Na antiga Rua da Amélia, atual Senador Pompeu, lado da
sombra, no início do quarteirão entre as ruas Liberato Barroso (antiga das
trincheiras) e Pedro Pereira (antiga Rua São Bernardo), existiu até meados da
década de 1970, uma casa de porta e janela em varanda, em cuja parede frontal
estava uma placa de bronze que dizia que ali havia nascido o compositor e
maestro Alberto Nepomuceno.
na cidade de Fortaleza, Alberto Nepomuceno veio ao mundo no dia 6 de julho de
1864, filho do maestro Victor Augusto Nepomuceno e de Dona Maria Virgínia
Nepomuceno, também musicista, por influência do marido. Vivendo a infância e a primeira juventude em Recife, para
onde a família se mudou logo após o seu nascimento, Alberto Nepomuceno já ali
desfrutava de razoável prestigio, tanto que aos 18 anos, tendo morrido seu pai,
viu-se guindado à condição de diretor de concertos do Clube Carlos Gomes.
sobre o Rio Pajeú, a rua passou a se chamar Rua da Ponte, isto em 1856. Depois se
chamou Rua Alberto Nepomuceno, em 1889.
No ano seguinte, quando as ruas receberam números ela passou a ser a número 7,
voltando depois ao antigo nome.Na gestão do prefeito Ildefonso Albano, entre 1912 e 1914, a
avenida foi alargada e pavimentada com calçamento, passando a ser denominada
Avenida Alberto Nepomuceno. (arquivo Nirez)
Depois de algum tempo de trabalho na capital de Pernambuco,
nem sempre materialmente compensado, o
jovem músico retorna ao Ceará. Encontra Fortaleza vivendo o período inicial de
sua vida artístico-social, com a mocidade intelectual estimulada pela cultura e
comunicabilidade de Antônio Caio Prado, irmão do escritor Eduardo Prado, que
viera de São Paulo para governar a província do Ceará.
Em Fortaleza entregou-se
ao magistério musical, alimentando o desejo de enveredar por horizontes mais largos. Assim deixou o
convívio da mãe e de uma irmã, sem recomendações válidas e com recursos
escassos, e partiu para o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro foi aceito no Clube
Beethoven, como virtuoso, participando de concertos o lado de violinistas
famosos, como Artur Napoleão. Com a
ajuda financeira de alguns amigos bem situados na vida e donos de prestigio, o
compositor viajou para a Europa com o objetivo de estudar e se renovar
musicalmente. Antes de embarcar,contudo, Nepomuceno resolve empreender uma série
de concertos nas capitais do Norte, a pretexto de acumular recursos, e assim,
em 1887, dá vários recitais para a sociedade fortalezense, que então
frequentava assiduamente os salões do tradicional Clube Iracema, então agregado
a seu quadro social a uma outra entidade – o Clube dos Diários.
centro por excelência. Ali recebeu aulas de maestros famosos. Enquanto o
maestro estagiava em Roma, depois de proclamada a República no Brasil,
instituiu-se um concurso para o hino comemorativo ao evento. Nepomuceno
concorre, mesmo à distância, e fica com sua composição em segundo lugar, o que
lhe dá por prêmio uma pensão de 550 francos mensais durante quatro anos. Com o reforço no orçamento de bolsista pela pensão conseguida
com o segundo lugar, Nepomuceno passa para Zurique, onde estuda a língua alemã
e assiste grandes espetáculos musicais, tendo ali a honra de ver executadas
musicas de sua autoria. De Zurique vai para Berlim e entra para a Escola dos Mestres;
deixando a Alemanha vai para Paris, por conta do prolongamento por mais dois
anos de sua bolsa de estudos. Ali se dedica ao estudo de órgão, instrumento cuja
versatilidade muito o impressionava.
Brasil. Chegando ao Rio de Janeiro, em 1895, assume o lugar de professor de
órgão do Instituto Nacional de Música. Mas o que predominava em Nepomuceno era
o compositor. Assim, ao lado de suas atividades como professor e
instrumentalista, tão logo chegou ao Rio de Janeiro, deu início à produção da
sua mensagem renovadora. Sua preocupação era conseguir que o público
brasileiro, representado vagamente pelo da metrópole, deixasse o exagerado
gosto pela música estrangeira, e passasse a sentir, através da música erudita
que ele criava. Nepomuceno bem conhecia os maus hábitos e os preconceitos
europeus das chamadas elites artísticas, herança da corte portuguesa quando
predominava no Rio de Janeiro. Assim, cônscio da batalha que teria pela frente,
defende a tese de que os compositores eruditos brasileiros deveriam buscar para
suas peças, motivos nacionais, ou seja, irem diretamente às raízes folclóricas
brasileiras.
Pelo conjunto da obra Alberto Nepomuceno é
considerado o primeiro grande músico brasileiro a explorar e utilizar
conscientemente o nosso folclore, não apenas na música instrumental, mas também
no tocante à música de canto.
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