quarta-feira, 27 de março de 2013

Os Saraus Literários e Musicais

Rua Major Facundo, fins do século XIX/início do século XX (arquivo Nirez)

No século XIX não havia sábado sem sarau em Fortaleza. O pequeno mundo social se reunia em cada semana numa casa, ocasião em que se declamavam versos, cantavam ao piano ou ao violão. Nessas reuniões familiares nasciam os casamentos, os negócios, as nomeações políticas. 
Em A Normalista, Adolfo Caminha cita as reuniões noturnas de amigos para o jogo de víspora, o licor de jenipapo e a atualização dos mexericos políticos e amorosos.

 Casa do Barão de Ibiapaba, na esquina das ruas Major Facundo com Senador Alencar (arquivo Nirez) 

Gustavo Barroso, em Coração de Menino, fala do Barão de Ibiapaba - Joaquim da Cunha Freire - que recebia, sábado sim, sábado não, a sociedade fortalezense em seu palacete, que ficava na esquina das ruas Major Facundo e Senador Alencar. O Barão era homem de grande fortuna e de muita influência política no tempo do império, e apesar da fama de sovina, dava recepções com músicas, danças, e certamente, alguns comes e bebes.
Na casa de João Lopes, diretor do Jornal O Libertador, que ficava na Rua Floriano Peixoto esquina com Pedro Pereira, funcionava uma reunião de jovens intelectuais, como Farias Brito, Justiniano de Serpa, José Carlos Ribeiro Junior, Antônio Dias Martins, Oliveira Paiva, Antônio Bezerra, Martinho Rodrigues, José Olímpio e Antônio Sales. A casa era pequena, mas Dona Menininha, a esposa de João Lopes, sempre tinha um refresco ou um aluá com biscoito para servir aos frequentadores.

 Gramofone antigo (foto do site Mercado Livre)

Em 1914, o comerciante José Praxerdes Viana, adquiriu um gramofone, estranha geringonça mecânica que reproduzia músicas gravadas, o primeiro que Fortaleza conheceu. A novidade abalou a cidade e logo se constituiu uma sociedade de amigos para, aos sábados, participar da privilegiada audiência musical na casa de Praxerdes. 
O costume das audições musicais e literárias, atravessou gerações, e a ilustrada confraria musical se perpetuou através dos filhos e netos de seus fundadores.  Com o avanço da tecnologia os aparelhos de som foram sendo substituídos, mas o apurado gosto musical permaneceu.

 Casa de Juvenal Galeno na Rua General Sampaio em foto antiga.

No início do século XX, por volta de 1916, as irmãs Henrique e Julinha Galeno, filhas de Juvenal Galeno, começaram a promover serões literárias e musicais na casa do velho poeta, à Rua General Sampaio, centro de Fortaleza. A partir de 1936, o festejado salão da família Galeno passaria a se chamar Casa  Juvenal Galeno, acentuando o trabalho de divulgação dos valores artísticos e culturais do Ceará e promovendo congraçamento de poetas e literatas.  O Salão Juvenal Galeno foi visitado por muitas figuras de renome nacional da política, das artes e da literatura.


extraído do livro de Juarez Leitão
Sábado, Estação de Viver 

Um comentário:

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