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josedosreiscarvalho+007 A Instalação de Vilas no Ceará
vista da cidade de Icó, por volta de 1860

Entre o Século XVIII e início do Século XIX foram criadas diversas vilas na capitania do Siará. Constituíram-se também instrumentos de defesa dos latifundiários, que compunham o grupo dominante local.

Em 1736, o povoado de Icó, arraial de maior movimentação no interior, foi alçado á condição de Vila, a primeira dos sertões, evidenciando sua condição de um dos principais núcleos populacionais da província. 

vila-ico2 A Instalação de Vilas no Ceará
Cidade de Icó, data não especificada (IBGE) 

Em 1851, foi a vez do povoado de Telha (atual Iguatu), que foi desmembrado de Icó e passou a constituir-se um município autônomo. No século XX, em razão de sua expressão agrícola e por haver se tornado terminal da Estrada de Ferro Baturité, Iguatu superou Icó como centro urbano de maior destaque do Alto e Médio Jaguaribe. 

vilas-iguatu A Instalação de Vilas no Ceará
A estação de Iguatu foi inaugurada em 1910 numa cidade original do início do século XIX – Vila da Telha – e que adotou o nome de Iguatu em 1883.


Aracati foi elevada à vila em 1748, constituindo-se o principal núcleo urbano do Ceará até meados do século XIX, quando foi superada por Fortaleza.

No ano de 1789 foi criada a Vila de Campo Maior de Quixeramobim. Também foram instaladas as Vilas de Sobral (1773), Granja (1793), São Bernardo das Russas, São João do Príncipe (Tauá), em 1801. 

vila-sobral A Instalação de Vilas no Ceará
Município de Sobral, data não especificada. (IBGE)

Em 1814 surgia a vila de Santo Antônio do Jardim e em 1816, a Vila de São Vicente das Lavras da Mangabeira.  Tais vilas eram chamadas nos documentos coloniais de vilas de brancos, em oposição às vilas de índios.

A explicação para a criação de tantas vilas numa região até então periférica para os interesses metropolitanos, é que na segunda metade do século XVIII, passou a haver uma reestruturação administrativa do Brasil, com o objetivo de atender os novos anseios econômicos e políticos de Portugal. Assim, o Ceará passou a receber maior atenção da Coroa Portuguesa, daí a criação de vilas.

Naquela ocasião houve ainda uma expansão da economia da capitania, com a produção e comércio de charque, couro e, mais tarde, o algodão. A análise da localização geográfica das vilas de brancos (exceto Fortaleza e Aquiraz) mostra que elas estavam situadas em pontos estratégicos para a produção, reprodução e circulação das atividades econômicas – no cruzamento das estradas sertanejas – nos locais de boa pastagem, e na foz dos principais rios do Ceará, como o Jaguaribe e seus afluentes, o Acaraú e o Coreaú. 

A criação das vilas também estava relacionada à preocupação em aplicar a justiça e do controle social das populações, na medida em que tais vilas serviriam para as autoridades policiarem as populações e administrarem as áreas próximas.

vila-russas A Instalação de Vilas no Ceará
caminhão de transporte de passageiros de Russas para Fortaleza (IBGE)

As vilas também visavam ao aumento da produção agrícola, pois caberia aos administradores reunir e vigiar os desocupados e vadios, obrigando-os a trabalhar e produzir, o que pode ser vinculado à necessidade de produzir alimentos para o mercado interno e, sobretudo, à demanda externa por algodão, em virtude da Revolução Industrial.

Tais preocupações ficam evidentes, por exemplo, quando o ouvidor da capitania Manuel Magalhães Pinto e Avelar, enviou carta à rainha D. Maria I relatando que as vilas deveriam desenvolver projetos para integrar os homens, tornando-os úteis à sociedade. O capitão-mor Luís da Mota Feo e Torres (1789-99) baixou uma norma em 1789 para a Região dos Inhamuns, determinando que os proprietários rurais não mantivessem em suas fazendas, agregados que fossem criminosos ou desertores, devendo entrega-los aos juízes ordinários ou encaminhá-los a cadeia mais próxima.

vila-jaguaribe A Instalação de Vilas no Ceará
trecho do Rio Jaguaribe (IBGE)

A Ordem Régia de 22 de julho de 1766 dava poderes para a criação de vilas e obrigava que fossem distribuídos os vagabundos e ladrões nos povoados existentes  com 50 fogos (casas) para cima, repartindo-lhes com justas proporções as terras adjacentes. Foi tal Ordem Régia que fundamentou a criação de várias vilas cearenses.

pesquisa:
História do Ceará, de Aírton de Farias
http://www.estacoesferroviarias.com.br

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