população em tempos antigos em Fortaleza, abrangeram várias tradições populares.
Uma das mais expressões populares mais controladas foi o Carnaval. Originária
do entrudo português (de introitum,
entrada da Quaresma).
1870/1880, Fortaleza apresentava animados carnavais, a ponto de contemporâneos
afirmarem que a cidade “virava ao avesso”. Aos gritos e risos os brincantes
traziam baldes de água para molhar os transeuntes nas ruas e praças, usando cuias, canecas, e até penicos. Invadiam residências e não respeitavam
nem os doentes, pintando-lhes os rostos com zarcão e fugindo em disparada,
deixando para trás móveis quebrados e muita sujeira.
batismo, isto é banho total, ou tinham a cabeça introduzida à força nos recipientes. Conta-se que um dos brincantes mais
fervorosos era o Boticário Ferreira, presidente da Câmara Municipal.
brincadeira de vagabundos, vadios e moleques, inadequada a uma cidade que se
desejava civilizada e moderna; exigiam providências contra aquela orgia
pública.
sociedade cearense começaram a combater o entrudo, paulatinamente, até
proibi-lo de vez. Naquele mesmo ano exigiu-se que ao invés de baldes ou bacias
de águas, os brincantes usassem apenas laranjinhas de borracha com água de
cheiro; depois veio a exigência de se usar apenas confetes, serpentinas e
lança-perfume nas festas.
desaparecer. Em 1893, a Secretaria de Justiça baixava um edital proibindo a festa, e em 1905, o intendente Guilherme Rocha reiterava a proibição.
na lógica das elites de combater comportamentos incivilizados da população, e
evidenciavam, por outro lado, a resistência das massas em manter seus costumes.
Enquanto se fazia repressão contra o entrudo, a “boa sociedade” frequentava os bailes carnavalescos realizados pelos clubes elegantes, nos
quais, obviamente, o povo não tinha acesso. Eram bailes nos moldes do carnaval
veneziano – da cultuada civilidade europeia, e caracterizava-se como uma
festividade bem comportada, luxuosa e com uso de fantasias de modelos
importados (pierrôs, arlequins,
colombinas, etc). a partir dos anos 1880 percebeu-se até uma acirrada
competição entre os clubes e suas respectivas sociedades carnavalescas – o Clube Cearense com os Dragões do Averno e o Clube Iracema com os Conspiradores
Infernais – para saber qual promoveria os melhores bailes carnavalescos em seus
salões e nas praças.
dentro da Praça do Ferreira, sem acesso para os populares. Realizavam igualmente, nos moldes venezianos,
desfiles de pomposos carros alegóricos pelas ruas da cidade.
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