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anos50rcelbezerrilfsales Os Pioneiros da Propaganda no Ceará
centro de Fortaleza década de 1950
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Quando a década era a de 1950, e a televisão nem sonhava em desembarcar em terras alencarinas, quatro grandes corretores dominavam o mercado publicitário de Fortaleza: Eduardo Brígido Monteiro,  Irapuan Lima, Virgílio Machado e Paulo Matos Pinto. 
Numa sala do edifício Sul América, na Praça do Ferreira, Heitor Costa Lima, Antônio Girão Barroso, Goebel Weine e Otacílio Colares, fundaram a Propeg, a pioneira.  
 Ainda nos anos cinquenta,  Edmundo Vitoriano e Irapuan Lima se estabeleceram com a PIL. Em 1961 chegou a primeira agência de fora, a multinacional Mac Cann. Depois vieram a Denison e a Norton.  Augusto Borges e Virgílio Machado fundaram a Abelha. Tarcísio Tavares era executivo da Mac Cann, atendia a contas locais que não interessavam à multinacional. Fortaleza tinha então cerca de 500 mil  habitantes,  e aguardava com expectativa a energia que viria de Paulo Afonso, para impulsionar o progresso da cidade.   

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Programa do Renato Aragão na TV Ceará (foto: uol)

O primeiro canal de televisão – a TV Ceará canal 2 – inaugurado em novembro de 1960, atraía a atenção da cidade para o bairro da Estância, (atual Dionísio Torres).  O slide dava seu recado sem grandes sofisticações técnicas e as garotas propagandas completavam o serviço, davam seu recado ao vivo, sem direito a erros. 
Eram pagas primeiro pela emissora, depois pelas agências. 
 Foi neste contexto que Tarcísio Tavares, seu Dudu e Maninho Brígido, deram novo rumo a propaganda cearense com a Publicinorte,  em fins de 1964. Os clientes: Romcy, Carvalho Borges, Ocapana e Saronord. Estavam lançadas as bases de um novo modelo de publicidade cearense. 
O show estava apenas começando.


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Tarcísio Tavares, na década de 60, em visita a TV Tupi no RJ (Arquivo Marciano Lopes)

 Em pouco tempo tornou-se a primeira grande agência de publicidade do Ceará.  À época o comércio era pouco sofisticado, com predomínio dos grupos locais, embora contasse com alguns grupos  nacionais, como a Lobrás (antiga 4.400) e as Pernambucanas.
Com o advento da Publicinorte, a propaganda cearense entrou numa fase de sistematização e distribuição de papéis, ainda que os melhores anúncios tivessem clichês feitos em Recife. Com ela toda uma geração de profissionais aprendeu a lidar com a linguagem do varejo, adaptando ou copiando slogans, a manejar o varejo dos vt’s de ofertas, e a trabalhar com conceitos e idéias que até hoje influenciam patrões e anunciantes. A chegada do vídeo tape, decretou o fim da programação local, mas forneceu recursos mais sofisticados para a produção dos comerciais.


O Anjinho da Ocapana
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Um recurso criado pela Publicinorte virou moda e fez escola na propaganda em Fortaleza. Foi a criação do anjinho que cobrava os clientes inadimplentes. Em lugar das cartinhas ameaçadoras, que eram enviadas, às vezes, por engano, até aos bons pagadores, a Loja Ocapana passou a enviar cartas bastante amáveis que em nenhum momento ameaçava ou constrangia o cliente. 
 No   primeiro aviso o “anjinho Ocapana” muito feliz, lembrava o dia do vencimento;   
 No segundo, já com o pagamento atrasado, o anjinho  demonstrava preocupação, mas prometia segurar o pessoal da cobrança para que o nome do cliente não fosse inscrito no SPC. Solicitava porém, que o devedor providenciasse  o pagamento, pois estava com dificuldades de cumprir a promessa.  
Na terceira carta, o “Anjinho” aparecia triste dizendo que tinha feito tudo para segurar o pessoal da cobrança, mas como o cliente não havia efetuado o pagamento o SPC iria ser informado do débito. Mas, se ele pagasse imediatamente, o “Anjinho” prometia segurar o pessoal mais um pouquinho.
Essa ideia fez um grande sucesso, muita gente elogiava a maneira de cobrar da Ocapana e o departamento de cobrança passou a ter menos trabalho. 
O modelo foi adotado para outros clientes da Publicinorte, em outros estados (atendidos pelas filiais da agência). Em Belém do Pará, passou a chamar-se “Anjinho Capri” por causa das Lojas Capri. Porém, tudo era feito aqui mesmo em Fortaleza, pela mesma equipe. 

Toinho Mendes
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 Antônio Mendes foi revelado nos programas de humor. Fazia escada para Renato Aragão em Vídeo Alegre. Logo passou a fazer propaganda na telinha da TV, do Romcy, do Armazém Nordeste, e outros. 
Grosso, desbocado, fora dos padrões televisivos, estava mais para camelô do que para garoto propaganda.  Toinho improvisava entre um e outro comercial, num tempo em que ainda era possível se fazer televisão ao vivo. 
Recebia o mote e mandava ver, fazia o comercial dialogar com o programa em que estava inserido.  Antônio Mendes não temia ver sua performance associada ao mau gosto e expunha nosso lado vulgar na fala que não imitava sotaques.


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Romcy Magazine na Rua Liberato Barroso (foto: O Povo)


 Certa vez apareceu no vídeo segurando uma galinha morta,  numa analogia aos preços baixos do Romcy Magazine (ideia do Tarcísio Tavares, da Publicinorte), usava camisas de times, usava cartolas e fazia um duplo sentido que visava reforçar um apelo de vendas.
 Em uma terra com fama de não ter memória, vale a pena lembra-lo.  É uma forma de recuperar um pouco da irreverência cearense que depois foi valorizada pelos novos humoristas.

Fonte:
Carvalho, Gilmar de. O gerente endoidou: ensaios sobre publicidade e propaganda/Gilmar de Carvalho. Fortaleza: omni ed., 2008,  157p
Nepomuceno, Nivardo C. Publicinort Invest. Disponível em http://nivardo.webng.com/publicinorte2.htm 

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mfgprodema@yahoo.com.br