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O bairro Joaquim Távora surgiu por volta da segunda
metade dos anos 30, quando Fortaleza ainda estava dividida em 7 distritos:
Fortaleza, Alto da Balança, Barro Vermelho, Messejana,
Mondubim, Parangaba e Pajuçara. Em 1938 o distrito Alto da Balança foi extinto,
sendo seu território anexado ao distrito sede de Fortaleza.  Mais tarde, este último foi subdividido entre
o distrito de Porangaba e a sede de Fortaleza, onde a parte pertencente a Parangaba
manteve o nome Alto da Balança e as pertencentes à Fortaleza viraram Piedade e
Parque Pio XII, que tempos depois seriam os bairros chamados de Joaquim Távora
e São João do Tauape.

O nome é uma homenagem a Joaquim do Nascimento
Fernandes Távora, membro de tradicional família de políticos e militares do
Ceará, engenheiro e militar, que participou de diversas revoltas nos anos 20
contra o governo federal. Faleceu em São Paulo, em 1924.

estrada+de+messejana+1919 Bairro Joaquim Távora
Estrada de Messejana – 1919 – Foto Brasiliana Fotográfica 
Quem apareceu primeiro e se constitui na via mais
antiga do bairro é a Avenida Visconde do Rio Branco, que já foi chamada de
Avenida Joaquim Távora e informalmente era a Estrada de Messejana ou Calçamento
de Messejana. No passado, foi a via de interligação entre o seu centro fundacional
e o então Município de Messejana. (Em 1921 por ato do governador Justiniano de
Serpa (1920-1923), Messejana – assim como Parangaba – foi rebaixado de
município para distrito, sendo ambos anexados à Fortaleza).

estrada+de+messejana+em+constru%25C3%25A7%25C3%25A3o Bairro Joaquim Távora
Estrada de Messejana trecho em construção – 1919 – foto Brasiliana Fotográfica

Durante a colonização portuguesa, o trajeto do qual
resultaria a atual Avenida Visconde do Rio Branco, se delineou na trama de
veredas que conectavam o Forte de Nossa Senhora de Assunção a Aquiraz, servindo
o aldeamento Jesuítico da Paupina, atual Messejana, de entreposto entre os dois
locais. Um importante fator da constituição da avenida como caminho de
expansão, foi a ordem do presidente José Martiniano Pereira de Alencar (1834-1837),
de abrir uma estrada de ligação entre Fortaleza e Aracati, passando por
Messejana e Aquiraz. Esse deve ter sido o marco inicial da avenida com o perfil
aproximado que conhecemos atualmente.

estrada+de+messejana+ponte Bairro Joaquim Távora
Estrada de Messejana – construção da ponte – 1919 – Foto Brasiliana Fotográfica

No entanto, somente em 1923 seria inaugurada a
primeira ponte de material durável, com concreto, sobre o Rio Cocó,
consolidando a ligação entre Messejana e Fortaleza. As obras de melhoramentos
da interligação viária entre  Fortaleza e
Messejana, constaram de retificação da estrada e implantação do calçamento, que
teria sido iniciada em 1870 e concluído em 1936, quando chegou a Messejana. O
trecho que formou o Boulevard Visconde do Rio Branco (o “Calçamento em si), foi
concluído em 1925.

Mais tarde, em  25 de abril de 1880, o bairro foi beneficiado
pela inauguração da primeira linha do bonde da Companhia Ferro Carril do Ceará, que cobria um percurso de 4.210 metros entre a Estação da Estrada de Messejana e a Rua São Bernardo (atual Rua Pedro Pereira), no Centro. A Estação
de Bondes estava localizada onde depois fora construído o Mercado do Joaquim Távora. 

Este mercado foi construído em 1959 com a finalidade
de abrigar os vendedores ambulantes que seriam retirados do centro da Cidade.
Era composto de 5 galpões e além dos ambulantes acolheria pequenos comerciantes
da área que se dedicariam a uma feira livre no meio do terreno. Para facilitar
o acesso, foi feita uma ligação da Rua Rodrigues Junior com a Rua João Brígido.
O referido mercado funcionou temporariamente sendo desativado alguns anos
depois, porque não teve capacidade de absorver todo o comércio ambulante do
Centro. 


av+visconde Bairro Joaquim Távora
Os bondes elétricos começaram a circular em Fortaleza em no dia 9 de outubro de 1913, em substituição aos bondes puxados por burros. A Concessionária do serviço era a Ceará Tramway Light & Power, com sede em Londres. O Bonde do Joaquim Távora cumpria um percurso de 2,4 km, o segundo mais extenso da cidade – 1930 – Foto Arquivo Nirez  

Na segunda metade do século XIX, a Avenida Visconde do
Rio Branco já se constituía em um novo arrabalde da cidade, sem no entanto,
apresentar um conjunto significativo de chácaras e sítios isolados em meio a
áreas verdes, ao contrário de outros arrabaldes como o Benfica e o
Jacarecanga. 


Terá, por outro lado, um aspecto similar às ruas mais
centrais da capital, com terrenos estreitos e compridos, que acolhem casas
hibridas, com fachada sobre o alinhamento da rua. Havia uma certa uniformidade
no casario, formado por residências simples, geminadas, que se derramavam de um
lado e do outro dos trilhos da linha de bonde, ao lado de residências de alto
padrão, com jardins e áreas laterais e elementos decorativos na fachada.

Desse modo, a Visconde do Rio Branco se constituiria
em um dos principais eixos estruturantes da expansão urbana da capital,
permitindo o parcelamento de terrenos para fins imobiliários e formação de
diversos bairros na direção de Messejana e do próprio bairro Joaquim Távora.

O destaque arquitetônico do Joaquim Távora ficava por
conta do Colégio das Doroteias com sua bonita capela, junto a qual estava o
Convento das Carmelitas. Hoje o prédio pertence a uma universidade e a capela
foi desativada.


colegio+das+doroteiasA Bairro Joaquim Távora


O bairro Joaquim Távora é delimitado pelas avenidas
Antônio Sales, Pontes Vieira, Barão de Studart e Visconde do Rio Branco. Fica
entre os bairros José Bonifácio, Fátima, São João do Tauape, Dionísio Torres e
Aldeota. A localização central é um dos principais atrativos. 23.450 é o número
de oradores do bairro, segundo o censo demográfico de 2010 do IBGE, dos quais 10.107
são homens e 13.343 são mulheres.

Equipamentos do
bairro

Igreja de Nossa
Senhora da Piedade

igreja+da+piedade Bairro Joaquim Távora
Foto Pinterest

Construção
iniciada  em 08 de dezembro de 1926, com
lançamento da pedra fundamental pelo arcebispo de Fortaleza Dom Manuel da Silva
Gomes – Foto Pinterest

Parque Rio Branco

parque+rio+branco Bairro Joaquim Távora
foto Prefeitura de Fortaleza

O Parque Ecológico
Rio Branco tem a entrada principal voltada para a Avenida Pontes Vieira, com
acessos pela Rua Capitão Gustavo, Avenida Visconde do Rio Branco, e Rua Castro
Alves. Criado em 1992, com área de 75.825 m², a origem do parque remonta ao ano
de 1976, quando foi considerada de utilidade pública para fins de
desapropriação e destinada a Zona de Preservação Paisagística, o local da
nascente do Riacho Rio Branco.  No
entanto, só em 1992 a área foi considerada de utilidade pública para
preservação e autorizada a construção do parque, a partir de projeto da EMLURB. 
No passado, o terreno correspondia a quintais de
residências e sítios, onde eram desenvolvidas atividades de criação de gado e
horticultura. Nesta área existiam três riachos que foram canalizados. Além de
residências, existia no entorno do parque uma indústria de moagem e torrefação
de café, além de pequenos estabelecimentos comerciais.

Mercado Público Joaquim
Távora

mercado+publico Bairro Joaquim Távora
foto: Emanoel Alencar Alencar

O Mercado Público
era originalmente uma feira livre que vendia frutas, verduras e hortaliças.
Ganhou uma estrutura física e passou por diversas ampliações e modificações ao
longo do tempo. Fica na Praça Joaquim Távora com frentes para a Avenida Pontes
Vieira e Rua Fiscal Vieira

Mercado das Flores

mercado+das+flores Bairro Joaquim Távora
foto Diário do Nordeste

Inaugurado em janeiro
de 2019, localizado na Praça Joaquim Távora na Avenida Pontes Vieira. O mercado
possui estrutura coberta com 1.500 m2 de área, com 39 lojas, que irão abrigar
os comerciantes locais e novos profissionais do ramo. Comercializa flores e
plantas, jarros, adubos, ornamentos, e produtos para jardinagem

Fontes: 

                                                                    

Redescobrir
a Visconde: a emergência da preservação da 
arquitetura
histórica de um antigo caminho de expansão urbana de
Fortaleza
Autores:
Isabelle de
Lima Almeida – Universidade de Fortaleza – UNIFOR – isabelle.almeida@edu.unifor.br
João Vitor
Nascimento Alves – Universidade de Fortaleza – UNIFOR – jvnalves31@gmail.com
Marcelo
Mota Capasso – Universidade Federal do Ceará – UFC – mm.capasso@gmail.com
Ana Cecilia
Serpa Braga Vasconcelos – Universidade de Fortaleza – UNIFOR –
anaceciliavas@unifor.br
Guia
Turistico da Cidade – Prefeitura Municipal de Fortaleza – 1961
Verso e
Reverso do Perfil Urbano de Fortaleza, de Gisafran Nazareno Mota Jucá
O Bonde e
Outras recordações, de Zenilo Almada – 2005
História da
Energia do Ceará, de Ary Bezerra Leite – 1996 

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9 comentários

  1. A senhora por acaso tem algum material relacionado aos Integralistas? Estou estudando sobre o assunto e gostaria de algumas informações sobre a atuação do movimento no Ceará.

  2. Victor Lima, no livro "A Praça e o Povo" de Alberto S. Galeno, o autor fala de alguns embates ocorridos contra os integralistas ocorridos em Fortaleza, principalmente na Praça do Ferreira.
    Galeno, Alberto. A Praça e o Povo: homens e acontecimentos que fizeram História na Praça do Ferreira. Fortaleza: Multigraf, 2000 – 2a. edição 100p

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mfgprodema@yahoo.com.br