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capela+do+caldeirao O Massacre do Sitio Caldeirão capela do caldeirão (foto reprodução)

Um misto de silêncio e esquecimento paira sobre um fato ocorrido no Município do Crato, Ceará, nos idos da década de 1930, na localidade denominada Sitio Caldeirão. Naquele local o beato José Lourenço, um dos mais importantes seguidores do Padre Cícero, fundou uma comunidade religiosa, em uma terra doada pelo religioso quando ainda vivo.
O caldeirão era uma comunidade auto-suficiente economicamente no que diz respeito à fabricação de instrumentos e ferramentas de trabalho utilizados nas oficinas, lavoura e no beneficiamento do consumo alimentar
Organizada em moldes socialistas, a comunidade logo atraiu contra si o ódio de todas as forças conservadoras do Nordeste. Seus membros eram hostilizados clero do Cariri, pelos grandes proprietários de terra – que ficavam sem a mão-de-obra barata – e pelas autoridades locais, que viam naquele ajuntamento de sertanejos uma ameaça a ordem constituída.
No ano de 1936 o sitio Caldeirão foi destruído e a comunidade dispersada. No inicio de 1937 as autoridades receberam denúncias que davam conta que, mesmo após a dissolução da comunidade, tanto o beato José Lourenço quanto seus seguidores continuavam vivendo clandestinamente nas matas da Chapada do Araripe.
Em maio daquele mesmo ano, foi organizada uma ofensiva, sob o comando do brigadeiro José Sampaio Macedo, para acabar de vez com o problema. Aviões da Força Aérea brasileira sobrevoaram o local e metralharam o que restava da comunidade.
Além do ataque aéreo, a policia militar invadiu por terra deixando um rastro de sangue, incêndios, saques e mais de trezentos corpos de trabalhadores rurais de todas as idades.
Dizem que o beato anteviu o massacre: ele advertiu que “quando os aeroplanos aparecessem fazendo fumaça, todos se deitassem no chão, protegendo a cabeça.”

Fontes:
http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/marta_moura/9serie/o_calderao.pdf
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=277380

Agora a ONG SOS – Direitos Humanos busca uma investigação que esclareça por completo esse infausto acontecimento, localize os corpos das indefesas vítimas e se faça justiça em nome dos seus familiares.

Veja a denúncia completa

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA”
As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirãotêm direito inalienável à Verdade, Memória,História e Justiça!” Otoniel Ajala Dourado
O MASSACRE DELETADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA
No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi a CHACINA praticada pelo Exército e Polícia Militar em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do SÍTIO DA SANTA CRUZ DO DESERTO ou SÍTIO CALDEIRÃO, cujo líder religioso era o beato “JOSÉ LOURENÇO GOMES DA SILVA”, paraibano negro de Pilões de Dentro, seguidor do padre CÍCERO ROMÃO BATISTA, encarados como “socialistas periculosos”.
O CRIME DE LESA HUMANIDADE
O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte/CE, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.
A AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA PELA SOS DIREITOS HUMANOS
Como o crime praticado pelo Exército e Polícia Militar do Ceará é de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL conforme legislação brasileira e Acordos e Convenções internacionais, a SOS DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza – CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo:
a) que seja informada a localização da COVA COLETIVA,
b) a exumação dos restos mortais, sua identificação através de DNA e enterro digno para as vítimas,
c) liberação dos documentos sobre a chacina e sua inclusão na história oficial brasileira,
d) indenização aos descendentes das vítimas e sobreviventes no valor de R$500 mil reais,
e) outros pedidos
A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO
A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá em 16.09.2009, extinta sem julgamento do mérito, a pedido do MPF.
RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5
A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do SÍTIO CALDEIRÃO é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;
A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA
A SOS DIREITOS HUMANOS, como os familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo DESAPARECIMENTO FORÇADO de 1000 pessoas do SÍTIO CALDEIRÃO.
QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA
A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem localizar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes do “GEOPARK ARARIPE” mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?
A COMISSÃO DA VERDADE
A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e pede que o internauta divulgue a notícia em seu blog/site, bem como a envie para seus representantes no Legislativo, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal a localização da COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO.
Paz e Solidariedade,
Dr. Otoniel Ajala Dourado
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS – DIREITOS HUMANOS
Editor-Chefe da Revista SOS DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OABAB/CE
http://twitter.com/REVISTASOSDH

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0 comentário

  1. São tantos os massacres, de ontem e de hoje, que nos deixam estarrecidos, indignados com um BOM "mal bocado" do ser humano!!!!

    É muito importante a divulgação desses fatos que tanto nos envergonham!

    Importante também a divulgação dessa denúncia e esse pedido de SOS aos Direitos Humanos.

    Grandiosa postageem!
    Parabéns, Fátima!
    Lúcia

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mfgprodema@yahoo.com.br

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