(IBGE, estimativa 2011) – 252.841 habitantes
unidade territorial – 248,223 Km²
demográfica – 1.006,91 hab/Km²
Barbalha;
Missão Velha;
Crato.
Fortaleza – 533 km
erigida uma capelinha, pelo Padre Pedro Ribeiro de Carvalho, no local
denominado Tabuleiro Grande, em frente a um frondoso juazeiro, na estrada real
que ligava Crato a Missão Velha, à margem direita do rio Batateira. Esta é a origem
de Juazeiro do Norte. A denominação deve-se justamente à árvore, notável por
manter-se verdejante no rigor das maiores secas.
capela foi consagrada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do Município, a quem
o Padre doou, como patrimônio, as suas terras e onze escravos. O povoado não
teve grande desenvolvimento até que a 11 de abril de 1872, lá chegou o Padre
Cícero Romão Batista, como sucessor do Padre Pedro Ferreira de Melo. O pequeno
núcleo contava, então, com 12 casas de tijolos e 20 de taipa e palha.
relutância, apenas para atender a convite dos amigos, Padre Cícero foi a
Juazeiro do Norte celebrar a missa de Natal de 1871. Não tinha a menor intenção
de ficar – mas acabou ficando mais 60 anos.
fora um sonho. Após um dia exaustivo em que passara horas a fio confessando
moradores do arraial, Padre Cícero se recolheu a sala da pequena escola onde
estava provisoriamente alojado. Ali adormeceu
e teve a “visão” que mudou drasticamente sua vida. Sonhou que Jesus Cristo
e os 12 apóstolos entravam na sala, acompanhados de um grupo de sertanejos
maltrapilhos. Cristo então comentava as ofensas de que vinha sendo vítima,
prometendo um último esforço para salvar o mundo. Para tal, pedia que o padre o
ajudasse, cuidando dos sofredores dos sertões. Padre Cícero acordou espantado,
mas logo concluiu que o sonho fora uma ordem do Messias e que deveria se fixar
em Juazeiro para ajudar os necessitados.
abril de 1872 mudou-se para o povoado, levando mãe e irmãs, tornando-se em
pouco tempo, uma figura amada e estimada na região. Com escassos recursos e esmolas,
restaurou e ampliou a Igreja de Nossa Senhora das Dores, desenvolvendo grande
trabalho pastoral. Visitava os sítios, ensinava receitas de remédios caseiros e
noções de higiene ao povo humilde e sem instrução, pregava constantes missões, coordenava
novenas, terços, e procissões, multiplicava as festas religiosas.
a fama do padre Cícero se espalhava, o povoado ia crescendo em população,
multidões dirigiam-se ao lugarejo. Depois da divulgação do “milagre”, no qual
uma beata sangrava pela boca todas as vezes que recebia a hóstia, a cidade
inchou de maneira espetacular.
à questão religiosa outro milagre desenvolveu-se em Juazeiro, de consequências
socioeconômicas importantes e provocadas por Padre Cícero. Enquanto milhares de
nordestinos migravam para os cafezais do Sudeste brasileiro e, sobretudo para a
Amazônia, provocando uma escassez crônica de mão-de-obra no final do século XIX
e início do seguinte, o Cariri surgia como uma das poucas regiões do sertão que
adquiriam, em vez de perder, capital humano.
intenção de ajudar os romeiros que não paravam de chegar a Juazeiro, mandava-os
comprar ou arrendar as terras dos latifundiários caririenses, mandando os
camponeses cultivar os solos locais ainda virgens, em especial nas serras
do Araripe e de São Pedro, e viver sob sua proteção espiritual.
dessa forma, que os planaltos da chapada fossem subjugados pela enxada dos
romeiros. Eram de tal forma numerosos os que se dirigiam à região que acabaram transformando o apagado município de São Pedro numa cidade
florescente que ficou conhecida como a cidade dos afilhados do Pe. Cícero.
uma impressionante produção de excedentes de alimentos no Vale do Cariri. As
feiras locais ficavam abarrotadas de produtos agropastoris que passaram a ser
exportados para outras partes do Estado e para Pernambuco, Paraíba e Rio Grande
do Norte, confirmando ao Cariri o título de “celeiro do Ceará”.
na área a produção de borracha de maniçoba; o algodão, cuja cultura estava em
decadência volta a expandir-se entre 1908 e 1911, logo depois do patriarca ter
adquirido uma das primeiras máquinas de descaroçar algodão, movidas a vapor.
Aumentou o número de casas de farinha e engenhocas, fabricando rapadura,
cachaça e açúcar.
da polêmica sobre a questão religiosa, talvez o grande milagre de Padre Cícero
foi ter transformado, em poucos anos, o pequeno povoado de Juazeiro, no mais
importante centro do Cariri, ultrapassando cidades tradicionais como Missão
Velha, Crato, e Barbalha.
ressaltar, não obstante, que o crescimento de Juazeiro se realizava com as injustiças
típicas do capitalismo, existindo uma pequena quantidade de ricos e um
gigantesco número de pobres e miseráveis. Na Nova Jerusalém, na cidade do Padre
Cícero, cresciam os contrastes sociais. E não só isso: em pouco tempo começaram
a surgir rivalidades entre os nativos e os novos moradores, em geral romeiros
que decidiram ganhar a vida em Juazeiro, abrangendo desde ricos comerciantes a
humildes roceiros – estes forasteiros, com o tempo se tornaram a maioria da
população.
desenvolvimento juazeirense iria levar sua elite a pensar em emancipar-se da
subjugação administrativa ao Crato. Esse seria mais um episódio em que Padre
Cicero teria crucial participação, evidenciando sua condição de líder político.
Em 1910 o Crato a pretexto de recolher impostos enviou um batalhão de polícia para Juazeiro. Em meio a grande tensão, o lugarejo mobilizou homens armados para um provável confronto, que acabou não ocorrendo. Contando com a ajuda de outros municípios da região, Juazeiro iniciou um boicote fiscal e deixou de recolher os impostos.
Por fim, a 22 de julho de 1911, Nogueira Accioly, pressionado, fez a Assembleia Legislativa aprovar uma lei concedendo autonomia municipal a Juazeiro. Foi uma jogada astuta do velho oligarca, pois garantiu o apoio eleitoral de juazeiro (já então um dos maiores redutos do estado), onde os moradores seguiriam a orientação do seu padrinho Padre Cícero.
Nomeado Intendente do novo município, uma das primeiras medidas do Padre Cícero foi reunir os chefes políticos da região para apoiar Nogueira Accioly, pois no ano seguinte haveria eleições para o governo. Era o famoso Pacto dos Coronéis, um dos documentos mais significativos da história do coronelismo no Brasil.
No dia da pomposa festa de emancipação oficial do municio de Juazeiro, 4 de outubro de 1911, reuniram-se as 17 lideranças do vale, os quais assinaram e registraram em cartório o tal pacto.
Administrativa
criado com a denominação de Núcleo de Juazeiro, pelo ato de 30-07-1858, e por
lei municipal nº 49, de 12-11-1911, subordinado ao município de Crato.
categoria de vila com a denominação de Juazeiro, pela lei estadual nº 1028, de
02-07-1911, desmembrado do município do Crato. Sede no atual distrito de Juazeiro ex-Núcleo de
Juazeiro. Instalado em 04-10-1911.
condição de cidade com a denominação de Juazeiro, pela lei estadual nº 1178, de
23-07-1914. Pelo decreto
estadual nº 1114, de 30-12-1943, retificado em virtude do parecer de 14-06-1946
do Conselho Nacional de Geografia, o município de Juazeiro passou a
denominar-se Juazeiro do Norte.
territorial datada de 1-07-1986, o município é constituído de 3 distritos:
Juazeiro do Norte, Marrocos e Padre Cícero.
toponímica municipal
para Juazeiro do Norte alterado, pelo decreto estadual nº 1114, de 30-12-1943,
retificado em virtude do parecer de 14-06-1946 do Conselho Nacional de
Geografia.
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