sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Cinema era a Melhor Diversão

 

Por volta do ano de 1955 havia muitos cinemas espalhados pelos Centro e em alguns bairros de Fortaleza. Frequentá-los implicava em ter que aceitar algumas regras. Assistir filme no Cine Diogo, por exemplo, exigia pompa e circunstância. Para entrar no cinema tinha que estar de paletó e gravata, da mesma maneira que para comparecer à aula da Faculdade de Direito.

Por essa época vários estabelecimentos do Centro alugavam paletós. Um desses locais era o Café Cearazinho, que dispunha de meia dúzia de paletós surrados, para emprestar aos clientes da casa, que pretendiam ir assistir uma fita, mas viviam esquecendo tal formalidade. Numa das paredes do café, alguém escreveu um versinho à mão:

Estás desanimado?

Esmorecido, sem fé?

Põe o trabalho de lado.

Vem tomar um café...

Uma letrinha miúda, encabulada, completava o convite:

(“No Cearazinho”)

O Diogo pertencia, como o futuro Cine São Luiz, à cadeia nacional de cinemas, fundada por um cearense de Baturité, Luiz Severiano Ribeiro. Mas não era a única. Havia outra rede de casas exibidoras montada com capital cearense, pertencente a Amadeu de Barros Leal, Álvaro Melo, Pedro Coelho de Araújo e Rui Firmeza e possuía entre outros, o Cine Atapu, localizado na esquina da Avenida Pontes Vieira com Visconde do Rio Branco, no rumo de Messejana. Ficava ao lado da casa do Sr. Amadeu de Barros Leal, um bangalô branco, com placa na porta, como era moda então, anunciando seu nome e sua profissão. Foi o segundo cinema da rede Cinemar, e como era longe do centro, era assegurado aos frequentadores das sessões noturnas, que ao final destas, haveria um ônibus da empresa São Francisco, com destino ao Centro.



Cine Atapu, fachada original e depois da reforma

Numa época em que os filmes americanos ainda seguiam alguns critérios de censura, que proibia alguns deslizes de comportamento no campo da moral e dos bons costumes, o Atapu levou ao seu público o realismo do cinema francês. Assim, começou a exibir sessões clandestinas de filmes eróticos, em sessões noturnas às 22horas. O público ficava sabendo por avisos que se propagavam rapidamente em conversas informais da Praça do Ferreira. O fato é que esses festivais de filmes curtos de sexo explícito, despertavam interesse do público, simplesmente por se constituir em evento proibido. Como resposta, o Atapu sofreu denuncias de jornais como O Povo e censuras de publicações da Igreja Católica. O Cine Atapu se manteve por 11 anos, fechando em 1960.

 

Cine Samburá, onde depois funcionou o Cine Fortaleza

Outro cinema importante era o Cine Samburá, principal investimento da Cinemar e o quarto de sua propriedade, onde se dizia que, com os movimentos certos, podia-se namorar sem qualquer limitação. Era um cinema amplo, com 700 lugares, com endereço à Rua Major Facundo, 802, a dois quarteirões da Praça do Ferreira. Com uma inauguração festiva, a sessão de abertura no dia 15 de agosto de 1952, exibiu uma produção histórica italiana: “Pompeia, Cidade Maldita”. Nove anos depois, a 18 de maio de 1969, o cine Samburá fecha as portas com o filme “Aquele que Deve Morrer”.

Fazia parte da rede cearense o Toaçu, localizado à Rua General Sampaio, 927 – Praça José de Alencar. Era um cinema popular, inaugurado as 9 horas do dia 13 de março de 1956 em concorrida solenidade, que contou com a presença de autoridades e da imprensa. As instalações do Toaçu eram um forno e uma armadilha. O calor era intenso e a decoração toda feita de esteiras de palha de carnaúba, um perigo sempre presente. E não deve ter sido à toa que passou por um incêndio, tendo sido recuperado e equipado com tela panorâmica. O único cinema a se instalar na Praça José de Alencar teve duração de 8 anos, encerrando as atividades em 1963.

 

Cine Toaçu, fachada original e depois da reforma

Fora do perímetro central havia o Cine Ventura, o primeiro cinema da Aldeota, propriedade do português Júlio Ventura, que visando investir no segmento, construiu um imóvel destinado a exibição de filmes, que fosse um divertimento barato e acessível aos moradores. Ficava na Avenida Barão de Studart, 1521, esquina com a Rua João Carvalho. Foi inaugurado em 1941 e encerrou as atividades em 1973.  

Na Praça da Estação à rua General Sampaio, 526, havia o Cine Luz, com 800 lugares, status de cineteatro, propriedade de Luiz Severiano Ribeiro, Inaugurado em 1939, fechado em 1951.

O Cine Rex na Rua General Sampaio, 1263, empreendimento da empresa Clóvis Janja & Cia Ltda, foi entregue ao público no dia 10 de agosto de 1940. Era dotado de ampla sala de espera, extenso hall com cartazes e vasto salão com 640 cadeiras. O cinema fechou as portas pouco mais de um ano depois da inauguração, em 13 de setembro de 1941. Foi reaberto em 10 de maio de 1944, como sala secundária do Grupo Severiano Ribeiro.


Cine Rex, na Rua General Sampaio

O Cineteatro Centro Artístico Cearense funcionava na Rua Tristão Gonçalves, 1008, e esteve em atividade entre 1926 e 1956, quando foi fechado.  

Muitas outras salas de projeção  ofereciam a mais pura diversão com a oferta de grandes filmes, que despertavam diversão e bom entretenimento no público: o Cine Moderno, o Araçanga, o Majestic, o Nazaré, o Cristo Rei, o Popular, o  Benfica, o Merceeiros, o Navegantes, o Parangaba, e muitos outros.

 

Fontes:

A Tela Prateada, de Ary Bezerra Leite, 2011

Louvação de Fortaleza, de Lustosa da Costa. 1995  

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Praça Capistrano de Abreu (Praça da Lagoinha)

 

Localizada no centro entre as Avenidas Tristão Gonçalves, Imperador e Rua Guilherme rocha, ao lado do Hospital e Maternidade Cesar Cals. Sua demarcação é anterior a 1859, ano em que o Conselho de Intendência autorizou a construção de uma cacimba de pedra. A praça foi construída sobre uma pequena lagoa, formada por um dos afluentes do riacho Pajeú, daí a origem dessa primeira denominação. Como a população trazia o lixo de quase toda a cidade para ser descartado ali, a cacimba converteu-se num foco de doenças, ameaçando a saúde pública e teve que ser aterrada.

A partir de 1881 recebeu a denominação de Coronel Teodorico, em homenagem a Antônio Teodorico da Costa, médico, vice-presidente da província, deputado, presidente da Assembleia e Comandante da Guarda Nacional.

Após a Proclamação da República o Conselho de Intendência resolveu que todos os nomes de ruas e praças da cidade seriam substituídos por números e datas. Assim, a praça Coronel Teodorico recebeu a nova denominação de Praça 16 de novembro – data da instalação do governo provisório do Estado do Ceará, em 1889. Mas essa deliberação só vigorou por seis meses, e a praça recebeu o antigo nome de volta, mudando só a titulação do homenageado, de Coronel para Comendador Teodorico.

Nessa ocasião a praça foi arborizada com mongubeiras, que fizeram parte do paisagismo da praça por 39 anos, sendo derrubadas para seu ajardinamento. Por outro lado, por meio de leis municipais de 1919 e 1923, a sua área foi diminuída para a construção de dois institutos de beneficência e caridade.

Havia na praça uma caixa d’água de alvenaria para abastecimento dos trens que passavam pela avenida Tristão Gonçalves, demolida na década de 1920,  pelo diretor da Rede de Viação Cearense por solicitação da prefeitura municipal. Em seu lugar foi construído um coreto, que durante anos foi utilizado para as exibições da Banda da Polícia Militar. 

  


Em junho de 1930, na gestão do prefeito Álvaro Weyne foi construído um jardim que foi chamado de Thomaz Pompeu, em homenagem ao Dr. Thomaz Pompeu de Souza Brasil, vice-presidente da Província em 1889, diretor da faculdade de Direito. Nessa mesma gestão foi instalada uma fonte de águas coloridas (que atualmente se encontra na Praça Murilo Borges).

A partir dessa urbanização, a praça caiu nas graças da população, e passou a ser frequentada por todas as classes sociais. Era chique circular em volta dos canteiros, na área arborizada e bem delineada. A exemplo do que já acontecia no Passeio Público, a divisão de classes se fazia espontaneamente, sem regulamento, sem normas escritas.



No meio da praça circulavam as pessoas da elite, os endinheirados; na periferia, os cidadãos comuns. Virou ponto de encontro de poetas, violeiros, dos casais de namorados, estudantes de rédeas soltas. Ali se realizavam verdadeiras sessões literárias e musicais ao ar livre. Também era o quartel-general de alunos da Fênix Caixeiral, quando este era o grande centro educacional do centro.  

Em 1965, o nome da praça mudou novamente, passando a denominar-se praça Capistrano de Abreu, em homenagem ao historiador nascido em Maranguape. A partir da década de 70 a praça inicia um processo de decadência, comum a outros logradouros do centro, serviu como feira de pássaros, e depois como local de negócios duvidosos, ficando por muito sendo conhecida como feira dos malandros.

A Praça em 2010 (imagem Fortaleza em Fotos)
 

Praça Capistrano de Abreu (imagem do Google Earth set/2024)

Nos últimos anos a Praça da Lagoinha foi fechada por tapumes para a construção da primeira fase do Parque da Cidade, nome dado à obra de integração daquele logradouro à Praça José de Alencar, local da mais importante estação do metrô. O trecho entre as duas praças já foi inaugurado. A praça oficialmente Capistrano de Abreu, nunca perdeu a denominação popular que lhe foi atribuída desde seu surgimento: Praça da Lagoinha 

 

Fontes:

Praças de Fortaleza/Maria Noélia Rodrigues da Cunha/1990//Caminhando por Fortaleza/FranciscoBenedito/1999/ Jornal O Povo/Jornal Diário do Nordeste/Publicação Fortaleza em Fotos - Fotos do Arquivo NIREZ  

domingo, 10 de agosto de 2025

Oficinas da rede de Viação Cearense – Oficinas do Urubu

 

A chegada do trem e da Estação da Estrada de Ferro Baturité representou um grande progresso para a cidade provinciana que era Fortaleza. E veio aos poucos, primeiro, uma estação improvisada, um percurso que foi sendo ampliado à medida que aumentavam os recursos financeiros e a demanda pelo transporte.

Estação João Felipe, na Praça Castro Carrera, Centro

Em 1925, já em poder da Rede de Viação Cearense, a rede ferroviária iniciou a construção de sua oficina, com projeto do engenheiro Emílio Henrique Baumgart. Era um projeto grandioso, composto de oficinas de montagem e reparação de locomotivas, reparação de carros e vagões, pintura de carros e vagões, fundição, ferraria, casa de força (termoelétrica), almoxarifado e administração. O projeto previa 12 pontes rolantes, formando um conjunto harmônico em 16 mil metros quadrados de área edificada com concreto armado

As novas oficinas da Rede Viação Cearense (RVC) foram inauguradas em 04 de outubro de 1930. O espaço estava apto para atender 125 locomotivas e 1200 carros de passageiros e carga. Foi considerada a oficina ferroviária mais completa do país, admirada por muitos como uma obra prima da engenharia nacional. Foi construída em terras do Sítio Santo Antônio da Floresta, doadas pelo coronel Antônio Joaquim de Carvalho, que tinha interesse em valorizar suas terras. O empreendimento ficou conhecido como “Oficina do Urubu” porque havia nas proximidades um grande aterro de lixo, que atraía muitas aves da espécie. A própria avenida era chamada informalmente de “Estrada do Urubu”, atualmente chama-se Avenida Francisco Sá.



Oficina do Urubu

Ao mesmo tempo que construía novas locomotivas e fazia manutenção em máquinas e equipamentos utilizados no funcionamento das locomotivas, as Oficinas do Urubu passaram a funcionar como centro de treinamento e habilitação de trabalhadores e espaço de formação de alunos aprendizes do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

O Ensino profissional e Industrial foi instituído em 1937, pela Constituição promulgada no governo Getúlio Vargas, que definiu que as indústrias e os sindicatos econômicos deveriam criar escolas de aprendizes na esfera da sua especialidade. No Ceará, o nascimento do SENAI está ligado ao Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional de São Paulo. Dessa relação foi criada a Escola Profissional de Fortaleza, que tinha como diretor Antonio Urbano de Almeida, chefe das oficinas do Urubu, nomeado em 1943 administrador do SENAI Ceará. Em 1944, foi firmado plano entre a RVC e o SENAI para oferecimento de diversos cursos que foram ministrados nas oficinas da RVC.


oficina do Urubu

Assim, a nova oficina era local de trabalho, manutenção e construção das locomotivas, e espaço de formação dos aprendizes e alunos do curso do SENAI. A preocupação com a formação dos trabalhadores incluía como pano de fundo a necessidade de mão de obra qualificada para atender à crescente demanda da indústria nacional por operários, que além dos conhecimentos básicos precisavam deter, sobretudo, os conhecimentos técnicos para operar, consertar e fabricar o maquinário presente nas empresas.

Em 1951 denominou-se este complexo de Demostenes Rockert. A Rede de Viação Cearense (RVC) foi extinta em 1975, quando foi transformada em 2ª Divisão Cearense pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA), que a havia incorporado em 1957. A RFFSA, por sua vez, foi extinta em 2007. Atualmente as antigas Oficinas do Urubu fazem parte da Ferrovia Transnordestina. Fica na Avenida Francisco Sá, 4289. 


 Fontes:

https://www.even3.com.br/anais/arte_patrimonio_industrial/220714-a-oficina-do-urubu-e-o-ensino-ferroviario--o-papel-do-senai-na-formacao-do-trabalhador-fortalezace-1928-1944/

LASTROS DE UM PASSADO INDUSTRIAL E FERROVIÁRIO EM FORTALEZA: O

PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO DAS “OFICINAS DO URUBU” TAINAH RODRIGUES FAÇANHA

file:///C:/Users/mfati/Downloads/2022_dis_trfa%C3%A7anha%20(1).pdf

https://mapacultural.secult.ce.gov.br/files/agent/27027/hist%C3%B3rico_do_museu_ferrovi%C3%A1rio_do_cear%C3%A1.pdf

https://www.ceara.gov.br/2024/01/07/museu-ferroviario-estacao-joao-felipe-e-destino-obrigatorio-para-conhecer-a-formacao-do-ceara/

Fotos Museu Ferroviário

 

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Padre Quinderé

Padre Quinderé 
 (imagem do blog As Trilhas da Vida)

Padre Quinderé é uma figura lendária. Falecido em 1960, ainda vive nas memórias da cidade, graças à maneira cativante de externar-se, de comunicar-se com todo mundo, seus gracejos oportunos e o seu invencível repentismo. Estava sempre bem-humorado e marcou época nas funções que ocupou, seja como religioso, jornalista e professor.

Como professor do Liceu do Ceará, fazia o gênero linha dura, ameaçando céus e terras para o aluno que não aprendesse os rudimentos da língua latina. O colégio realizava quatro provas escritas de avaliação por ano, e antes de cada uma, semblante fechado, o mestre anunciava: “é agora cambada, que chegou a hora da onça beber água. Quem prestou atenção, quem estudou, quem vai se dar bem, quem malandrou, entra no zero, zerorum...e aquele que eu apanhar pescando, boto pra fora no mesmo instante”


Prédio onde funcionava o Liceu do Ceará, na Praça dos Voluntários
(imagem Arquivo Nirez) 

Sentado na cadeira de professor, vez por outra levantava-se, dava uma volta na sala de aula, esmiuçava cada um dos alunos em busca de pesca. De repente, faltando uns 10 a 15 minutos para terminar o horário da prova, ele avisava: “olhem, vou até a cantina tomar um chá. Quero comportamento exemplar, se eu souber que alguém pescou já sabem, o zero vai cair sem piedade, em cima de vocês”

E se retirava estrategicamente, convencido de que era inútil seu esforço de conscientizar aquelas crianças da importância do ensino do Latim, para uma melhor compreensão do Português, do Francês, do Espanhol, enfim, de todas as línguas modernas que direta ou indiretamente, nasceram do idioma espalhado no mundo antigo pelo Império Romano.

Com esse sistema, nunca reprovou ninguém, em compensação, o estudo do Latim ficou para depois... ou para nunca. Monsenhor Quinderé patrimônio moral e cultural do Ceará, escritor e jornalista, ganhou fama também por sua espirituosidade. Gostava de contar anedotas, fazia rir sem ser ofensivo.

E deixou em seus alunos a lembrança do professor devotado e severo, ao mesmo tempo generoso, porque cedo entendeu que o estudo do latim positivamente era uma carga pesada demais que o currículo impunha aos alunos secundaristas.

Contam que certa vez o padre recebeu um grupo de alunos e alunas do Liceu que o convidaram a um piquenique comemorativo do término do curso. Argumentaram que a presença dele daria mais destaque ao evento. Padre Quinderé agradeceu, mas respondeu “não posso ir, mas peço-lhes, porém, uma coisa: me tragam depois os meninos nascidos desse piquenique para eu  batizá-los.” 

Amigo da família do Comendador Nogueira Acióli, Presidente do Estado durante muitos anos, Monsenhor Quinderé recebeu de "presente" uma cadeira de deputado Estadual. Eleito, cumpriu dois mandatos, onde ele próprio afirmava: "Fui deputado, sem conhecer um eleitor, e jamais qualquer deles me procurou para tratar de interesses pessoais. Os chefes é que defendiam junto ao governo as pretensões dos seus correligionários''.

Simpático e acessível, frequentava as residências ricas ou pobres, como pessoa de casa, e jamais alguém duvidou da lisura dos seus procedimentos morais e das suas virtudes de clérigo. Certa vez, para fazer gracejo, perguntaram-lhe se ele era um sacerdote sério, e a resposta foi: "sério eu sou, não sou é sisudo".

Quando faleceu, no dia 26 de agosto de 1960, Monsenhor Quinderé já estava privado da visão há alguns anos e o seu passamento resultou de um insidioso câncer. Foram suas últimas palavras: "A batalha está terminada. Encontrei o caminho do céu". Morreu aos 78 anos, como sempre viveu: em paz com sua consciência. Está sepultado na cripta da Catedral Metropolitana de Fortaleza.

Capela do Cristo Ressuscitado na Cripta da Catedral
(imagem Fortaleza em Fotos 2012) 

José Alves Quinderé nasceu em Maranguape, filho de João Gualberto Quinderé e Josefina Pinheiro Muniz, no primeiro dia do ano de 1882. Ingressou no Seminário de Fortaleza em 1904, com estudos custeados pela irmã Gagnet, madre superiora do Colégio da Imaculada Conceição, que admirava a sua inteligência e as suas virtudes. Depois da ordenação passou a trabalhar no Palácio Episcopal, até que em 1910 foi nomeado professor de latim do Liceu do Ceará. Três anos depois, fundou o Colégio Cearense, que em 1916 passou a ser dirigido pelos irmãos Maristas. Na hierarquia da igreja atuou como Secretário-Geral do bispo Dom Joaquim José Vieira. Em 1920, foi distinguido com o título de Cônego, tornando-se Monsenhor em 1929. Exerceu o mandato de deputado estadual em duas legislaturas e foi Vice-Presidente da Assembleia. Suas atividades literárias começaram em 1939, quando escreveu um trabalho intitulado "Subsídio para a História Eclesiástica do Ceará", inserido numa edição de "O Ceará".

Monsenhor José Quinderé publicou, além de "Subsídio Para a História Eclesiástica do Ceará", o "Ano Litúrgico", "Sinal Sensível", (Editora Agir-Rio), "Palavra de Vida Eterna"(Editora Vozes, de Petrópolis), "A Mais Antiga Constituição" (Editora Beneditina, Salvador), "A Vida de D. Joaquim José Vieira- 29 Bispo do Ceará" (Editora Instituto do Ceará), "Vida de Santa Filomena" (Editora A. Batista Fontenele) e, finalmente, "Reminiscências".

 

Fontes: O Liceu e o Bonde/Blanchard Girão/Editora ABC/Fortaleza, 1997

Padre Quinderé, por Raimundo Girão. Disponível em https://academiacearensedeletras.org.br/revista/revistas/1982/ACL_1982_22_O_Padre_Quindere_Raimundo_Girao.pdf