descobrimento. Foi introduzido por missionários que acompanharam os
exploradores e colonizadores portugueses desde os primórdios. Muitas cidades do
interior surgiram a partir de aglomerados que cresceram em torno de uma capela.
A Igreja católica fez-se presente no Ceará desde as primeiras
tentativas de conquistas da terra. A colonização portuguesa era legitimada pelo
Papa e estava ligada a necessidade de expansão da fé católica. É sintomático
que uma das tentativas de conquista do território cearense tenha sido
encabeçada por dois jesuítas, Francisco Pinto e Luís Figueira, em 1607.
Em 1611, outro colonizador – Martim
Soares Moreno – trouxe consigo o padre Baltasar João Correia, erguendo ao lado
do forte de São Sebastião, na atual Barra do Ceará, uma pequena ermida de
taipa, dedicada a Nossa Senhora do Amparo. Sem muito êxito na sua missão, o
religioso retirou-se por volta de 1615.
Franciscanos e Jesuítas sempre marcaram
presença em terras cearenses, catequizando índios e mantendo estreita
convivência com fazendeiros e pessoas simples do campo. Não por coincidência, os templos mais antigos de Fortaleza
são todos de fé cristã. Alguns desses templos foram construídos por irmandades. No período colonial, as irmandades religiosas
tinham uma grande influência na vida da população. Tendo origem nas confrarias
da Europa medieval, consistiam em associações religiosas de leigos, cujo
propósito era cultuar um santo através de procissões, festas, construção de
templos, prática de caridade.
Estas são primeiras igreja de Fortaleza, que já foram fundadas nos mesmos locais onde se encontram até os dias atuais. Algumas foram reconstruídas com características totalmente diferentes dos modelos originais, como as Igrejas do Coração de Jesus e a de São José (Catedral Metropolitana); a maioria, no entanto, sofreram poucas modificações em relação a construção original.
1730
A Igreja do Rosário foi construída pelos negros da Irmandade
de Nossa Senhora dos Pretos, em uma época em que havia separação de raças e
classes sociais em templos religiosos. Era uma pequena capela de taipa e palha,
erguida com donativos ofertados pelos fiéis, num arrabalde da vila, que muitos
anos mais tarde se tornaria a atual Praça General Tibúrcio.
Em 1753, a capela foi reconstruída com pedra e cal, porque
ameaçava desabar. A capela mor ficou pronta em 1755. No período de 1821 a 1854,
Igreja do Rosário serviu de matriz enquanto a Catedral Metropolitana passava
por reformas. Construído em estilo barroco, é o mais antigo templo de Fortaleza,
tombada pelo Estado em 1983. Fica na Rua do Rosário, s/n, Praça General Tibúrcio, Centro.
A construção da primeira capela mor de Fortaleza foi decidida
em fevereiro de 1699, mas a autorização só ocorreu por Ordem Régia de 12 de
fevereiro de 1746. Concluída em 1795, a igreja foi demolida em 1820, quando foi
vistoriada e encontradas diversas rachaduras no arco, ficando resolvida sua
demolição para a construção de um novo templo.
As peças sacras foram transferidas para a Igreja do Rosário,
e só retornariam no dia da bênção da nova matriz, no dia 2 de abril de 1854,
que recebeu o nome de Igreja de São José. A Igreja foi elevada à Catedral
quando houve o desmembramento da Diocese de Pernambuco e foi criada a do Ceará.
Em 1938 novamente sob a alegação de que estava prestes a
ruir, esta também foi demolida e a pedra fundamental da atual catedral foi
lançada em 15 de agosto de 1939, à época do arcebispado de Dom Manuel da Silva
Gomes.
A construção da nova catedral demorou mais do que o esperado,
em razão do início da Segunda Guerra, e da ocorrência das grandes secas, cujo
socorro aos flagelados era sempre prioridade e demandava grande volume de
recursos. Finalmente foi inaugurada no dia 22 de dezembro de 1978, tendo o
padre Tito Guedes à frente de suas obras e como Arcebispo Metropolitano, Dom
Aloísio Lorscheider. Localizada na Praça da Sé, s/n.
Consta que em 26 de outubro de 1839, Antônio Joaquim Batista
de Castro, morador no Outeiro da Prainha, requereu uma licença à Câmara
Municipal, para que ele e outras pessoas pudessem construir uma capela de
invocação a Nossa senhora da Conceição.
A licença foi concedida no dia 30 do mesmo mês.
Os fiéis resolveram
então, organizar uma irmandade e escolher o lugar onde seria edificado o
templo. Concordaram que o local seria sobre a colina fronteira à praia, ficando
a capela de frente para o oriente. A planta do novo templo foi de autoria do
arquiteto José Antônio Seifert.
A primeira missa foi celebrada no dia 8 de
dezembro de 1841. Atrás da igreja havia o Cemitério da Prainha, que funcionou
entre 1811 e 1847. A igreja foi utilizada pelo seminário durante o tempo em que
funcionou no local, passou por ampliação e serviu aos ofícios realizados pelos
padres e seminaristas.
A igreja da Prainha fica na confluência das avenidas D.
Manuel e Monsenhor Tabosa, junto à Praça do Cristo Redentor, no antigo bairro
Outeiro da Prainha. O prédio é contíguo ao Seminário da Prainha e os dois
edifícios compõem um conjunto arquitetônico de interesse histórico e artístico
na cidade. Tombamento Estadual de 2006.
A pedra fundamental da Igreja do Patrocínio foi lançada em 02
de fevereiro de 1850, que ficaria pronta dois anos mais tarde. Em 1849 o cabo
da esquadra Fortunato José da Rocha disparou um tiro contra o Capitão
Jacarandá, mas acertou o joelho do Alferes Luís de França Carvalho, que estava
ao lado do capitão. Vendo-se em risco de perder a vida, Luís de França fez voto
a Nossa Senhora do Patrocínio, que se escapasse, faria uma igreja em sua
devoção.
No ano seguinte, curado do ferimento, lançou a pedra
fundamental da igreja, ao norte da atual Praça José de Alencar). O oficial teve que deixar Fortaleza e os trabalhos de
construção passaram a ser muito lentos, apesar da ajuda de muitos fiéis que
apoiaram a ideia do militar. A planta do templo foi feita pelo mestre Antônio
de Rosa e Oliveira.
As obras iniciadas por França só foram concluídas devido aos
esforços do cônego João Paulo Barbosa, que contou com o auxílio de
particulares, das Assembleias Provinciais, da Sociedade Auxiliadora dos
Templos, e dos materiais que de ordem do governo lhe foram doados no período da
seca. Situada na Rua Guilherme Rocha, 536, Praça José de Alencar, Centro.
Em 1854 o Tenente Bernardo José de Melo construiu uma pequena
igreja de taipa em honra de Nossa Senhora do Bom Parto. No primeiro inverno,
com a força das chuvas que caíram, a capela foi ao chão. Graças ao seu
prestígio, o tenente Bernardo conseguiu um empréstimo do governo no valor de
Oitocentos Mil Réis, para ser pago em parcelas de cinquenta mil Réis por ano. Com
esse dinheiro construiu a atual Igreja de São Bernardo, a qual sofreu um único
acréscimo em relação a construção original: a sacristia, feita por Monsenhor
Quinderé, durante os 40 anos como Reitor da igreja.
Inicialmente o povo chamava a Igreja do Seu Bernardo, que com o tempo mudou de Seu para São. Ficou sendo
a Igreja de São Bernardo, embora a devoção maior fosse em louvor a Nossa
Senhora do Bom Parto. Para justificar o batismo da igreja o Tenente Bernardo
mandou vir da Espanha uma bela imagem de São Bernardo, que passou a ser o
titular da igreja.
A Igreja de São Bernardo conta com dois altares herdados da antiga Igreja da Sé,
demolida em 1938: o Altar de São José e o de N. S. do Bom Parto. Fica na esquina das ruas Senador Pompeu e
Pedro Pereira, no centro.
A Igreja de N. S. da Conceição, fundada em 1871, instituída
canonicamente em 1873, conforme provisão episcopal de D. Luís Antônio dos
Santos, primeiro bispo do Ceará. A igreja foi construída inicialmente pelos
jesuítas, que nesse mesmo local ergueram uma capela, em cuja base foi erigida a
igreja atual. Localizada na Rua Joaquim Bezerra, em Messejana.
A inauguração da Igreja de São Benedito ocorreu na manhã do
dia 8 de abril de 1885. Na tarde do
mesmo dia acontece a transladação das imagens de São Benedito, Santa Tereza de
Jesus, São Roque e São Caetano, da Igreja do Patrocínio para o novo templo. Era
uma igrejinha pequena, original, com quatro frentes para os quatro pontos
cardeais, com torre de madeira envidraçada, situada ao lado oriental do
Boulevard do Imperador.
No dia 27 de julho de 1938 foi instalado o Santuário da
Adoração Perpétua, na Igreja de São Benedito. Depois foi construída uma nova
igreja na Rua Clarindo de Queirós, que fica ao lado, e o antigo templo foi
transformado em uma livraria, e mais tarde, demolido.
Inaugurada em 25 de março de 1886, a construção da Igreja do
Sagrado Coração de Jesus foi uma iniciativa do casal José Francisco da Silva
Albano e Liberalina Angélica da Silva Albano (Barão e Baronesa de Aratanha),
com o apoio do bispo Dom Luís Antônio dos Santos. Ficou conhecida como Igreja
dos Albanos.
A grande seca de 1877-1879 deixou um grande número de
flagelados em Fortaleza, para aproveitar essa mão-de-obra e dar emprego a essa
gente é que foi construída a igreja, em frente a Lagoa do Garrote, no Parque da
liberdade (atual Cidade da Criança), no Morro do Pecado, onde já existia uma
capela em louvor a Nossa Senhora das Dores. O templo era simples, em linhas
neoclássicas e neogóticas, se assemelhava à Igreja do Carmo.
Em 1952, os engenheiros Luciano Pamplona e Valdir Diogo
aumentaram a altura da torre e colocaram um imenso relógio trazido de Roma na
fachada. Cinco anos depois, em 1957, a torre cedeu e soterrou a entrada da
igreja. Não houve vítimas. Ao invés de reconstruirem a igreja, pois apenas a
torre fora afetada, os capuchinhos optaram por derrubar toda a igreja para
construírem um templo maior, com rampas para subida dos carros, uma torre
vazada e uma grande cúpula sobre a nave principal. A nova igreja foi inaugurada em 1961. Localizada na Avenida Duque de Caxias,135, Centro.
A história da Igreja do Pequeno Grande está intimamente
ligada à história do Colégio da Imaculada Conceição. A pedra fundamental foi lançada em 1898, pelo
padre Chevalier, reitor do Seminário e capelão do Colégio da Imaculada. As obras, mal iniciadas, sofreram paralisação
no ano seguinte, sendo retomadas em 1898 até a sua conclusão em 1903, quando se
verificou a benção do templo.
Para que o templo ficasse concluído, a Irmã
Chambeaudrie doou à igreja uma herança de família. Por sua vez, os membros de
diversas associações – Filhas de Maria, Senhoras de Caridade e as próprias
freiras se dedicaram a missão de angariar recursos para a obra. Situada na Avenida Santos Dumont, 55, Centro.
A paróquia de Nossa Senhora do Carmo que domina a praça, foi
a quarta paróquia a ser criada em Fortaleza. Originalmente ali era a capela
de Nossa Senhora do Livramento, um pequeno templo erigido pela Irmandade
dos Pardos, administrada pela Paróquia do Patrocínio.
A capela se erguia em área distante do centro, cercada de
árvores, com uma lagoa nas proximidades. No início do século XX, foi decidida a construção de uma igreja em substituição à capela, que se encontrava em péssimas condições. Ainda na construção, a autoridade
diocesana permitiu que fosse mudada a invocação para Nossa Senhora do Carmo.
O templo foi inaugurado em 25 de março de 1906, com muita
solenidade, sendo o primeiro capelão monsenhor José Gurgel do Amaral. A imagem que ocupa o centro do altar-mor tem uma história de
desencontro: o Padre Dantas tinha encomendado a imagem de Nossa Senhora do
Carmo em Portugal. Quando a efígie da santa chegou a Fortaleza, ele foi avisado
de que deveria pagar os direitos alfandegários para que pudesse recebê-la, o
que ele não fez por esquecimento.
Então a imagem foi a leilão, tendo sido arrematada pelo Sr.
José Rossas, que procurado pelo padre negou-se a cedê-la por qualquer preço.
Dias depois José adoeceu gravemente, de paratifo, e fez uma promessa de entregar a imagem à Igreja caso ficasse curado. Alguns dias depois, mandou que sua esposa
procurasse o Pe. Dantas para entregar-lhe a imagem da Virgem Maria, sem
qualquer compensação. A Igreja do Carmo
fica na Avenida Duque de Caxias, s/n, Centro.
Eduardo. As Pouco Lembradas Igrejas Fortaleza: subsídio à história dos
templos católicos de Fortaleza. Fortaleza: Secretaria de Cultura e
Desporto, 1983.
DE MENEZES, Antonio. Descrição da Cidade de Fortaleza. Introdução e
notas de Raimundo Girão. Fortaleza: Edições UFC/Prefeitura Municipal de
fortaleza, 1992
Miguel Ângelo (NIREZ). Cronologia Ilustrada de Fortaleza. Roteiro para
um turismo histórico e cultural. Fortaleza: banco do Nordeste, 2001.
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Ja sou apaixonado por Fortaleza… com essa… Pronto! vou me casar!
HISTÓRIAS DA NOSSA CIDADE SÃO FASCINANTES.UM MERGULHO NO PASSADO.]
Parabéns pelo o blog, só uma dúvida e a Igreja de Parangaba ela é tombada pelo IPHAN?
Gosto muito da história da nossa cidade, sou evangélico, mais amo demais a história de todas as igrejas católica da nossa cidade.
São lindas de se ver.
Este blog é maravilhoso! Parabéns 👏🏼 fico triste em ver que os governantes do estado e do município nunca se interessaram em conservar nossa história e nem a população. Triste!
Desculpa aí irmão, a minha intromissão, mas como se explica essa sua situação: ama a história dos templos, gosta da igreja, mas escolhe congregar-se a uma seita, que na certa já sabe bem como foi fundada: discordar da Igreja dos Apóstolos de Cristo. Isso não é normal!