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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Major Facundo - O Assassinato na Rua da Palma

No dia 8 de dezembro de 1841, dia consagrado a Nossa Senhora da Conceição, a província do Ceará vivia momentos de festa e religiosidade, com grande aglomeração popular na igreja da Prainha, que fora inaugurada naquele dia com a celebração da primeira missa no local.

Depois de participar com a família das comemorações e visitar alguns amigos, o Major Facundo descansava na sua casa, a antiga Rua da Palma n° 72. Aproximadamente às 20 horas, dirige-se até a porta principal para atender um portador de Sobral, levantando a trava da janela.


Igreja de N.S. da Conceição da Prainha, inaugurada em 8 de dezembro de 1841
Antiga Rua da Palma, atual Rua Major Facundo, postal dos anos 20

De repente, três grandes estrondos ecoam na noite. De um casebre em frente, partem os tiros certeiros de bacamarte que estraçalham a cabeça do chefe político liberal. Alguns estilhaços ferem a mão de sua mulher e abrem buracos nas paredes da casa. Estabelecido o pânico nas redondezas, o pior finalmente tinha acontecido: major Facundo estava morto. As ameaças contra sua vida se concretizaram de forma trágica.

O crime abala toda a cidade, tendo repercussão no país através de discursos inflamados dos políticos da época. Considerado pelo historiador Barão de Studart como “a influência mais legitima e real que teve a província do Ceará”, major Facundo foi sepultado na capela do Rosário, então matriz e mais antiga de Fortaleza, onde ainda hoje se encontra.

Casa onde viveu e foi assassinado o Major Facundo. Depois foi ocupada pela Casa Villar. 

Barão de Studart relata as consequências dos dramáticos episódios ocorridos no dia do assassinato. “Por toda parte surgiam gritos de vingança, protestos de energia indescritível. A Polícia não permitia que se fizessem ajuntamentos de mais de três pessoas e trazia a vista os membros mais exaltados da família perseguida e seus mais dedicados amigos, e se em altas vozes os homens do governo prometiam prêmios a quem descobrisse os matadores, cerravam ouvidos aos nomes, que o clamor público apontava e mais tarde, protegiam abertamente os mandantes do atroz delito".

A mulher do então presidente da província, que participava do movimento de hostilidade a Facundo, foi denunciada como mandante do crime, mas nada sofreu. Antônio Manoel Abrahão e Pedro José das Chagas, os executores, foram condenados, alguns anos depois a galés perpétuas pelo júri de Fortaleza. Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, intermediário que contratou os criminosos, foi julgado três vezes e absolvido nos três julgamentos.

  
 Igreja do Rosário onde o Major Facundo foi sepultado, de pé, voltado para o Palácio da Luz

Lápide do túmulo do major Facundo, localizado numa das paredes laterais do templo, com a seguinte inscrição: 
Aqui jazem os restos mortaes do major João Facundo de Castro Menezes vice presidente da Província. Assassinado a 8 de dezembro de 1841. Sendo presidente José Joaquim Coelho. Nasceo aos 12 de julho de 1787. Tributo d'amisade da sua infeliz esposa  D. Florência D'Andrade Bezerra e Castro. A 8 de dezembro de 1842.
A morte do major Facundo já era esperada pelas lideranças locais. A política tinha chegado a extremos de violência e ameaças. Facundo, um dos principais chefes do Partido Liberal (os chimangos), que era a união de antigos imperialistas e republicanos moderados, tinha por adversário o Partido Conservador, conhecido também por caranguejo. Enquanto as paixões políticas se acentuavam, ocorriam saques em propriedades e crimes no interior do Ceará.

O senador José Martiniano de Alencar era a figura política proeminente dos liberais. Nomeado presidente da província do Ceará em 1834, tinha o Major Facundo como primeiro vice, que o substituía em suas ausências. Em março de 1841, o senador Alencar é exonerado, tendo Facundo assumido novamente a presidência. O motivo foi a queda dos liberais no Rio de Janeiro, quando então subiu ao poder os conservadores. 

No dia 9 de maio foi nomeado o novo presidente do Ceará o brigadeiro José Joaquim Coelho, barão da Vitória, opositor ferrenho de Facundo. O fato de se ter um presidente ligado ao Partido Conservador com um vice Liberal, tornou a situação política do Estado bastante delicada e contribuiu para o tráfico fim do vice-governador.

João Facundo de Castro Menezes nasceu em Aracati, no dia 12 de junho de 1787, filho do capitão-mor José de Castro Silva e Joana Maria Bezerra. Em 1818 se transfere para Fortaleza. Defensor das ideias políticas de sua família, opõe-se à junta governativa liderada por Tristão Gonçalves, Pereira Filgueiras e Padre Mororó. Preso, deportado para o Rio de Janeiro, é solto por ordem do Imperador D. Pedro I. Em 1824, durante a Confederação do Equador, deixa novamente o Ceará por divergências com os revolucionários.

Presidente da Assembleia Provincial, depois da derrota da Confederação do Equador participa ativamente da movimentação política da província. Devido ao ato da maioridade, recebe interinamente o cargo de Presidente da Província. É considerado por este fato, o primeiro a governar o Ceará, depois de D. Pedro II assumir o trono do Brasil.

Major Facundo nunca levou a sério as ameaças que recebia quase que diariamente. E quando a família e os amigos o alertavam para que se cuidasse, respondia-lhes perfeitamente calmo que não tinha inimigos e sim adversários políticos, e estes não lhe votavam ódio a ponto de querer assassiná-lo. A morte do major Facundo foi apenas um dos atos praticados pela violência política, numa época em que o Brasil vivia tumultuada agitação interna.  

Extraído do livro
A História do Ceará passa por esta Rua, de Rogaciano Leite Filho.
fotos Arquivo Nirez e Fortaleza em fotos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Pelas Ruas da Cidade –- Parte VI -- Rua Major Facundo



 --Rua Major Facundo --
 

 A Rua major Facundo já foi a Rua Nova Del Rei, por volta de 1828 e, em 1856, teve dois nomes: do início até a Praça do Ferreira, chamava-se Rua da Palma e da praça até o final, Rua do Fogo, devido o episódio acontecido no lado sul da Praça do Ferreira, que deu origem ao nome de Rua das Trincheiras.
Em 1888, a Rua recebeu o nome de Major Facundo. Em 1890, todas as ruas e avenidas de Fortaleza passaram a ter números no lugar dos nomes, e a Major Facundo passou a denominar-se n° 3, que durou pouco e voltou ao seu nome atual logo depois. 

 A Estrela do Oriente era um dos vários comércios existentes na rua

Sendo uma das mais centrais ruas da cidade, na Major Facundo existiram casas famosas como a loja Estrela do Oriente, a Casa Villar, a Livraria Gualter, a Libro-Papelaria Bivar, a Casa Mesiano, a Torre Eiffel, o sobrado do Barão de Ibiapaba, a Casa Albano, a Farmácia e Drogaria Mamede, o Sobrado do Comendador Machado, a Maison Art-Nouveau, o Café Riche, O Povo, o café do Comércio, o Cine-teatro Majestic-Palace, o Cine Moderno,  a Pharmácia Galeno, e muitos outros estabelecimentos comerciais que marcaram época em Fortaleza.

A Major Facundo dos anos 1970

A Rua Major Facundo foi uma das que primeiro recebeu os melhoramentos da cidade, por sua localização. Recebeu água encanada e esgoto em 1926; calçamento em 1857, o paralelepípedo em 1933, o concreto no ano seguinte, o meio-fio em 1921 e o asfalto em 1963. A luz elétrica para sua iluminação pública foi colocada em 1935 e por ela passou, até 1947, a linha de bondes José Bonifácio.  
A Rua Major Facundo começa na Rua Dr. João Moreira, no Passeio Público, e termina no Bairro de Fátima, a cerca de dois quarteirões da Avenida 13 de Maio. 

-- Quem Era --


José Facundo de Castro Menezes nasceu em Aracati (CE), em 12 de junho de 1787, filho do capitão-mor José de Castro Silva e Joana Maria Bezerra. Até 1818, quando Facundo se transfere para Fortaleza, nada tinha acontecido de marcante em sua vida. Defensor das ideias políticas de sua família, opõe-se a junta governativa liderada por Tristão Gonçalves, Pereira Filgueiras e Padre Mororó. Preso, deportado para o Rio de janeiro, é solto por ordem de D. Pedro I. Em 1824, durante a Confederação do equador, deixa novamente o Ceará por divergências com os revolucionários.  Presidente da Assembleia Provincial depois da derrota da Confederação participa ativamente da movimentação política e social. Devido ao ato de maioridade, recebe interinamente o cargo de Presidente da Província. É considerado, por este fato, o primeiro a governar o Ceará depois que D. Pedro II foi declarado maior.
Além de chefe do Partido Liberal, Major Facundo foi comandante do Batalhão dos Nobres de Fortaleza e exerceu o cargo de Inspetor da Alfândega. Sua posição na liderança liberal sempre foi combatida pelos conservadores, que lutavam a todo custo para a manutenção do poder. As formas de intimidação ao Major eram as mais diversas, desde a censura em suas cartas até mensagens com ameaças de morte. 

 Rua Major Facundo
 Casa em que residiu e foi assassinado o Major Facundo. De 1854 a 1959 funcionou no local a Casa Villar. Ficava na esquina da Rua da Palma com a Rua das Belas (atual Rua São Paulo)

No dia 8 de dezembro de 1841, consagrado a Nossa Senhora da Conceição na província do Ceará vivia momentos de festa e religiosidade com grande aglomeração popular na Capela da Prainha. Depois de participar com a família das comemorações e visitar alguns amigos, major Facundo descansava em sua casa na antiga Rua da palma, n° 72. Aproximadamente às 20 horas, dirige-se a sala principal para atender um portador de Sobral. De repente três grandes estrondos ecoam na noite. 
 De um casebre em frente, partem os tiros certeiros de bacamarte que estraçalham a cabeça do chefe político liberal. Alguns estilhaços ferem a mão de sua mulher e abrem buracos nas paredes da casa.  O Major Facundo estava morto aos 54 anos de idade.  As ameaças contra sua vida se concretizaram de forma trágica.  

fontes:
A História do Ceará passa por esta rua, de Rogaciano Leite Filho
Guia Turistico da Cidade, organizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza - administração do General Manuel Cordeiro Neto, 1961
  

domingo, 21 de agosto de 2011

O Assassinato do Major Facundo

Casa em que residia e foi assassinado o Major Facundo em 1841. De 1854 a 1959 nela funcionou a Casa Vilar. Ficava na Rua da Palma esquina com a Rua das Belas (atual Rua São Paulo). arquivo Nirez
  
João Facundo de Castro Menezes Nasceu em Aracati, Ceará,  no dia 12 de julho de 1787, filho do Capitão – Mor José de Castro e Silva e Joana Maria Bezerra de Menezes.  Em 1818 transferiu-se para Fortaleza, onde se dedicou à politica.

Contrário à Junta Governativa formada por Tristão Gonçalves, Padre Mororó e Pereira Filgueiras, foi preso e enviado para o Rio de Janeiro, sendo libertado por ordem de D. Pedro I.
Era defensor das ideias políticas da família Castro, e chefe do Partido Liberal, por ocasião da Confederação do Equador.

O militar, chefe do partido Liberal e comandante do Batalhão dos Nobres de Fortaleza, tinha inimigos influentes. Divergências políticas. Para se ter  ideia, o chefe de Polícia da Comarca, Miguel Fernandes Vieira, e o comandante da milícia, major Franklin de Lima, eram desafetos de Facundo.  Não cruzavam a mesma esquina. Adversários irreconciliáveis, integrantes do Partido Conservador.

Toda a Província já sabia que o militar estava jurado de morte.  Já tinha sofrido dois atentados, conseguindo escapar ileso:  primeiro, uma tocaia na rua da Ponte. Tiros. E depois, atentado na Praça Carolina, esquina das ruas da Boa Vista e antiga Assembleia Provincial, nas imediações  do atual Museu do Ceará.

No dia 9 de maio é nomeado um novo Presidente do Ceará, Brigadeiro José Joaquim Coelho (1841-1843). O Major Facundo, embora fosse seu Vice-Presidente, lhe fazia cerrada oposição. As divergências e os ânimos se acirravam.

O crime aconteceu em 8 de dezembro de 1841, dia dedicado a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Fortaleza.  O major Facundo foi morto, em casa, por pistoleiros pés de chinelos. Dispararam os tiros e fugiram no meio da noite em Fortaleza. Iluminação natural e raros combustores a gás.

Facundo e sua mulher, Florência de Andrade Bezerra e Castro, tinham acabado de jantar. Por volta das 20 horas, alguém bateu à janela. O major foi atender,  peito aberto, talvez nem tenha tido tempo de pensar. Recebeu três tiros certeiros na cabeça.

Pelo estrondo e tamanho do estrago, bacamarte fora a arma usada. Desespero. Gritaria. O homem estava morto e sua mulher sangrava na mão, atingida por estilhaços.  O cirurgião-mor da Província do Ceará Grande, Joaquim da Silva Santiago, junto com  outro médico, Francisco José de Matos, examinaram o corpo. As balas por pouco não arrancaram a cabeça da vítima.

A mulher do presidente conservador José Joaquim Coelho foi apontada como mandante do crime. Apesar da acusação, ela nada sofreu.
Os executores, Antônio Manoel Abrahão e Pedro José das Chagas, foram condenados a galés perpétuas pelo júri de Fortaleza. Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, intermediário da pistolagem, foi julgado e absolvido três vezes.


A Igreja do Rosário e a lápide do túmulo do Major Facundo.

A  família do major  sempre imputou  o crime aos interesses palacianos, e mais diretamente, à esposa do Presidente da Província, convicção tão profunda, que na laje do túmulo do major, a viúva mandou escrever que, o Major Facundo falecera no dia 8 de dezembro de 1841, assassinado, sendo presidente José Joaquim Coelho.

Ainda hoje, na Igreja do Rosário, se conserva esse mármore de dor e de ódio, único dos muitos que estiveram pelas paredes daquele templo.
A antiga Rua da Palma, onde ocorreu o assassinato virou Rua Major Facundo em 1888.

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Raimundo Girão e Mozart Soriano Aderaldo
Jornal O Povo