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Imagem+%252830%2529 A Ocupação Holandesa no Ceará
os fortes foram construídos para vigiar o oceano e defender o local de invasores estrangeiros

Entre 1630 e 1654 os holandeses dominaram o Nordeste. 
Seus objetivos, formulados pela Companhia das Índias Ocidentais eram, sobretudo, de controlar a região produtora de cana-de-açúcar, além de, explorar a terra em busca de outras riquezas. 
Assim, após fracassarem  na conquista da Bahia (1624-25), dominarem Pernambuco (1630), estenderam seus domínio para outras capitanias como Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. 
A ocupação do Ceará pelos flamengos visava igualmente ao estabelecimento de um posto de apoio logístico para conquista do Maranhão (que também despertava interesse dos holandeses), bem como a manutenção da capitania de Pernambuco, à medida que se afastavam cada vez mais os portugueses dos centros produtores de açúcar. 
Havia, ainda, interesses na extração de produtos minerais, principalmente sais, âmbar e especialmente prata, que supunham, fosse abundante no Ceará. 


mucuripe A Ocupação Holandesa no Ceará
enseada do Mucuripe, local de desembarque dos holandeses

Em outubro de 1637, 126 homens, comandados  por George Gartsman desembarcaram no Mucuripe, dirigindo-se para o forte do Siará em companhia de diversos índios, em plena animosidade com brancos portugueses.  
Os indígenas buscaram essa aliança com os holandeses como uma tática, para manterem suas terras, e se livrarem das opressões impostas pelos lusitanos. O forte português ocupado por apenas 33 soldados sob as ordens de Bartolomeu Brito, logo caiu, ante a força do ataque dos holandeses. 
Estava desfeito o império luso no Ceará, ainda que temporariamente.  
No forte conquistado, ficaram 45 homens liderados por Hendrick Van Ham, enquanto Gartsman conduzia os portugueses prisioneiros para o Rio Grande do Norte. Posteriormente, em 1640, o comando do forte passou para Gedeon Morris de Jorge, um dos grandes estrategistas da ocupação holandesa no Ceará. 


barra1 A Ocupação Holandesa no Ceará
Barra do Ceará, local da construção do Forte de São Sebastião

Os holandeses, no entanto, logo perceberam a inexistência de atrativos econômicos na terra, ainda que tenham explorado áreas salineiras – usando mão-de-obra indígena escrava.  A reação indígena foi contundente diante dos maus tratos: em 1644 invadiram e destruíram o Forte de São Sebastião, trucidando todos os holandeses.
 Cinco anos depois os holandeses retornaram ao Ceará, agora sob o comando de Matias Beck. Essa segunda invasão ocorreu num momento de decadência  do domínio flamengo no Nordeste, verificando-se mesmo em Pernambuco, violenta insurreição. 
Portanto, necessitando de recursos, trataram de reconquistar o Ceará, novamente em busca das ricas minas de prata.
Matias Beck buscou uma reconciliação com os indígenas, dando-lhes muitos presentes. Mandou erguer na Colina Marajaitiba, às margens do Riacho Pajeú o Forte de Shoonenborch, cujo nome era uma homenagem ao governador do Brasil-Holandês. 
Os holandeses passaram os cinco anos seguintes procurando minérios em terras cearenses – em Itarema, na Ibiapaba e em Maranguape, mas não obtiveram sucesso com essa empreitada. 
Com a seca de 1651-54 e, principalmente, com a rendição holandesa em Pernambuco, o forte cearense ficou quase esquecido.  Os índios locais, incitados por nativos fugidos de Pernambuco, passaram a se indispor com os holandeses e a não mais aceitar a presença de qualquer branco na terra. 


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Mapa de Matias Beck “Planta do Forte Schoonenborch da Bahia de Mucuriba e do Monte Itarema, situados no Ceará, aos 28 de abril de 1649. (arquivo Nirez) 

Por esse motivo, chegaram a matar alguns soldados e a sitiar o Forte Schoonenborch.  Finalmente, conforme o acordo de rendição entre flamengos e lusitanos, em 1° de junho de 1654, Matias Beck e seus soldados deixaram pacificamente o Ceará.  
Ao mesmo tempo os portugueses, através de um novo capitão-mor, Álvaro de Azevedo Barreto, retomaram a colonização, começando por mudar o nome do forte para Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.
Em 1656, o Ceará foi desligado do Estado do Maranhão, ao qual estivera sujeito desde 1621 e passou a ser subordinado a Pernambuco, situação que se manteria por 143 anos, até 1799, quando a capitania ganhou autonomia.  
fonte:
História do Ceará, de Airton de Farias
Geografia Estética de Fortaleza, de Raimundo Girão

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0 comentário

  1. Em minha família tem pessoas brancos dos olhos azuis e cabelos louros e lisos, hoje eu entendo o porque, fiz uma pesquisa dos meus Ancestrais e descubro que sou dependência de holandês

  2. Muito bom saber do meu Ceará
    Tenho até hoje ódio porque sou Mangueira(Escola de samba) mais Rosa Magalhães Carnavalesca da Portela em 2018 disse que apenas PERNAMBUCO foi invadido pelos Holandeses e ela nem se quer falou do CEARÁ então por isso que tenho ódio até hoje

  3. minha familia tanto do lado paterno como materno sao do Ceara.eu tinha muita vontade de ir la .princioalmente em sao Luis do Curú.onde moravam a Familia da minha mae.eu nasci no Maranhao hoje moro no Pará.

  4. Sou Paulista e meu avô era Ceararense descendente de Holandês.Sofria muito com o calor devido a pele muito branca
    Saudades dos meus avós.Parabéns pela reportagem !

  5. Adoro o Ceará, sua beleza, seu povo, mas essa versão de cearense descendente de holandês não se sustenta.
    Senão vejamos: o Ceará nunca foi atrativo econômico no Brasil colônia. Não existia água e portanto, a exploração do solo não existia e não existe até hoje. O subsolo é paupérrimo em minerais. Fortaleza nunca passou de ponto de apoio logístico para os holandeses que se dirigiam ao Maranhão, vindos de Pernanbuco. O período de ocupação dos fortes em Fortaleza foi de 12 anos ( 1637-1644 e 1649-1654) e se resumia a algo em torno de 45 homens sitiados em aplicadas para não serem trucidados pelos índios ( em 1644 todos foram trucidados).
    45, 50,60 homens sitiados em 12 anos mudaram a genetica de um povo ? É só observar o biótipo do meu povo !
    Ou seja, não convence essa estória de cearense descendente de holandês. Trata-se, na verdade, da folclórica tentativa de "branqueamento" que desde tempos idos domina o discurso de alguns cearenses, infelizmente.
    Com exceção do PI, TODOS OS ESTADOS DO NORDESTE E O PARÁ em algum momento tiveram a presença de holandeses. O discurso dos " olhos verdes" só existe no CE e PE( esses até com um pouco de fundamento )

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