro:
tenha um blusão básico. É imprescindível ao viajante um toque de elegância
europeia na hora do embarque, porque ajuda na paquera e permite você inventar
uma história de mentirinha, no caso de estar indo para um sertão brabo e ficar
com vergonha de dizer. Outra coisa: com o blusão ao alcance da mão, você se
cobre com a paquera dentro do ônibus para uma sessãozinha de pega-pega no frio
da madrugada, forra o braço da poltrona antes dum cochilo, e durante o dia pode
proteger a cabeça do sol quente quando o calor arrochar.
outro passeio que faz sucesso entre os turistas é uma visita ao Beach Park, localizado no Porto das Dunas, em Aquiraz, pertinho de Fortaleza (foto divulgação).
As Malas
Faça uma
lista completa de tudo que vai precisar, para não ficar aperreando o povo da
casa com pedidos inconvenientes. Um hóspede calado já está errado, imagine
perambulando por dentro de casa, escruvitiando gaveta e pedindo coisa
emprestada. Portanto, não esqueça nada! Faça uma lista com tudo que você está
levando.
Confira a
lista e na véspera organize os volumes maiores na mala grande. Leve a cópia da
lista para na volta não esquecer nenhuma folha de torém na casa alheia. A
sacola de mão pode ser arrumada depois, porque até a última hora aparecem
recipientes que tem que caber nela, como a indispensável quartota.
Tudo pronto?
Certifique-se que o endereço dos primos está anotado corretamente, confira a
passagem e o dinheiro no bolso mais uma vez, pegue o rumo da rodoviária e boa
viagem!
A Praia do Futuro oferece muitas opções de diversão tanto durante o dia e quanto de noite. Mas fique alerta: de dia, falta estacionamento e é preciso ter cuidado no banho de mar. E à noite, falta segurança.
O
Desembarque
rodoviária de Fortaleza (foto Fortalbus.com)
Desembarcar
de madrugada, só se você for uma celebridade, tiver dado entrevista
recentemente em todos os canais de TV e trouxer na bagagem um Oscar, um Prêmio
Nobel, ou uma Taça de Campeão Mundial de seja lá o que for. Caso contrário,
procure chegar num horário conveniente, senão o povo já lhe recebe de tromba.
Mandamentos
do Hóspede
1 – leve de
presente para a dona da casa, um conjunto de seis copos para água;
2 – ache a
casa linda, mesmo que seja uma marmota;
3 –
levante-se cedo tome um banho para tirar a cara de bicho, vista uma roupa limpa
e apareça. Entre na sala achando graça e dando bom dia a torto e a direita, e
de quebra, estrale o dedo pro cachorro;
4 – diga que
dormiu muito bem. É deselegante dizer que a casa é quente e está cheia de
muriçoca. Nesta hora do dia é proibido o uso de desodorante com cheiro de
despacho, e loção à base de almíscar selvagem, para não interferir no paladar;
5 – as
iguarias especiais, que estão à mesa do café da manhã, foram compradas por
causa da sua presença, mas não vá se aproveitar e encher o bucho de queijos e
presuntos que você também não tem costume de comer a esta hora do dia, podem
fazer mal. O melhor é fazer de conta que aquilo é normal na sua casa e não
abusar. Apenas prove as novidades, depois faça a base com uma boa tora de pão.
6 – saia
para uma caminhada, para não ficar entrançando por dende casa enchendo o saco
do povo. Se tiver preguiça de praticar esportes, pelo menos finja que fez um
exercício, dando uma volta no quarteirão para molhar o sovaco de suor. Ao
retornar, arraste os pés ou tussa para avisar que vai entrando, e leve algum
agrado pros meninos: umas rasga-latas, um apito ou uma cornetinha de plástico.
O importante é não voltar de mãos abanando;
7 – na hora
das compras compete ao hóspede as tarefas de facilitar o troco e carregar os
embrulhos mais pesados, como sacos de arroz, feijão e açúcar. Em todo caso, se
perceber que o povo da casa está lhe explorando, faça pose de forte e leve a
sacola de papel higiênico na cacunda;
8 – mantenha
o quarto arrumado de modo que a dona da casa não tenha do que reclamar. As
roupas usadas devem ficar escondidas no fundo daquela sacola mais velha que já
é própria para isso. Estenda seus panos de bunda, que devem ser lavados durante
o banho, e sua toalha no lugar mais discreto possível, principalmente se tiver
alguma peça encardida ou furada. Nada de deixar chinela bolando pelos cantos de
parede, nem óculos escuros e pochete em cima da geladeira. O que não estiver
sendo usado fica no quarto;
9 – atender
ao telefone ou o portão, nem pensar, só se lhe pedirem; 10 – o
hóspede se serve primeiro, no primeiro dia. Daí em diante o almoço transcorre
na base do salve-se-quem-puder. O jeito então é você falar pouco e aproveitar
este dia de mordomias para passar bem. Seu silencia será interpretado como
timidez, cansaço da viagem ou período de adaptação. Portanto, fique só hum-hum,
no balançado de cabeça e arroche a comida enquanto o povo da casa conversa. Não
raspe o prato e deixe um pouquinho pro cachorro;
11 – tenha o
cuidado de não se engasgar, não enxugar a boca na toalha e não chupar os fiapos
dos dentes enquanto estiver sentado à mesa;
12 – se
ficar com sono depois do almoço, dê uma olhada no noticiário que é tiro e
queda, assistir a TV, ajuda a chamar o sono. Aí num instante aparece alguém da
casa que notou seus olhos miúdos e lhe oferece aquela rede grandona, que vive
guardada para uma ocasião dessas. Para não parecer preguiçoso, converse um
pouco na beirada antes de se deitar e aproveite para elogiar o almoço e dar os
recados. Quando já estiver pegando piaba, pela licença, se espiche na rede e
durma até o cu fazer bico, porque no dia seguinte, não lhe oferecem mais a
rede;
13 – se
algum dos primos lhe convidarem para dar uma voltinha pelo bairro no final da
tarde, isso significa que você está
intimado a aprender o caminho da padaria e no dia seguinte aparecer em casa com
uma braçada de maria-maluca, bolo três-sabores ou pé de moleque para o café da
manhã. Nem se atreva a levar pão ou bolachinha seca;
14 – se
houver um passeio e não couber todo mundo no carro, o hóspede deve se antecipar
e dizer que faz questão de ir de ônibus ou a pé, para descobrir ou rever a
cidade;
15 – o
hóspede deve ser o último a pegar no jornal. Depois que todo mundo da casa
tiver lido e espatifado tudo, é que você junta os bagaços e vai ler o que
sobrou;
16 – é da
alçada do hóspede-macho: trocar lâmpadas queimadas, eliminar vazamentos de
torneiras e tirar goteiras; Hóspede-fêmea: lavar os pratos, varrer o terreiro e
pentear os cabelos da dona da casa, a título de adulação;
17 –
cadeiras estofadas e canecos de alumínio são exclusivos do povo da casa. O
hóspede deve sempre se fazer de descontraído e se sentar no chão ou nos
tamboretes sem encosto e também só beber água nos copos de geleia;
18 – quando
a feira começar a minguar e aparecer ovo estrelado no almoço, o povo da casa
desandar a reclamar de luz acesa à noite, arrastado de chinela e baticum de
copo na cozinha, está na hora do hóspede pagar a cerveja que ficou pendurada na
bodega, arrumar as malas conferindo tudo pela lista, pronunciar o velho
desculpe ai qualquer coisa e pegar o rumo da venta. E já vai tarde!
A Avenida Domingos Olímpio já se chamou Travessa dos Coelhos
e Travessa n° 8, ganhando mais tarde a denominação atual. O nome Travessa dos
Coelhos era devido a atual Praça José Bonifácio, que fica em frente ao
quartel da Polícia Militar, que por sua vez fica de costas para a Domingos
Olímpio, ser conhecida por Praça dos Coelhos.
A Avenida Domingos Olímpio inicia na Avenida Visconde do Rio
Branco, no sentido nascente/poente, mesmo local que, no sentido contrário nasce
a Rua João Brígido. E como se uma fosse o prosseguimento da outra, e vai
terminar na Avenida José Bastos, no trilho do trem.
Por muito tempo a Domingos Olímpio foi uma espécie de
perimetral, já que todas as ruas de sentido norte-sul praticamente terminavam
nela. Quando continuavam ou eram em areia de tabuleiro ou eram fechadas logo em
seguida por cercas, que guardavam sítios como o de Eugênio Porto, que fechava as
Ruas Conselheiro Tristão e Jaime Benévolo.
De todas as ruas que atravessam a
Domingos Olímpio apenas a Barão de Aratanha, Barão do Rio Branco e Senador
Pompeu prosseguiam. A Barão de Aratanha era apenas um caminho estreito. Em 1949 os sítios começaram a ser abertos e as
ruas tiveram prosseguimento. A Domingos
Olímpio tinha início praticamente na Conselheiro Tristão.
Existia para o lado
de seu atual início apenas um quarteirão em areia que ia até os fundos da
Igreja das Doroteias. Na década de 1960, foi aberta e urbanizada, e foi beneficiada com o advento da Avenida Aguanhambi,
que lhe deu outra feição.
Na década de 1990 a Domingos Olímpio passou por obras para
alargamento da via. As obras foram iniciadas ainda em 1992 com a demolição das
primeiras casas desapropriadas. Com o
desaparecimento da estação ferroviária de Otávio Bonfim, a via termina no
cruzamento com a Rua D. Jerônimo, no bairro Farias Brito (mais conhecido como
Otávio Bonfim).
Em 2010 foi concluída a obra de alargamento da Rua Justiniano de Serpa, entre as
avenidas Domingos Olímpio e Bezerra de Menezes, para facilitar o escoamento do tráfego no trecho.
Quem foi
O cearense Domingos Olímpio (Sobral, 1850- Rio de Janeiro, 1906),
foi o primeiro escritor a destacar, na literatura brasileira, o papel da mulher
como personagem central de um romance nas condições históricas do sofrimento nordestino.
O livro “Luzia Homem”, publicado em
1903, narra a vida da sertaneja amargurada diante do flagelo da seca que, para sobreviver executa com a mesma
desenvoltura diversas tarefas até então exclusiva dos homens. Bonita, atraente
tem um fim trágico ao defender a própria honra. Patrono da cadeira n° 8 da
Academia Cearense de letras, Domingos Olímpio conquistou o respeito e
notoriedade nacional pelo romance. Apesar disso, a maior parte de sua obra
continua inédita.
Como em outros centros, o cinema do Ceará foi precedido de
várias demonstrações de projeções luminosas, exibições primitivas de
bioscópios, fantascópios, animatógrafos. Gustavo Barroso fala no Estereopticon,
da empresa Cabral e Cia., que também teria funcionado no prédio da Casa Palhabote. Em 1907 também houve exibições cinematográficas no teatrinho do
Clube Iracema, promovidas pela empresa Oliveira e Coelho.
Salão principal do Clube Iracema, em cujo teatrinho foram exibidos alguns filmes no ano de 1907
Mas cinema, cinema mesmo, quem o introduziu
no Ceará foi o cidadão italiano Vittorio di Maio, que se tornou conhecido em
Fortaleza, onde chegara em 1907, como Vitor di Maio. Ele, que já no século XIX, dez ou doze anos
antes, teria instalado o primeiro cinematógrafo no Rio, instala no ano de sua
chegada à capital cearense seu animatógrafo na parte dos fundos da Maison Art
Nouveau, isto é, na Rua Municipal (atual Guilherme Rocha). De instalações
modestas, o Cinema di Maio foi a casa pioneira da arte cinematográfica no
Ceará.
Rua Ou Travessa Municipal (atual Rua Guilherme Rocha em foto de 1925) onde se instalou o Cinema Di Maio em 1907.
O salão era dividido ao meio por uma grade de madeira que
separava a primeira classe, mais distante, e a segunda, mais próxima da tela.
Bancos duros na “geral”. Havia enchentes aos domingos e às vezes ficavam
espectadores de pé, provocando protestos e reclamações para que tirassem os
chapéus.
Os preços eram mil réis a primeira classe e quinhentos réis
a segunda. Caros para a época. Os
filmes eram franceses e italianos, de curta metragem. Havia na
programação sempre um ou dois filmes naturais, muito panorâmicos e parados.
Completava o programa uma ou duas fitas de maior extensão, e para o fecho, uma
comédia.
Na Rua Barão do Rio Branco, antiga Rua Formosa, Henrique Mesiano inaugurou o Cinema Rio Branco em 1909 - foto de 1910
Em 1909 o comerciante Henrique Mesiano inaugura o Cinema Rio
Branco, na rua do mesmo nome, quase na esquina
da Assembleia. E logo a seguir Júlio Pinto oferece ao público o cinema
Casino Cearense. No cinema Rio Branco
instalado com mais capricho, havia uma boa orquestra, por muito tempo dirigida
pelo maestro Luigi Maria Smido. No programa distribuído aos frequentadores
constavam as músicas a serem executadas pela orquestra. As sessões noturnas
eram duas vezes. A última sessão, quase sempre a de frequência mais distinta,
era chamada de “Soirée Chic” ou “Soirée das Rosas”.
Por algum tempo, o Rio Branco foi o mais prestigiado dos
cinemas da capital. Fez temporadas de grande êxito com seriados. Aos domingos
havia matinê infantil, às 6 horas com programas especiais e muita algazarra.
Também passavam filmes policiais, com crimes e bandidos em profusão. Não havia
restrição a menores, o público era formado por todas as idades.
Rua Major Facundo em 1930, com o prédio do cine-teatro majestic Palace, inaugurado em 1917
O Casino Cearense (Cinema Júlio Pinto) era de instalações
mais modestas, mas num amplo salão. A projeção era feita na parede. Nos
primórdios o Casino teve orquestra, na sala de espera inclusive. Depois passou
a ter apenas uma pianista na sala de projeção.
Tanto o Di Maio como o Rio Branco e o Júlio Pinto possuíam
na fachada campainhas estridentes que anunciavam o início e o término das
sessões. O Di Maio manteve algum tempo um realejo martelante.
Com a morte do proprietário, o Cinema Di Maio passaria mais
tarde por uma reforma e receberia nova denominação: Cinema Riche, de Luiz
Severiano Ribeiro e Alfredo Salgado. Marcava o modesto cinema de Fortaleza a
entrada no mercado cinematográfico de
Luiz Severiano Ribeiro, que viria a ser um dos maiores exibidores do Brasil,
chegando a possuir mais quarenta cinemas só no Rio de Janeiro.
Em 1911 apareceu outra casa de espetáculos que marcaria
época. Foi o Cine-teatro Politheama, da empresa Rola e Irmão. Casa montada
com certo bom gosto, no coração da cidade, isto é, no meio do quarteirão mais
importante de Fortaleza, na Praça do Ferreira. Quando surgiu oferecendo maior
conforto o Politheama logo se tornou o
principal cinema da cidade. Exibiu grandes filmes e lançou no Ceará das fitas
norte-americanas da William Fox Corporation.
O Politheama e o Majestic foram instalados na Praça do Ferreira em 1911 e 1917, respectivamente
Os cinemas se mantiveram heroica e milagrosamente com duas
sessões de segundo a sábado e três aos domingos, incluindo a vesperal infantil.
Nesse período apareceu ainda outro cinema, localizado na Rua Floriano Peixoto,
esquina da Praça do Ferreira. Denominava-se American-Kinema e teve vida
efêmera.
O cinema em Fortaleza não foi pelo menos até 1930, um hábito
arraigada da população. Contava-se aos milhares as pessoas que, mesmo residindo
no centro, jamais entraram num cinema! Nunca
foi possível até então os cinemas funcionarem à tarde. E mesmo as sessões
noturnas só eram concorridas aos sábados, domingos e feriados, ou nas exibições
de seriados ou de filmes sacros.
Praça do Ferreira, década de 1920, com o prédio do Cine Moderno
Nos primeiros anos da década de 1920 houve uma espécie de
guerra dos cinemas, que resultou que alguns deles como o Rio Branco e o Júlio
Pinto baixassem os preços que chegaram até 100 réis, isto é, um tostão. Mesmo assim o cinema não se popularizou como
deveria acontecer numa cidade de 70 a 80 mil habitantes, sem teatros funcionamento
regularmente e sem outra diversão a não um ou outro circo, que aparecia
esporadicamente, que geralmente armava sua lona na Praça da Lagoinha ou da
Estação.
Depois do Politheama, que teve seus dias de gloria como
teatro inclusive, surgiu em 1917 o Majestic, de Plácido de Carvalho. Localizado na Praça do Ferreira, no prédio mais alto da cidade e em
posição privilegiada, o cinema-teatro era moderno, grande e confortável,
tirando o Politheama da competição e se tornando o cinema preferido da cidade.
Praça do Ferreira em 1919, com o Café Elegante e ao fundo o prédio do Cine-teatro Majestic palace
O Majestic abrigou várias companhias teatrais e foi
inaugurado pela transformista Fátima Miris a 14 de julho de 1917. Na sua vasta sala de espera havia um grande quadro
de Francesca Bertini, pintado pelo artista cearense Raimundo Siebra.
Houve uma fase que o cinema de Fortaleza foi submetido a um
truste, passando a funcionar em circuito, o mesmo filme era exibido pelos três
cinemas. Depois do Majestic foi inaugurado pela mesma empresa o Cine-Moderno,
que logo se tornou o principal do estado. À sua última sessão de domingo
acorrida toda a sociedade de Fortaleza, que antes comparecia à retreta no
Passeio Público. Antes das nove horas, o mundo elegante abandonava o velho
logradouro e desembocava pela Rua Major Facundo, desfilando pelas inúmeras rodas
da calçada das residências dos sírios, rumo ao Moderno.
Por preguiça, comodidade ou até por motivos de ordem
econômica, o cinema até 1926 pelo menos, não chegou a ser diversão nem popular,
nem efetiva da cidade.
Não tinha muita lógica. A água não era boa, mas o pão era
excelente, elogiado por todos. Tão bom quanto os melhores do Brasil, diziam. No
entanto, o pão fabricado em Fortaleza perdeu a qualidade. Está longe de ser o
que foi, leve, saboroso e de bom aspecto.
Padaria Ideal
Inaugurada em 1925, a Padaria Ideal funcionou inicialmente na Rua Barão do Rio Branco. Depois foi vendida e mudou-se para a esquina da Rua Guilherme Rocha com a Avenida do Imperador.
Não seriam muitas as padarias de Fortaleza nas duas
primeiras décadas deste século. Talvez não chegassem a uma dúzia, mas o pão era
de boa qualidade. Havia a Padaria Aveirense, a Palmeira, a Industrial, a Fábrica Aliança – movida a
vapor e talvez por isso, a primeira a se designar fábrica – e a tradicional
Santo Antônio, de Emilio Sá, na Rua do Livramento (atual Clarindo de Queirós) ,
a única de propriedade de cearenses, pois as demais pertenciam a portugueses e
italianos.
Padaria Palmeira
A Padaria Palmeira funcionava na esquina das ruas Senador Pompeu com Guilherme Rocha, para onde mudou-se em 1923. Pertencia a firma Ferreira da Silva & filho. Além da panificação atuava também no ramo de torrefação com o Café Palmeira.
Em Parangaba havia a Padaria Natalense, de José Pedra,
crioulo forte simpático, que além do pão fabricava à tarde umas rosquinhas de
grande procura, principalmente nas festas de Bom Jesus, em dezembro. Diziam que o segredo das rosquinhas vinha do
uso da água da lagoa vizinha. O fato é que nenhum outro estabelecimento de
Fortaleza chegou a imitar a deliciosa iguaria fabricada pelo Zé Pedra.
Padaria Imperial
A Padaria Imperial de Antônio Escudeiro de Almeida e José Antônio da Silva, foi fundada em 1923, na Avenida Visconde do Rio Branco. Em 1934 passou a pertencer ao grupo de M.Dias Branco.
Nos velórios daqueles tempos era costume dos presentes irem
buscar na padaria mais próxima, de madrugada, os pães quentes para matar a fome
dos que “faziam o quarto”. Os mais afamados eram os pães sovados da Padaria de
Emilio Sá. Na Rua 24 de maio instalou-se na década de 1910 a padaria do
português José da Silva Bottas, que pôs
o nome de Padaria Biju. A designação dava margem a comentários. Teria o
proprietário aportuguesado a palavra francesa ou usado apenas uma variante de
beiju? O certo é que os pães a Biju eram gostosos e as famílias freguesas
recebiam de brinde no Natal um bonito e enfeitado pão doce, especialmente fabricado
para a época.
Padaria Lisbonense
Em
1875 surgiu a fábrica de produtos alimentícios que deu origem à Padaria
e Confeitaria Lisbonense. A Lisbonense foi fundada em março de 1916,
por Pelágio Rodrigues de Oliveira, José Teixeira de Abreu e Abílio
Rodrigues de Oliveira. Em 20 de abril de 1927, passou a funcionar na Rua
Pedro Borges, 151/57. Encerrou suas atividades em 10 de outubro de
1983, sob a acusação de estar poluindo o centro da cidade.
Também houve um tempo em que começou a aparecer a tarde o
chamado pão do chá. Eram pães especiais, vendidos em latas carregadas pelos padeiros
que o apregoavam – olha o pão do chá! – bem apresentados, ainda quentes e nos
baús de lata pintados de verde. As famílias ficavam à espera dos pães para o
café da merenda, que nunca era chá, que ninguém estava doente...
Os pães da tarde, fabricados com esmero por duas ou três
padarias eram de três tipos: o pão do chá, o pão suíço e o pão de leite. Também
havia o pão-baliza que dava margem a trocadilhos pitorescos.
Certa vez um desses entregadores de pão da tarde propiciou
uma cena tragicômica. Passou anunciando mais tarde do que no seu horário
habitual:
- pão de leite, suíço e doce.
Devido a meia língua do vendedor novato e o pregão fora de
hora, uma senhora entendeu que era o grito de um gazeteiro, anunciando que o “Padre
Leite suicidou-se”, e tratou de espalhar a noticia.
Quanto ao pão da manhã era entregue em domicilio pelos
padeiros que o conduziam ao ombro em grandes cestos de vime que arriavam e levantavam,
numa rápida e habilidosa operação.
Padaria Americana
A Padaria Americana foi instalada na Rua General Sampaio, quando o proprietário João Otávio Vieira Filho, transferiu o estabelecimento de Aracati para Fortaleza em 1880. Foi a primeira fábrica de biscoitos e bolachas do Ceará.
Mas nem só de pão viviam os cearenses da capital. Havia as bolachinhas
de manteiga, e de coco; havia ainda os pães-doces, pequenos ou artisticamente
desenhados; e havia o já mencionado pão
sovado (Provença), de formato curioso a que Pedro Nava chamou de pão de
Provença, em forma de bundinhas e que se dividia separando as duas nádegas.
Curiosas eram também as bolachas fogosas, grandes, redondas
e grossas, um tanto maçudas, mas apreciadíssimas no café da manhã. Essas
bolachas não eram fabricadas regularmente
embora tivessem muita procura. Todos esses produtos há muito deixaram de
ser fabricados em Fortaleza. O que temos
nos dias atuais, é o manjado pãozinho com bromato: grande, oco, seco, só casca, que se esfarela
ao ser tocado.
Extraído do
livro
Fortaleza de
ontem e anteontem, de Edigar de Alencar