do plano da cidade de Fortaleza, eliminando-se dele a Rua do Cotovelo, a fim de
fazer-se uma praça com o nome de D. Pedro II. E quem iria executá-la seria o
chamado Boticário Ferreira – Antônio Rodrigues Ferreira Filho – já eleito
presidente da Câmara, em 3 de março do ano seguinte. Nessa qualidade era o
executor das decisões do Colegiado e nela permaneceu até falecer, em 29 de
abril de 1859, aos 58 anos de idade.
tempo pela ação do Boticário, resguardando, tenazmente, a sua boa expansão urbana.
Com a eliminação da viela do Cotovelo, estaria preparada a praça, que de fato,
recebeu o nome do Imperador. Ai instalou
ele a sua célebre Botica, na Rua da Palma, mais tarde, Major Facundo. Chamaram-lhe
também, Praça Municipal, até que foi batizada de Praça do Ferreira, ainda hoje,
o coração da urbe.
habitantes, pequena e atrasada. Nas palavras de uma crônica escrita por um
certo autor de codinome Outro Aramac, que se supõe fosse João Brígido – pois o
trabalho saiu publicado em edições sucessivas do Jornal Unitário – a cidade
“era um areal movendo-se à mercê da ventania, a mudar constantemente de nível
nas zonas descobertas, salvo os da depressão do solo”. A rigor, só depois de meados do século XIX, a capital do
Ceará experimenta mais alentos na sua vida social, econômica e cultural. Aos
poucos, recebe os componentes de uma
infraestrutura mais adequada, capazes de emparelha-la às capitais mais
adiantadas do País.
serviço de abastecimento d’água, o transporte coletivo, o telégrafo, o
telefone, a via-férrea ligando-a ao sertão, trazendo passageiros e cargas, o
que favorece o seu comércio, já impulsionado com o melhor movimento das
exportações marítimas, com os navios a vapor, que chegavam regularmente. Primeiro
os da Companhia Maranhense, depois os Booth Steam Co. Ltd. E os da Red Cross
Line of Mail Steamers, estas duas últimas fazendo o intercâmbio com as praças
da Europa.
que são oito extensas ruas, muito direitas, espaçosas e calçadas; 960 são as
casas de tijolos alinhadas, entre elas estão uns 80 sobrados para uma população
de cerca de 16.000 habitantes. Esta no recenseamento de 1872, subirá para
21.372, ocupando 4.380 casas térreas afora 1178 casebres.
Em 1895, Antônio Bezerra escreveu para a Revista do
Instituto do Ceará que, à exceção de pequeno defeito de alinhamento no trecho
onde de acha a Rua Sena Madureira, defeito de edificação dos tempos coloniais,
a área média da cidade até onde tem chegado a construção alinhada pela Câmara
Municipal contém 5 km quadrados e 985.000 metros em 54 ruas, que se dirigem proximamente
de norte a sul, e 27 de nascente a poente, todas paralelas, bem alinhadas com
13.33m de largura cada uma, formando quadros, cuja regularidade lhes imprime
certo ar de elegância e harmonia.
Além destas, tem ainda 3 boulevards, com a
largura de 22,22m, verdadeiros ventiladores da cidade, que a circundam pelo
lado leste, sul e oeste e concorrem de modo poderoso para sua reconhecida
salubridade. Tem 14 praças, algumas devidamente arborizadas. As casas em grande
parte de agradável construção, tem as frentes elevadas sobre as quais coroam elegantes
cimalhas, sendo todas bizarramente pintadas de cores alegres que atraem a
simpatia dos visitantes, e modificam a intensidade da luz do sol.
O cronista não
aponta o número de habitantes da urbe, mas esclarece que segundo o último
lançamento para a cobrança da décima urbana (imposto predial), conta a cidade
com 6.154 prédios de tijolos e entre estes, poucos sobrados, pois que os
habitantes preferem as casas assobradadas ou mais vulgarmente as casas de
portas altas e rasgadas até o chão, com parapeitos de grade de ferro em vez de
janelas pesadas, sem graça, que embaraçavam as correntes do ar e da luz nas
habitações. O livro de Antônio Bezerra “Descrição da Cidade de Fortaleza”
vale como um desenho fiel da cidade no fim do século XIX, cinco anos antes de
abrir-se o século XX.
livro de Raimundo Girão
a Crônica Histórica
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