Manuel Francês, em 1726, quando da instalação da Vila de Fortaleza de Nossa
senhora de Assunção.
O povoado nascido no
litoral ao lado do forte Schoonenborch permaneceu pequeno e pobre, sem
condições de desenvolvimento pela aridez de suas terras. Numa época em que a
economia era fundamentalmente agrícola e pecuária, grandes agrupamentos se
deslocaram para a zona interiorana. Nessa região a terra oferecia melhores
possibilidades de sobrevivência, de extração de riquezas e de comercialização
de seus produtos.
Na conquista desses territórios homens intrépidos, rudes,
acostumados aos longos caminhos e às jornadas de fôlego, plantaram o tronco das
famílias cearenses.
A posse das terras
pelos colonos era legitimada pelas cartas de Sesmarias – concessões de terras
doadas pelo governo aos que tivessem além de posses e bens, família e agregados
– geralmente nas entradas dos rios.
XVII, as primeiras sesmarias foram distribuídas próximas às praias, seguidas de
outras no interior, no roteiro das águas, demarcadas de rio em rio. Algumas se
tornaram fazendas e currais, congregando famílias – as primeiras inscritas na
genealogia cearense – nos núcleos mais característicos de nossa formação
social.
Os núcleos familiares
permaneciam sob o comando de um patriarca daquela rude vida coletiva, logo
transformado em chefe político. As outras famílias da região ou a ele se
submetiam, compondo alianças familiares, ou se tornavam rivais.
Com exceção daquela
abandonada por Martim Soares Moreno – o primeiro a efetivar a conquista da
Capitania do Ceará – a mais antiga sesmaria cearense, com concessão registrada
em documento, pertenceu a Felipe Coelho
de Moraes, nas proximidades do Forte. Coelho de Moraes já se encontrava desde 1661,
constituindo a primeira família do Ceará, no início da real dominação
portuguesa após a retirada dos holandeses.
Cem anos depois, no
final do século XVIII, a antiga Estrada de Taquara, traçada pelos holandeses em
direção à Maranguape, foi percorrida pelo capitão luso Joaquim Lopes de Abreu,
com família já constituída na Vila de Fortaleza de N. S. da Assunção. O capitão
obtendo por doação algumas sesmarias então devolutas, incorporando-as a outras
que havia comprado, constitui em Maranguape uma espécie de feudo para sua família.
1934
Essas sesmarias abrangiam Sapupara e Jereraú, ficando nesta última a sede
administrativa de seus vastos domínios. Homem de largos recursos, Lopes de Abreu
foi politicamente influente na província. Exerceu as funções de juiz ordinário,
juiz de órfãos em Fortaleza, vereador por Fortaleza, e primeiro gestor do
Município durante o Império. Compôs a Junta Tríplice que governou o Ceará em
1820, lavrando neste ano, como Presidente da Câmara, o termo de solicitação ao
Rei, da elevação desta vila à categoria de cidade.
No oratório de Jereraú foram
realizados os casamentos dos filhos do capitão Lopes de Abreu; dois de seus
netos, filhos do major Agostinho Luiz da Silva, português de Sintra, uniram-se às
famílias Mendes Smith de Vasconcellos e Correia de Mello.
Os Correia de Mello e
seus parentes Amaral e Sombra desenvolveram a agricultura e industrializaram
seus produtos, tornando Maranguape um
verdadeiro celeiro para Fortaleza. O comendador João Correia de Mello, açoriano
e agente consular de Portugal, foi o pioneiro na exportação de laranja para a
Europa, em 1876, o que também favoreceu ao desenvolvimento de Maranguape.
Dois irmãos do
comendador, José e Antônio Correia de Mello, casaram com as filhas de Domingos da Costa e Silva,
conhecido como Domingão da Guaiuba, tio do poeta Juvenal Galeno, pertencente a
uma das famílias mais importantes da Província. Era irmão da baronesa de
Aratanha e de duas outras casadas com membros da família Justa. Toda essa
parentela entrelaçava-se com donos de sítios nas serras de Maranguape, Aratanha
e Pacatuba.
Entre os proprietários
de Pacatuba encontravam-se as famílias Pinheiro, Medeiros, Cabral, Correia de Mello,
Campos, Spindola, Siqueira, Benevides, Ferreira Pinto, Theóphilo, Amaral,
Albano, Amora, Coelho, Silveira, Gadelha, Fernandes Campos, Lopes, Botelho,
Siqueira, Soares e Leite.Uma pequena
aristocracia foi se formando entre os cafezais dessas serras. Em Baturité
sobressaíam-se as famílias Linhares, Caracas, Holanda, Ferreira Lima, Queiroz,
Sampaio e Dutra.
do Iba Mendes
Mais próximo ao litoral
disseminou-se a prole do português Manoel Lopes Cabreira, um dos pioneiros
desbravadores dessas terras, vinculando-se aos Costa Gadelha, Baima, Lopes e
Queiroz, povoando Aquiraz, Cascavel e depois, o Maciço de Baturité. Essa descendência
ligou-se às famílias Pimentel, Caracas, Castello Branco, Silveira, Torres e
Barros Leal.
O clã Barbosa Cordeiro
transferiu-se de Baturité para Canindé, residindo na Fazenda São Pedro. Para
Canindé também se transferiram as famílias Vieira da Costa, Santos Lessa, Pinto
de Magalhães, Cruz Saldanha, Cordeiro da Cruz, Alves Ribeiro, Gondim, Rodrigues
Campelo e Cordeiro da Rocha.
Para o lado ocidental
de Fortaleza, em Caucaia, se instalaram as famílias Rocha Motta, Moreira de
Souza e Pereira Façanha. A região de São Luiz do Curu, onde seria fundada a
cidade de Imperatriz, hoje Itapipoca, povoou-se com os Pires Chaves, Álvares ou
Alves, Cordeiro, Agrela Jardim, Telles de Menezes, Tomé Cordeiro, Rodrigues Chaves,
Ribeiro da Costa, Castro Vianna, Santos, Barroso, Braga, Pereira Pinto, Escócia
de Drumond, Moura Rolim, Teixeira e Montenegro e muitos outros que enriqueceram com o algodão de Uruburetama.
uma sociedade
Vieira
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Fátima Garcia, gostaria de saber a refêrencia do trecho Cem anos depois, no final do século XVIII, a antiga Estrada de Taquara, traçada pelos holandeses em direção à Maranguape, foi percorrida pelo capitão luso Joaquim Lopes de Abreu.." Esse trecho é única passagem nos textos em português sobre a estrada aberta por Matias Beck em 1649/50.
Muito boa esta postagem!