O grande destaque dado à abolição, de certo modo ofuscou a
importância dos elementos culturais de origem africana presentes na sociedade
cearense, que são mais expressivos do que comumente se pensa.
importância dos elementos culturais de origem africana presentes na sociedade
cearense, que são mais expressivos do que comumente se pensa.
Alguns municípios cearenses tem sua origem ligada a sítios e
comunidades negras, a exemplo de Monsenhor Tabosa, antes chamado de Telha, que
teve origem numa fazenda chamada Forquilha, pertencente a uma família de
negros, os Teles.
comunidades negras, a exemplo de Monsenhor Tabosa, antes chamado de Telha, que
teve origem numa fazenda chamada Forquilha, pertencente a uma família de
negros, os Teles.
Há o caso da comunidade quilombola de Conceição dos
Caetanos, no município de Tururu, surgida em terras adquiridas em 1887 pelo
forro Caetano José da Costa, saído de Pacoti – naquela comunidade, por décadas,
até os anos 70, os negros casavam entre si, mantendo a tradição.
Caetanos, no município de Tururu, surgida em terras adquiridas em 1887 pelo
forro Caetano José da Costa, saído de Pacoti – naquela comunidade, por décadas,
até os anos 70, os negros casavam entre si, mantendo a tradição.
foto: Diário do Nordeste
No vocabulário cearense do dia-a-dia, há várias palavras de
origem banto: angu, banguela, batuque, bambo, bunda, cabeça, cachaça, cachimbo,
candomblé, moleque, e muitas outras.
origem banto: angu, banguela, batuque, bambo, bunda, cabeça, cachaça, cachimbo,
candomblé, moleque, e muitas outras.
Tem-se ainda manifestações artísticas, como o Maracatu, de origem banto. Outras
manifestações culturais negras locais perderam-se ao longo do tempo, como o
samba de umbigada e a festa do Congo. No primeiro, os brincantes formavam uma
roda, na qual um dançarino ficava a sambar no centro, depois de certo tempo ele
se dirigia a um dos componentes da roda, dava uma pancada no umbigo como sinal
para que o substituísse.
manifestações culturais negras locais perderam-se ao longo do tempo, como o
samba de umbigada e a festa do Congo. No primeiro, os brincantes formavam uma
roda, na qual um dançarino ficava a sambar no centro, depois de certo tempo ele
se dirigia a um dos componentes da roda, dava uma pancada no umbigo como sinal
para que o substituísse.
foto do site:http://girosdamocoronga.wordpress.com
A festa do Congo consistia num desfile ou procissão
que reunia elementos das tradições de Angola e do Congo com influências
ibéricas – entidades dos cultos africanos eram identificadas aos santos do
catolicismo (daí o porquê das festas
serem aceitas pela igreja, autoridades e senhores proprietários).
que reunia elementos das tradições de Angola e do Congo com influências
ibéricas – entidades dos cultos africanos eram identificadas aos santos do
catolicismo (daí o porquê das festas
serem aceitas pela igreja, autoridades e senhores proprietários).
Animada por danças, cantos e música, a
procissão acabava numa igreja, em geral a da Irmandade de negros de Nossa
senhora do Rosário, onde, com a presença de uma corte e seus vassalos,
acontecia a cerimônia de coroação do Rei Congo e da Rainha Ginga de Angola –
uma personagem da história africana.
procissão acabava numa igreja, em geral a da Irmandade de negros de Nossa
senhora do Rosário, onde, com a presença de uma corte e seus vassalos,
acontecia a cerimônia de coroação do Rei Congo e da Rainha Ginga de Angola –
uma personagem da história africana.
Mais recente são as festas em homenagem a Iemanjá, que reúne
milhares de adeptos do candomblé, nas praias, no início do ano. Igualmente
importantes são os cultos afro-brasileiros, tratados preconceituosamente até os
dias atuais, por certos segmentos cristãos conservadores como macumba, e que
por décadas foram reprimidos pela polícia.
milhares de adeptos do candomblé, nas praias, no início do ano. Igualmente
importantes são os cultos afro-brasileiros, tratados preconceituosamente até os
dias atuais, por certos segmentos cristãos conservadores como macumba, e que
por décadas foram reprimidos pela polícia.
Há de se ressaltar o papel de Mãe Júlia, líder de um
terreiro no Benfica, em Fortaleza, que nos anos 1950 buscou organizar os
adeptos de crenças afro-brasileiras em uma associação e negociou com as
autoridades a liberdade de culto.
terreiro no Benfica, em Fortaleza, que nos anos 1950 buscou organizar os
adeptos de crenças afro-brasileiras em uma associação e negociou com as
autoridades a liberdade de culto.
extraído do livro de Airton de Farias
História do Ceará
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