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Em 1860 teve início em Fortaleza a primeira tentativa de
construção do porto de Fortaleza. Não se sabe com exatidão qual o local
escolhido, mas a Praia do Meireles – naquele tempo deserta e muito extensa, sem
as subdivisões, no trecho fronteiriço ao ideal Clube – é uma possibilidade, devido
a existência de um antigo espigão. 

rua+do+seminario A Cidade em Construção - 1860-1880
 Seminário da Prainha em 1905

Quatro anos depois se instalou o Seminário da Prainha, por
iniciativa de Dom Luis, primeiro bispo do Ceará, assim como o Colégio da
Imaculada Conceição e a Escola de Aprendizes Marinheiros , nenhum deles onde
atualmente se acham, mas a segunda em prédio então existente no lugar em que
foi construída  mais tarde a Secretaria
da Fazenda do Estado, enquanto o primeiro se instalou em sobrado da então Rua
Formosa, esquina noroeste com a rua Guilherme Rocha.

rua+barao+do+rio+branco+com+gui+rocha+decada+de+1910 A Cidade em Construção - 1860-1880
 Rua Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha em 1910, com lampiões de gás que não eram acesos em noites de luar. 

O ano de 1887 assinalou a substituição do óleo de peixe pelo
gás carbônico na iluminação pública da cidade. É digno de nota o costume de não
serem acesos os combustores nos dias de lua cheia, hábito que se prolongou até
1935, quando teve fim esse tipo de iluminação pública. 

assembleialegislativa A Cidade em Construção - 1860-1880
 Prédio da Assembleia Provincial

Em 1871 se deu a inauguração do novo prédio da Assembleia,
para cuja construção foi necessário derrubar vários casebres, conhecidos como “quartos
da Agostinha”. Dois anos depois, em 1873, corria o primeiro trem, cujos trilhos
passavam pela atual Avenida Tristão Gonçalves, motivo pelo qual essa artéria e
mais larga em relação às do perímetro central da cidade e era conhecida como
Rua do Trilho, depois de ser chamada de Rua da Lagoinha. Na praça desse último
nome, que depois se chamou Comendador Teodorico e hoje é chamada de Capistrano
de Abreu , havia uma caixa d’água para o abastecimento dos trens. Mas adiante,
na esquina da Rua Pedro Pereira com a atual Avenida Tristão Gonçalves, havia
uma calçada alta, denominada Parada do Chico Manuel, usada por passageiros que
vinham de Maranguape, ou para lá se dirigiam. 

av+trist%C3%A3o+gon%C3%A7alves+antiga+rua+do+trilho+de+ferro A Cidade em Construção - 1860-1880
Antiga Rua do Trilho, atual Avenida Tristão Gonçalves

O ano de 1875 é assinalado pela elaboração de outro plano
Diretor da cidade, da autoria de Adolfo Herbster. Vê-se pela planta respectiva
que a cidade já se dilatara e, de sua análise, se conhece outra realidade da
história de nossa capital – não existe uma Fortaleza, mas pelo menos duas, pois
o trabalho de Adolfo Herbster disciplinou a parte situada à margem direita do Pajeú,
quase sem levar em consideração o que havia sido feito nos terrenos da outra
margem, criando-se assim sérios problemas futuros, especialmente o da ligação
do Outeiro e, menos remotamente, da Aldeota com a parte antiga da cidade, sendo
por isso, sendo por isso necessário rasgar e prolongar ruas interligando-as
como, por exemplo, a Senador Alencar e a Costa Barros, para que o tráfego se
tornasse mais fácil.

pra%C3%A7a+carolina+com+o+cafe+fenix A Cidade em Construção - 1860-1880
  Antiga Praça Carolina atual Praça Waldemar Falcão, de onde inicialmente, partia a linha de bondes de burros

Em 1880 inaugurou-se a linha de bonde de burro, que partia
da Praça da Assembleia, também chamada de Carolina, e posteriormente José de
Alencar e Capistrano de Abreu. Essa linha alcançava o bairro onde atualmente se
ergue a Igreja de Nossa Senhora das Dores, hoje denominado Farias Brito.

passeio+p%C3%BAblico+1908 A Cidade em Construção - 1860-1880
 Passeio Público – Avenida Caio Prado, em 1908

Para a vida social da cidade, o ano de 1880 foi de grande
importância, porque então se deu a inauguração do 1° Plano do Passeio Público.
Mas tarde seriam inauguradas mais duas alamedas, conhecidas como avenidas.
Caio Prado, olhando para o mar; a do centro, denominada Carapinima, fronteiriça
à porta principal da Santa Casa; e a Mororó, mais próxima do calçamento da Rua
João Moreira.  Nelas se observava uma
separação voluntária das classes sociais: numa alameda, a grã-finagem; na
outra, a classe média; e na terceira as domésticas. Carlos Câmara, na burleta “Casamento
da Peraldiana” descreve todos esses aspectos do Passeio Público de então.

Extraído do
livro de Mozart Soriano Aderaldo

História
Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada

fotos do Arquivo Nirez

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mfgprodema@yahoo.com.br

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